Coluna Esplanada

Arquivo : eduardo cunha

Cunha x Chinaglia, e o Petrolão na Câmara
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Leandro Mazzini

O caminho do Poder na Câmara passou por Minas Gerais nos últimos dias.

Candidato do Palácio do Planalto à Presidência da Câmara dos Deputados, o petista Arlindo Chinaglia (SP), que já ocupou o cargo, almoçou ontem com bancada suprapartidária de 15 parlamentares em Belo Horizonte. Repetiu assim o roteiro feito pelo rival Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que passou pela capital mineira na quinta e sexta-feira em encontros similares. Ambos foram pedir bênçãos da forte – e esquecida pelo governo federal – bancada de Minas Gerais para a disputa do dia 1º de fevereiro.

Mais que a rota traçada pelos adversários, a polaridade Cunha x Chinaglia traz à tona uma disputa até então velada ano passado: a ala independente do ‘aliado’ PMDB, junto à oposição, versus PT e a base governista.

Corre por fora o mineiro Júlio Delgado (PSB), como terceira via, e apoiado por descontentes não ligados a Cunha e Chinaglia, ou ao grupo oposição x governo (não se pode desconsiderar Delgado. Todos se lembram no que deu essa disputa de base x oposição de poucos anos atrás que trouxe da noite para o dia, do submundo da Câmara, a figura de Severino Cavalcanti sentado na principal cadeira da Casa. Obviamente, cenários e personagens não se repetem; Delgado não tem qualquer similaridade com o perfil do ex-deputado pernambucano apeado do cargo).

Cunha mostrou poder na quinta e sexta, em jantar e almoço, paparicado também por base suprapartidária. Mas Chinaglia, mais prestígio ainda, e mostrou ontem que surge como forte adversário do deputado carioca que já se gabava da eleição fácil. Ninguém menos que o governador Fernando Pimentel deixou o gabinete e juntou-se ao séquito num restaurante de BH para ouvir as propostas de Chinaglia.

No pano de fundo, não apenas tornou-se uma disputa entre oposição & ala da base descontente x base governista, mas em especial o debate norteia os rumos de como a Casa vai tratar o Petrolão.

A lista de parlamentares propinados do doleiro Alberto Youssef será revelada em breve pela PGR, e sabe-se que muitos são os envolvidos na Câmara, inclusive os com mandato renovado. Cunha propôs uma versão 2.0 da CPI do Petrolão especial na Casa, e já fala no linha-dura Jair Bolsonaro (PP-RJ) como relator. A turma aplaudiu.

Ontem, Chinaglia disse que não tem medo de CPI, mas deixou entrelinhas que atuará junto com o Planalto para barrar a investigação, ou controlá-la, para que o óleo sujo a propina jogado na Casa não escorra para o piso do terceiro andar do Palácio do Planalto do outro lado da avenida.

Enfim, Cunha x Chinaglia tornou-se também uma disputa de prós e contra a CPI do Petrolão e suas consequências.


Jantar com bancada evangélica sela apoio a Eduardo Cunha
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Leandro Mazzini

cunha

Cunha, ao centro, de gravata vinho, com aliados

Aos poucos, em ofensivas diárias com agenda suprapartidária, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), vai consolidando o seu nome na disputa para a Presidência da Casa na disputa de fevereiro de 2015.

Cunha foi recebido em jantar da bancada evangélica num restaurante do hotel Meliá, em Brasília, na noite desta quarta-feira (26).

A operação para se alçar ao cargo mais importante da Câmara pode levar Cunha, se eleito, a ocupar o terceiro cargo mais importante da República – uma vez na cadeia, além de comandar a pauta de projetos em votação, é ele quem poderá ocupar o cargo de presidente da República esporadicamente na ausência da presidente Dilma e do vice Michel Temer do País.


Por votos, Cunha atua para afagar bancada evangélica
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Leandro Mazzini

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, fará nova tentativa de conquistar votos que possam alçá-lo à Presidência da Casa em fevereiro.

Ele prometeu ontem a aliados levar à reunião de líderes nesta terça à tarde o pedido de urgência na votação do PL 1057, do deputado Henrique Afonso (PV-AC).

O projeto fecha o cerco à FUNAI e cobra à entidade posições firmes contra o infanticídio e violência contra mulheres em aldeias indígenas – uma demanda antiga da bancada evangélica, que conta com mais de 70 deputados, da qual o líder faz parte.

