Coluna Esplanada

Arquivo : São Paulo

CGU pega leve com Padilha candidato
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Leandro Mazzini

As cúpulas petista e do governo federal passaram a proteger o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o candidato escolhido por Lula para disputar o governo de São Paulo. E justamente por isso. São Paulo será a prioridade do PT nas disputas estaduais deste ano. Após o sucesso da eleição de Fernando Haddad prefeito da capital, Lula aposta em outro novato nas urnas para vencer a resistência do eleitorado paulista.

Para Lula, se o PT conquistar os governos de Minas, Rio e São Paulo, os três maiores colégios eleitorais do País, o partido sai no lucro este no. Essa é sua meta.
Daí Padilha ter essa blindagem política. O que não se esperava é que entrasse nessa onda um conceituado órgão independente do governo, mas sob controle petista – e justo o que cuida de fiscalização. A Controladoria Geral da União pegou leve com a gestão do ministro na emissão de certificado para uma prestação de contas.

A CGU descobriu falhas graves na auditoria sobre um evento bancado pelo Ministério da Saúde, a ‘12ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi)’. O problema é do tamanho do nome: um superfaturamento de R$ 2.053.023,73 ‘pagos indevidamente, sendo R$ 1.417.023,73 por serviços não prestados ou prestados em quantidade inferior ao cobrado; e R$ 636 mil de despesas antieconômicas’, segundo relato da própria CGU, que conseguiu bloquear R$ 169.608,00 de pagamentos futuros à GV2 Produções.

A despeito de tudo, o desfecho por ora foi surpreendente. A CGU enviou relatório para o Tribunal de Contas da União com certificado ‘contas regulares com ressalva’, e não ‘contas irregulares’, como de praxe em outros casos. Na nota divulgada no site, a CGU informa que foi proposto assim pela equipe técnica.

A CGU informou que se respalda na Instrução Normativa N.º 1, de 6 de abril de 2001, para certificar a auditoria com a expressão ‘contas irregulares com ressalva’, e para exemplo citou outros três casos. Já a GV2 Produções, procurada, não se pronunciou. O que não veio à tona é um embate ferrenho entre os técnicos da Controladoria com a cúpula do órgão. Eles foram contra esse encaminhamento, e engoliram seco. Caberá agora ao TCU julgar as contas, a despeito do certificado da CGU, e ali a conclusão pode ser outra.

Como supracitado, não é de hoje que o PT blinda Padilha. Foi assim quando a bancada no Senado barrou a instalação da CPI do Erro Médico – cujos dossiês, aos quais a Coluna teve acesso, justificam a investigação. A comissão focaria os casos gritantes de médicos em hospitais particulares de Brasília, mas a turma do jaleco, aliada ao ministro e ao seu partido, percebeu que o sangue alheio respingaria naturalmente nos hospitais públicos e, por consequência, nas ações do ministério e prejudicariam a imagem do ministro-candidato. Enterrada a CPI no Senado, menos uma dor de cabeça.

Padilha então passou a priorizar as viagens nos jatinhos da FAB para se promover no reduto eleitoral. Apenas para citar um caso, em dois dias o ministro fez seis voos de jatinhos do governo para visitar cidades paulistas. Passou por São Paulo, Ribeirão Preto, Marília, Guarulhos, São José dos Campos, São José do Rio Preto. Na agenda, assinaturas de convênios (normalmente isso é feito no gabinete) e visitas a hospitais, onde recebeu sorrisos, aplausos e tapinhas nas costas.

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Assaltado em SP, deputado negociou celular com bandido
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Leandro Mazzini

No embalo do aumento da violência em todo o País, os assaltantes estão mais conscientes. Foi o que comprovou o deputado Paulinho da Força (SP), presidente do Solidariedade.

Há algumas semanas, contou o próprio deputado, dirigia seu carro com vidro aberto no Brás, na capital paulista, quando foi abordado num sinal por homem armado.

