Coluna Esplanada

Arquivo : Salvador

Quando tudo começou – o cerne do Iphan no caso Geddel
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Leandro Mazzini

Para entender o imbróglio que causou a queda do ministro Geddel Lima é preciso recordar um pouco da história política da Bahia – ou seja, por que o Iphan no cerne da crise.

Em 1972, o então governador Antonio Carlos Magalhães desapropriou a mansão de Clemente Mariani, seu adversário político e dono do Banco da Bahia, ao saber, segundo contam testemunhas dos bastidores, que ele vendeu a instituição para o Bradesco em vez de dar preferência para o banco dos Calmon de Sá, amigos dos Magalhães.

ACM ainda conseguiu a canetada do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) à época e tombou todo o conjunto no chamado Morro do Clemente. O resto é que o que se sabe desde ontem.

Caso suba (está na base), o prédio de Geddel é o único do bairro que vai devassar a vista da chácara com mata atlântica intacta há mais de 40 anos. E os Mariani não querem especulação por ali.

O Morro do Clemente fica em área nobre, com 100 mil metros quadrados de vegetação nativa e em frente ao Yacht Club.

Em tempo, o falecido patriarca, Clemente Mariani, foi mais longe politicamente que Geddel. Foi ministro da Educação (Governo Dutra) e ministro da Fazenda (Governo Jânio).

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PT quer convocar Geddel e Calero para se explicarem na Câmara
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Leandro Mazzini

Apeados do Poder pelo PMDB – que teve Geddel um dos maiores articuladores para ascensão ao Planalto – os petistas vão para cima do ministro da Secretaria de Governo.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), quer convocar Geddel e o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para audiência na Comissão de Finanças, Fiscalização e Controle.

“O governo Temer está derretendo, Geddel tem que sair. Faremos representação à PGR, e à Comissão de Ética da Presidência responsabilizando Temer”, diz Florence.

Calero, como notório, pediu demissão e saiu atirando contra Geddel em entrevista à Folha de S.Paulo, acusando o ministro de pressionar o Iphan – órgão do MinC – a liberar licença para edifício em Salvador, no qual comprou apartamento.

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Efeito de protestos e Lava Jato, urnas revelam líderes para 2018 e 2022
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Leandro Mazzini

> Protestos de 2013 associados às prisões e revelações da Operação Lava Jato impulsionam o voto de protesto e o voto ‘no novo’

> Crivella, Dória, Freixo e ACM Neto surgem como novos líderes estaduais e potenciais nacionais, independentemente do resultado das eleições

> Partidos terão de repensar estruturas e candidaturas de caciques para 2018 e 2022 se as urnas concretizarem as intenções de votos em várias capitais

Os resultados das urnas deste domingo (2) vão revelar novos líderes políticos para os próximos anos, já indicaram as pesquisas de intenção de votos em algumas capitais. Em especial, eles vêm do Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo, e, independentemente do resultado no segundo turno, eles vão mexer com as consolidadas estruturas de seus partidos e colocam em risco os projetos dos conhecidos caciques. Em suma, o cenário político para 2018 e 2022 pode ser muito diferente do programado pelos grandes partidos para estes Estados e também para os projetos presidenciais.

Em Salvador, é pule de dez o prefeito ACM Neto ser reeleito em primeiro turno. Maior representante nacional do DEM hoje – ao lado do senador Ronaldo Caiado (GO) – Neto deu sobrevida a uma legenda de direita que naufragava há poucos anos diante do poder da centro-esquerda.

Neto passou a ter voz nacional. Em viagens constantes a Brasília, articula permanentemente com PSDB, PPS e outros partidos parceiros, e mantém viva a esperança dos carlistas de ter novamente um representante do clã no Palácio Ondina. ACM Neto é potencial candidato governador em 2018. E também pode surgir como um nome do DEM para o Planalto nas eleições vindouras.

Rio e São Paulo, as maiores vitrines políticas do país – por serem os maiores colégios eleitorais, concentrarem os meios de comunicação e também grandes problemas sócio-econômicos – também lançarão seus novos nomes.

A ascensão de Marcelo Crivella (PRB) no Rio, resultado principalmente de um recall de seguidas eleições de 2000, faz do senador um potencial nome nacional da centro-esquerda, diante da debandada do PT, e do enfraquecimento de Luiz Inácio. Favorito para prefeito, no primeiro e no segundo turnos, de acordo com sondagens, Crivella, se eleito e se conseguir boa gestão, será naturalmente candidato a governador em alguns anos e também surgirá para o Planalto.