Os índios são inimputáveis e os relatos de violência em várias etnias incomodam os parlamentares. ‘Isso é um absurdo’, disse Cunha ao receber relatos.

NEUTRALIDADE

Atualmente, a FUNAI informa que não pode interferir em casos de abuso sexual, pedofilia, maus tratos, estupro, infanticídio, etc porque ‘é a cultura dos índios’.

Há relatos de maus tratos contra os nativos idosos e de casos seguidos de infanticídio – o cacique, por motivações espirituais, decide se o recém-nascido deve viver ou não – e

O abuso sexual de adolescentes é o caso mais corriqueiro, em várias etnias. Há aldeias em que a menina é estuprada por vários homens quando menstrua pela primeira vez.

Em Brasília há 16 crianças de diferentes etnias protegidas pela entidade Atini – Voz pela Vida. Elas seriam assassinadas ou abusadas sexualmente em suas aldeias. Fugiram ou foram salvas por servidores da FUNAI.

CACIQUE QUATRO RODAS

Esse PL sobre a cultura indígena remete a caso tragicômico revelado pela Coluna em setembro de 2013.

Um cacique, cujo filho foi assassinado por um funcionário da FUNAI (também índio), perdeu a mulher, que morreu de desgosto. Ele escreveu carta para a FUNAI dizendo que só uma coisa o salvaria também da morte por depressão e o deixaria feliz: queria ganhar uma Hilux 4×4 zero km, para ajudar a sua aldeia.

A PF e o MPF investigam o caso.


Bolsonaro desiste de Direitos Humanos e disputará comando da Câmara
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Leandro Mazzini

Bolsonaro - menos polêmica em 2015. Foto: EBC

Bolsonaro – menos polêmica em 2015. Foto: EBC

Menos uma polêmica na Câmara dos Deputados.

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) estudava se lançar a presidente da.. Comissão de Direitos Humanos, onde os homossexuais e entidades GLBT lutam por seus direitos e de minorias.

Seria um Pastor Feliciano 2.0, e turbinado, pelas já conhecidas convicções do militar carioca.

Bolsonaro decidiu se lançar candidato avulso a presidente da Câmara Federal em dezembro. Como é da bancada do Rio e um aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o favorito em escancarada campanha, é pule de dez a decisão ser um trato da dupla para ‘roubar’ votos do futuro candidato do PT.

A Coluna tenta contato com o deputado, que viajou para o Rio nesta tarde.

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Eduardo Cunha ganha apoio do G-10 nanico na Câmara
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Leandro Mazzini

É grande e real a preocupação da presidente Dilma Rousseff com a ascensão do nome do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como potencial candidato a presidente da Câmara em fevereiro.

Cunha é tido como um peemedebista independente – e em claro confronto com o Planalto em alguns temas. Ele tem trabalhado, e com excelente retorno, nos bastidores.

Há dias o líder do PMDB reuniu 24 deputados de 10 partidos ‘nanicos’ – já chamado de G-10 após o encontro. Cunha conseguiu o voto do bloco, e em contrapartida prometeu atuar contra a regulação da imprensa e contra qualquer tentativa de lei a favor do aborto.

Participaram da reunião deputados do PSL (1), PTC (2), PTN (4), PMN (3), PTdoB (1), PHS (5), PRP (3), PSDC (2), PEN (2) e PRTB (1). A reunião foi a pedido de Eduardo Cunha em território neutro, na última quarta-feira, na liderança do PTB na Câmara. A maioria era da bancada cristã e conservadora.

Além do acordo fechado, os deputados ainda se comprometeram a serem cabos-eleitorais de Cunha e atuarem para converter votos de eleitores de eventual candidato do PT.


Dilma terá de negociar com Eduardo Cunha
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Leandro Mazzini

cunha

Foto: ABr

A presidente Dilma mais uma vez, a exemplo de antecessores – como Lula e Fernando Henrique – se vê diante do maior desafio depois da eleição: controlar o PMDB, que vai colocar ‘a faca’ em seu pescoço por mais espaço no governo.

Em especial agora que o partido vai capitalizar a vitória como principal aliado.

Mas Dilma terá, principalmente, que negociar com o deputado federal reeleito Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que manda muito no partido. Cunha tem ampla articulação e até comanda uma bancada suprapartidária. Aliados e até desafetos indicam ser um grupo de 200 parlamentares.

Cunha é potencial candidato à presidência da Câmara dos Deputados em 2015. Conheça um pouco mais de Cunha e seu poder aqui


PMDB: O quartel e os três bombeiros
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Leandro Mazzini

alves

Henrique Alves e Temer. Juntos a Eduardo Cunha, formam o trio que manda, e muito, hoje no PMDB. Foto: bahianapolitica.com.br

Não foi ego e medo de perder o Poder que fizeram o vice-presidente da República, Michel Temer, reassumir o comando do PMDB.

Em alguns Estados há iminente rebelião contra o PT – mesmo com palanques aliados ou separados – o que coloca em risco a reeleição da presidente Dilma Rousseff e, consequentemente, a permanência do grupo de Temer no Poder federal.

Temer reuniu-se ontem em Brasília com o deputado federal Eduardo Cunha (RJ) e o candidato ao governo do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves (RN), dois dos líderes partidários, para evitar incêndios que possam chamuscar o palanque nacional da presidente Dilma e enfraquecer sua candidatura.

BALANÇA

O racha do PMDB – entre Dilma e Aécio – motiva as preocupações. Rio de Janeiro, Pará, Paraná e Maranhão são alguns casos avaliados.

CORINGA

A despeito de Dilma dele não gostar, não será surpresa se Eduardo Cunha surgir como o presidente do PMDB daqui a dois anos. Primeiro, disputará a presidência da Câmara.

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ALIADO É ISSO AÍ!

Dilma não precisa de opositor no Paraná. O PT atua nisso. Um candidato a deputado federal, Ivo Pugnaloni, desancou o governo em carta sobre crise no setor elétrico.

NA TERRA DE CAMPOS.. 

Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) vai dando o troco em Aécio Neves (PSDB) – que o deixou sem palanque em Minas ao fazer do prefeito socialista de BH aliado dos tucanos. No Recife, Aécio perdeu o apoio de praticamente todos os tucanos de peso: a maioria, inclusive deputados federais e estaduais, desembarcou de vez na campanha de Paulo Câmara (PSB), o candidato de Campos ao Palácio das Princesas.

…QUEM MANDA É ELE

Os tucanos mal citam Aécio para presidente da República. E os materiais de campanha do PSDB o tucano presidenciável não aparece. Tudo parece trato de compensação entre Campos com Aécio pelos dois Estados, mas não é. É rivalidade mesmo.

DANÇOU, POR ORA

Denilson Teixeira (PV-MG), empresário de Arcos, se mudou para Brasília e ainda levou a mãe, crente que se tornaria deputado federal. Quarto suplente na eleição de 2010, viu o cargo cair em seu colo pela indisponibilidade dos outros suplentes. É que o eleito, Antônio Roberto, se aposentou, mas a vaga caiu para o PDT – que estava na coligação.

TREM MINEIRO

Primeiro, assumiu Mario Heringer, e agora o Subtenente Gonzaga, ambos do PDT. O PV entrou no STF contra a decisão da Câmara. O Ministro Marco Aurélio decidiu, em liminar, que a vaga é do PV, mas nada andou desde a Copa e o recesso parlamentar. Mas agora a Casa quer ‘ouvir’ o deputado pedetista antes…

SÓ NO APERTO

Prova de que as leis no Brasil – e os políticos – só funcionam no aperto. Só às vésperas da visita do presidente chinês Xi Jinping semana passada, o Senado aprovou em plenário o Acordo de Extradição Brasil-China, assinado em… 2004 pelos dois países.

PONTO FINAL 

Um ano depois, o Gigante adormeceu. Ou apagou de vez.


Bancada evangélica cerca ministro e quer sustar portaria sobre aborto
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Leandro Mazzini

 

chioro

Chioro – A portaria sobre aborto no SUS infernizou sua vida com a católicos e evangélicos do Congresso

Mais um episódio do embate entre o deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB, e a presidente Dilma Rousseff. Evangélico, Cunha liderou rebelião da bancada cristã e apresentou o Projeto de Decreto Legislativo 1487, que visa sustar a Portaria 415 do Ministério da Saúde.