Vale lembrar o fenômeno Anthony Garotinho, em 2002, que teve 15 milhões de votos para presidente após um governo populista no Estado fluminense. Garotinho hoje é aliado de Crivella – este se dissociou da Igreja Universal, da qual é bispo, e há anos faz um trabalho de imagem para mostrar ao eleitor do Rio que pode ‘governar para todos’.

A grande surpresa veio de São Paulo. O empresário milionário João Dória Jr (PSDB), filho de ex-deputado, nunca tentou um mandato. Agora o faz com um mega desafio, e tem vencido etapas com surpreendente desenvoltura. O comunicador e promoter de eventos empresariais ( criador do LIDE, que reúne há mais de 10 anos os maiores empresários e CEOs do país), Dória fez do sucesso de seu network uma alavanca para se aproximar de grandes nomes políticos, numa frente suprapartidária.

Com aval do governador Geraldo Alckmin, seu maior padrinho, peitou a executiva municipal do PSDB e conseguiu se lançar. Bom de TV embora ainda não tenha mostrado a que veio, conseguiu estupendos números com um discurso direto e conciliador, com ataques aos rivais e uma campanha criativa nas redes sociais. Embora o marketing ainda seja o seu único ponto forte. Se vencer a eleição, terá o desafio de mostrar que é tão bom gestor público como é com suas empresas – e pode se cacifar também para o Palácio Bandeirantes. Caso contrário, naufraga como a gestão petista.

Dória e Crivella são as maiores revelações desta eleição. São os dois principais nomes para uma eleição presidencial a partir de 2022 se vencerem suas disputas este ano.

Uma curiosidade em Belo Horizonte. O candidato favorito, João Leite (PSDB), e o segundo colocado nas pesquisas, Alexandre Kalil (PHS), são egressos do time Atlético Mineiro, o Galo. Leite foi goleiro do clube nas décadas de 80 e 90; Kalil sempre foi da cúpula do clube, e hoje é presidente.

A eventual vitória de Leite, que tem ampla vantagem na boca de urna, pode representar a volta de Aécio Neves como cacique pelo menos na capital. O presidenciável perdeu o governo do Estado para Fernando Pimentel, em 2014, quando seu candidato Pimenta da Veiga sucumbiu ao poder do PT e às críticas aos 12 anos de gestão tucana.

SEGUNDO TURNO

O esperado segundo turno para São Paulo e Rio de Janeiro, as maiores cidades do país, mexe com todos os partidos e lideranças em Brasília. São os eleitores, acontecimentos sócio-políticos e arranjos eleitorais dessas capitais e suas gestões que norteiam decisões nacionais de campanhas futuras.

A disputa está embolada para o segundo colocado nas duas capitais.

Em São Paulo, se Dória tiver a ex-prefeita Marta Suplicy como adversária, ambos têm chances de vitória. A distribuição de coalizão para a segunda etapa será quase equânime, tamanho o poder de Alckmin e Michel Temer, os padrinhos de ambos, respectivamente.

As chances de Dória aumentam em caso de disputa com qualquer nome que não seja Marta, diante da alta rejeição dos adversários como Fernando Hadadd (PT) e Celso Russomanno (PRB). Há uma tendência, nestes dois casos, de Dória ganhar a aliança da maioria dos partidos hoje rivais.

O cenário é similar para Crivella no Rio. Ele é potencial prefeito caso passe ao segundo turno com qualquer um dos candidatos de esquerda. As pesquisas indicam um segundo turno entre Crivella e Freixo (PSOL). Neste caso, o candidato do PRB ganha o apoio até do PMDB de Eduardo Paes.

A essa altura, contam os bastidores , Jandira Feghali (PCdoB-PT) já fechou com Freixo para o segundo turno. Crivella passa a ver seu projeto em risco caso o seu adversário seja Pedro Paulo (PMDB), o escolhido pelo prefeito Paes. Há, neste cenário, a tendência de que a maioria dos partidos de centro fechem com Pedro Paulo.

Estão embolados no segundo lugar, além de Freixo, a Jandira, o Indio da Costa (PSD), Pedro Paulo e Flávio Bolsonaro (PSC). A rejeição aos Bolsonaro e ao candidato de Paes, e a autofagia de Jandira e Freixo nas últimas semanas como os candidatos da declarada esquerda podem beneficiar diretamente Indio. O deputado federal, que se lançou com o discurso de relator da Lei Ficha Limpa, pode se beneficiar dos 20% de indecisos que vão decidir na urna. Outro beneficiado pode ser Pedro Paulo.

Nesta leitura, os potenciais candidatos a segundo turno com Crivella são Indio e Pedro Paulo.

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ACM e Kassab se estranham nos bastidores das alianças
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Leandro Mazzini

foto de arquivo

foto de arquivo

Que nenhum aliado (ou adversário gaiato) convide para a mesma mesa no circuito Rio-Brasília-São Paulo o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).