A Portaria (leia aqui) oficializou o aborto no procedimento médico do SUS, pago a R$ 443 – para casos de estupro, risco à saúde da gestante e anencéfalo. O termo passou de ‘curetagem’ para ‘interrupção da gestação’, e causou embates de prós e contras.

Ontem Cunha visitou o ministro da Saúde, Arthur Chioro, que, segundo o parlamentar, indicou que revisaria a Portaria.

JUSTIFICATIVA

‘A presente Portaria, na prática, legaliza o aborto no País. Mesmo sob a desculpa de atendimento à legislação em vigor’, diz a justificativa do projeto. Ainda segundo o projeto, a portaria ‘Não coloca rígidos requisitos de comprovação de que o procedimento é decorrente de estupro, forma prevista na legislação atual’.

CERCO

Enquanto feministas e ONGs de direitos da mulher comemoram avanços na saúde pública sobre a polêmica , os evangélicos querem convocar o ministro da Saúde para se explicar na Comissão de Seguridade Social da Câmara.

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SÓ NA FOTO 

A reeditada aliança de Eduardo Campos e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) vai bem só na foto. Jarbas terá de ralar muito para se eleger deputado federal. Se estiver esperando pela ajuda do PSB, vai cair na real. Seu filho, Jarbas Filho, foi lançado com toda a Aliança em 2012 e obteve míseros 4.295 votos para vereador do Recife.

MARATONA VERBAL 

Para atenuar críticas, o Comitê Rio 2016 soltou nota informando que ‘38% dos locais de competição (dos Jogos Olímpicos)’ estão prontos. E ‘das 29 instalações permanentes, 11 estão operacionais e não necessitam de reforma para o evento’. O tempo dirá.

PELA ORDEM, PRESIDENTE.. 

Na quarta (21), o presidente do Senado, Renan Calheiros, demitiu o diretor da Casa por supostamente ter descumprido decisão do STF e ter pago super salários a servidores. Nesta terça, Renan comemorou ao microfone a decisão do dia 22 (Mandado de Segurança 32761 do STF) pelo corte. Ou seja, ele puniu com base em decisão posterior.

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vacca

Vaccarezza – ele pediu povo nas ruas e de verde e amarelo. Lembra alguém em 1992?

QUE PERIGO!

No plenário da Câmara terça, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), também suspeito de ligação com o doleiro preso Alberto Youssef, convocou a ‘todos os brasileiros para pintar as ruas de verde-amarelo’. O último que pediu isso na TV, em 1992, conseguiu o povo nas ruas, mas.. sofreu impeachment.

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COM A PALAVRA

O deputado Marcus Pestana (MG), que seria o interlocutor do PSDB em reunião com pemedebistas sobre oferta de R$ 20 milhões para Antonio Andrade (PMDB) virar casaca, se diz indignado com acusação. Apresentou notícia-crime contra o ex-ministro.

NO PIAUÍ 

Esquentou o clima pré-eleitoral no Piauí. O ex-governador Mão Santa (PSC) entra de igual chance contra Marcelo Castro (PMDB), o candidato aliado do PT.

PAC DO POVO

A seu jeito, o ministro Gilberto Carvalho criou, com aval de Dilma, o PAC do Povo – a Política Nacional de Participação Social, criada por decreto, com ação interministerial.

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proto EM ZONA DE RISCO

O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) foi o único parlamentar convidado pela ONU para acompanhar como observador  a eleição na Síria entre 5 e 8 de junho. Também passará pelo Irã. Ex-delegado da PF, o deputado virou uma espécie de Indiana Jones da Câmara, tamanha a agenda internacional em área de risco. Há três anos, ele foi à Líbia na era Kadaffi.

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PONTO FINAL 

Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade’.
George Orwell (1903-1950), escritor e jornalista.


Por R$ 1 bi, apadrinhado político destitui conselho de fundo da Conab
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Leandro Mazzini

Atualização Segunda, 24, 10h09: Num ato surpresa na última sexta-feira, o presidente do Conselho do Cibrius, Luciano Padrão – recém-empossado – conseguiu apoio para destituir os diretores da parte do conselho eleito com o objetivo de empossar membros de seu grupo.  O Cibrius é o fundo de pensão dos servidores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o enredo não envolve apenas uma troca administrativa. O script tem apadrinhamento político, manobras e o mote: um iminente aporte de até R$ 1 bilhão do Tesouro.

O conselho do Cibrius é um órgão independente da Companhia, composto por seis membros – três eleitos pelos funcionários, e três indicados pela presidência da Conab. Há anos vem sofrendo com um déficit por conta do alto número de aposentados e o baixo de beneficiários – e negocia com a Secretaria de Previdência Complementar, desde o fim do governo de Fernando Henrique, um aporte do Tesouro Nacional para evitar um rombo em 2016. Agora, o Tesouro indicou que o depósito sairá. Algo entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão.

É este montante que arregalou os olhos dos conselheiros e, em especial, dos padrinhos políticos – sobre quem pesam as suspeitas das articulações nos bastidores para a mudança do Conselho. Administrar o fundo, com saldo hoje perto de R$ 900 milhões, e que pode dobrar, é também ter domínio sobre aplicações do dinheiro que lhe garantam rendimentos e direcionamentos para investimentos em outras áreas, como acontece com fundos previdenciários estatais. E só o Conselho pode decidir isso.

A manobra de Luciano Padrão contaria com o apoio de um poderoso grupo de políticos, desde o presidente da Conab, Rubens Santos (padrinho de sua indicação), passando pelos deputados Jovair Arantes (GO) – líder do PTB e o padrinho de Santos na presidência – e Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB. Na reunião, Luciano falou também em nome do ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

Procurado pela Coluna, Cunha diz que não conhece Luciano. “Nunca ouvi falar dele, nunca vi tão gordo”. O líder reconhece que ajudou Jovair a apadrinhar apenas o atual diretor financeiro da Conab, Lineu Olímpio, egresso do PTB de Goiânia, ligado a Jovair e a Roberto Jefferson (que será preso nesta segunda-feira, condenado na AP 470 no STF). Jovair e Luciano não foram localizados pela Coluna. A assessoria de Jefferson ligou para a Coluna nesta segunda, 24, e informou que ele não apadrinhou ninguém no governo a não ser Benito Gama, hoje vice-presidente do BB.

Mas o presidente da Conab, Rubens Santos, abre o jogo. Se diz surpreso. “Ele (Luciano Padrão) me procurou há duas semanas e contou que teria de fazer mudanças, mas não explicou o que era. Na sexta à tarde recebi uma ligação, enquanto a reunião do Conselho ocorria, e fui informado”. Segundo Rubens, no mesmo momento ele ligou para Luciano e pediu que suspendesse sua decisão. Relatou que o mesmo fez a chefia de gabinete do Ministério da Agricultura.

“Luciano disse que era preciso fazer mudanças porque ‘as coisas’ não andavam. O Conselho é independente, não sou contra mudar, mas tudo deve ser discutido melhor”, explica o presidente da Conab.

Pois à revelia do presidente da companhia e do ministro da Agricultura, a ata do Conselho registrou a destituição dos três conselheiros eleitos pelos servidores, com mandatos. São eles: Rachid Mamede Filho, Fabrício Pereira Garcia e José Carlos Grangeiro.  Luciano Padrão quer nomear para as vagas três aliados próximos seus, entre eles Alberto Nogueira Araújo, ex-assistente da Superintendência de Administração da Conab, e José Portugal. Todos ligados ao quadro de servidores, mas afinados com seu projeto de poder.

Esse novo trio se uniria ao grupo recém-nomeado pelo presidente da Conab, os três da conta de indicações: o próprio Luciano Padrão, presidente do Conselho; Eurípedes Malaquias (egresso de Goiás) e Alfredo Colli (de SP) – este votou contra as mudanças, mas foi vencido.

Todos seriam oficializados na própria Sexta. Seriam, porque diante da repercussão entre servidores, tanto o presidente da Conab quanto o ministro Antônio Andrade ordenaram suspender o ato. E nesta segunda, Luciano Padrão será chamado ao Ministério para dar explicações. Antes dele, os três conselheiros eleitos que levaram a rasteira também serão recebidos, para detalhar o episódio.

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Com Randolfe, prioridade do PSOL é reforçar bancada federal em 2014
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Leandro Mazzini

Atualizada Quarta, 12h05 – Com o senador Randolfe Rodrigues (AP) confirmado pré-candidato à Presidência da República, o PSOL esboça a mola propulsora do partido a partir do Rio de Janeiro, diz o novo presidente, Luiz Araújo.