O ministro cortou verbas para obras em andamento na capital. ACM e Kassab evitam polemizar, mas democratas ligados ao prefeito contam que o DEM ajudou o PSD em votações importantes no Congresso Nacional, a pedido do ministro, e agora não houve retorno.


Em ofensiva por filiação, PR da Bahia aposta em Salvador
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Leandro Mazzini

Bacelar, no evento de ontem: afago a JH como potencial prefeito. Foto: PR

Bacelar, no evento de ontem: afago a JH como potencial prefeito. Foto: PR

O Partido da República da Bahia aposta na filiação de um cacique e outros quadros importantes de Salvador para disputar a eleição do ano que vem. A articulação vem sendo tratada pelo presidente do diretório no Estado, o deputado federal João Carlos Bacelar, o Jonga.

Ontem, em evento que reuniu centenas de filiados na capital, com representantes de 100 cidades, o PR  lançou a campanha de filiação em massa a fim de eleger maior número de prefeitos e vereadores – hoje o partido tem 233 vereadores, 16 prefeitos e nove vice-prefeitos.

João Carlos Bacelar vai fazer ofensiva com agenda no interior do Estado, mas sem tirar o olho da capital. Ele é mencionado entre os soteropolitanos desde o início do ano como potencial candidato à Prefeitura, mas o deputado pode abrir mão para outro nome

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PT engoliu a indireta de Lula para Dilma: ‘Não se acomodem no Governo’
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Leandro Mazzini

lula
O PT comprovou em seu congresso em Salvador que continua unido,  mas a exemplo de outros partidos expõe uma batalha interna de correntes pelo poder na legenda e no Governo que comanda.

O encontro, no qual o partido ratificou Lula e Dilma como seus expoentes, não deixou de revelar também as entranhas da disputa entre lulistas e dilmistas nas hostes.

O ponto alto dessa ‘batalha’ foi a frase dita por Lula no seu discurso: ‘Não se acomodem no Governo’.

O ex-presidente tirou a expressão ‘da boca do povo’, mas para os petistas presentes foi uma clara indireta para a presidente Dilma e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.

 


Wagner e ACM Neto viram aliados
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Leandro Mazzini

Para quem apostou em briga, tiro n’água. Vai bem a relação política entre o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Ambos têm sido solícitos nos mútuos pedidos. A parceria é tamanha que o governador vai despejar mais dinheiro no Carnaval da Orla da capital que em outros anos, quando só apoiou com serviços básicos. Wagner também vai bancar a reforma do palacete da secretaria municipal de Educação, destruído por incêndio.

DUPLA. Wagner esteve no local do incêndio. O governador também bancou a festa de Réveillon na praia, tradicionalmente feita pela prefeitura, e a nova iluminação do Pelourinho.

TEMPO PERDIDO. A relação de Wagner e Neto de longe lembra a do saudoso ACM governador com a então prefeita Lídice da Mata. Ambos se detestavam e não se ajudaram.

PORTA ABERTA. Wagner prepara reforma no secretariado. O deputado e ex-ministro Afonso Florence deve assumir a Secretaria de Relações Institucionais. Cezar Lisboa será remanejado.

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Derrotado, PT barra metrô de Salvador
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Leandro Mazzini

Um episódio palaciano, envolvendo a presidente Dilma e um grande empreiteiro, revela como o PT barra as obras do metrô de Salvador após o resultado da eleição em que saiu derrotado na capital. O empresário César da Matta Pires, da OAS, fez estudo com linha ligando o aeroporto aos principais bairros. Como o bilhete ficaria R$ 6 (muito caro), procurou a presidente e o governador Jaques Wagner para tentar Parceria Público-Privada. Tudo ok, a OAS financiou o candidato Nelson Pelegrino como condicionante para o projeto sair. Como ele perdeu, Dilma e Wagner vetaram.

FORA DOS TRILHOS. Com a vitória de ACM Neto, do DEM, rival ferrenho dos petistas, o PT desistiu do projeto e Matta Pires ficou na mão. Detalhe: o metrô não entra nos trilhos há décadas, desde o reinado ACM.

VAGÃO A R$ 3… Matta Pires não desistiu e tenta diretamente com a presidente, sem passar pelo governo de Salvador, uma solução. Com PPP, o bilhete do metrô sairia a R$ 3.

…DESGOVERNADO. Mas para o projeto sair, é o governo Wagner quem teria de subsidiar os outros R$ 3. Como nada avançou, o PT já deu recado de que não quer o projeto para ACM Neto faturar como prefeito.

 

 


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