A executiva não convenceu Marcelo Freixo a se candidatar a deputado federal, e o estadual tentará a reeleição. A prioridade da legenda é fazer uma bancada forte na Câmara dos Deputados, hoje com três parlamentares.

‘Chico Alencar se reelege e pode trazer mais gente. E Jean Wyllys já tem votos para se eleger sozinho’, prevê Araújo, sobre o poder do puxador de votos na proporcionalidade. Foi a votação excepcional de Alencar no Estado fluminense que elegeu o ex-BBB a reboque, que obtivera apenas 13 mil votos.

‘Temos chances em cinco ou seis Estados’, diz Araújo, sobre candidatos em potencial do PSOL para a Câmara.

Maior nome do PSOL no Rio, Marcelo Freixo não tira um projeto da cabeça: quer reforçar militância para disputar a prefeitura em 2016.

Já a fundadora do partido, Heloísa Helena submergiu na cena política. Em Alagoas, ela quer disputar o Senado, contam aliados locais, mas terá páreo duro com Téo Vilela (PSDB), o governador candidato à Casa Alta.

E Plínio de Arruda Sampaio, que incendiou a campanha em 2010 com sua verve crítica, fechou com Randolfe.

No Congresso do partido realizado há uma semana, o PSOL decidiu que não haverá prévia para escolher o candidato, e o senador Randolfe foi aclamado.

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MEL NA BOCA 

Circula no Ministério da Agricultura uma carta assinada pelo líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RS), e pelo líder do PTB, Jovair Arantes (GO), pedindo a nomeação de Rubinaldo Lameira para a Diretoria de Açúcar e Álcool, ligada ao setor usineiro. Provavelmente o trio entende tudo de melado.

QUARTETO  

A briga entre os quatro diretores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é tão grande que eles mal se falam. No encontro do departamento de RH há semanas, cada um foi num carro, e em horário diferente, para não se verem.

REI DOS LOTES 

Não são só deputados distritais que escancaram títulos de terras nas satélites de Brasília, legislando em causa própria para legalizar loteamentos. O MP há meses está de olho num parlamentar brasiliense com terras aqui e em Luiz Eduardo Magalhães (BA).

ENTÃO TÁ 

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) recuou na emenda apresentada numa MP para desonerar de II e IPI material de Golf. Ele diz que foi pressionado por aliado.

BRASIIILLL  

O TJ do Piauí julga hoje ação popular contra nomeação como conselheira do TCE da primeira-dama do Estado, Lílian Martins, esposa do governador Wilson (PSB). Isso mesmo, no Piauí a patroa ‘fiscaliza’ os gastos do marido.

ATRASO & MISERICÓRDIA 

O presidente francês François Hollande desistiu de inaugurar a ponte Saint Georges (Guiana Francesa) – Oiapoque (AP) por pena do Brasil – que há 30 meses atrasa obras de alfândega por incompetência. O lado de cá não ficou pronto. Seria dia 12.

VÃO-SE OS ANÉIS..

Quem não se lembra de Oscar Jucá Neto, diretor financeiro demitido da Conab, que tentou liberar R$ 8 milhões para empresa fantasma e saiu metralhando que ali ‘só tem bandido?’. Pois uma dupla que usou a senha administrativa para liberação continua solta, livre e leve pelos corredores da companhia.

TE CUIDA, PADILHA 

Militantes da bancada cristã vão levar hoje cartazes ‘Padilha, SP está de olho em você!’. O ministro da Saúde, pré-candidato ao Governo, prestigia seminário na Câmara com presença de palestrantes ‘abortistas’, diz a turma do Instituto Pró-Vida.

ABAFA! 

Olha a situação. Gustavo Perrella, filho do senador e dono do helicóptero com flagrante de cocaína, é do Solidariedade. O líder de seu partido na Câmara é o delegado federal Francischini, que se gaba de já ter prendido ‘os megatraficantes Abadia e Beira Mar”. A PF no Espírito Santo pretende divulgar em 30 dias conclusão do inquérito sobre se há ou não participação dos Perrella no carregamento da droga. A família acusa o piloto.

O NOIVO 

A senadora Ana Amélia é candidata certa ao governo gaúcho contra Tarso Genro. Ambos disputam o PMDB, o noivo da vez, que indicará Germano Rigotto ao Senado.