Ágil, o bandido levou a mão à porta e arrancou o celular no porta-objetos. O parlamentar alertou que o celular era velho e modelo ultrapassado. ‘Você não vai conseguir vendê-lo. Tenho R$ 300 no bolso, eu te dou’.

O assaltante analisou o celular, concordou e o devolveu. Pegou o dinheiro e sumiu.

Toda a cena ocorreu perto da Estação Pedro II do metrô e durou um minuto. Paulinho não se preocupava com o celular, mas com a agenda de contatos arquivada com mais de mil telefones, feita em anos.

Há exatos dez anos, o deputado foi assaltado no Rio. Falava ao celular no calçadão da Av. Rio Branco, durante o rush do almoço, quando um pivete meteu-lhe a mão na orelha e levou o aparelho.

Nota do repórterEste signatário ouviu o relato do próprio parlamentar na noite de Terça, dia 3/12, e decidiu publicar no blog. Não se trata de um furo, mas de notícia com atualizações. Soube depois da publicação, por pesquisa no Google, que o colunista Felipe Paturi publicou em sua coluna no site da Época, com nota de Leonel Rocha. 

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PROJETO PREFEITURA

De olho na Prefeitura, contam aliados que o projeto de Manuela D’ávila na disputa para a Assembleia Legislativa gaúcha é puxar mais três candidatos do PCdoB com sua votação pela proporcionalidade.

SINAL AMARELO

A despeito da gritaria de opositores e ‘aliados’ que prometem dificultar a votação do Orçamento este mês, não há no Congresso quem não queira tudo resolvido agora. O calendário eleitoral explica: se o Orçamento for aprovado só em Março, o Planalto terá apenas de Abril a Junho para empenhar e executar verbas. E nada sairá assim.

OS IDEALIZADORES

Paulinho da Força admite que os idealizadores do Solidariedade foram os deputados Augusto Coutinho (PE), Laércio Oliveira (SE), João Caldas (PB) e Roberto Santiago (SP). Este último, curiosamente, sugeriu até o nome, mas ficou no PSD.

HISTÓRIA CORRIGIDA

A presidente Dilma vai ao Congresso dia 11, ao meio-dia, para solenidade em que o presidente Renan Calheiros vai anular a sessão que declarou vago o cargo do ex-presidente João Goulart. O episódio abriu caminho para o golpe militar.

PÓS-ANA AMÉLIA

Família sócia dos Marinho, os Sirotsky da RBS investirão para fazer mais um senador: o apresentador de TV Lasier Martins (PDT). Seria o segundo ‘senador da Globo’. A senadora Ana Amélia, também ex-apresentadora, foi eleita com apoio do grupo.

ANTENADO$

O deputado Edson Santos (PT-RJ) direcionou R$ 200 mil de emenda para ‘caráter sigiloso da Marinha’. Procurada, a Força explicou que é para sistema de rádio militar.

PRESSÃO TOTAL

A bancada cristã foi para cima do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), relator do PNE – Plano Nacional de Educação, para excluir do projeto a ‘ideologia de gêneros’ nas escolas. Em suma, é a liberdade de se debater nas escolas, para todas as idades, o respeito às diferentes opções sexuais e o convívio entre homossexuais.

PSOL CONTRA TODOS

Entrando para valer na disputa, Randolfe já faz programa de governo. O PSOL vai atacar Dilma, Eduardo e Aécio pela economia: ‘têm o mesmo programa, não se diferenciam’, diz o presidente do PSOL, Luiz Araújo.

CONTRA DESPERDÍCIO

Na esteira da decisão do Papa Francisco, o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) apresentou projeto que institui a Política Nacional de Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos. Em síntese, combate ao desperdício.

CONEXÃO TCU

Um avanço para fiscalização das contas. O TCU implantou painéis para acompanhamento em tempo real de ações dos ministérios. O software gerido pelo Ministério do Turismo foi distribuído para outras pastas. A interface inédita entre ministérios e TCU permite o acompanhamento dia-a-dia de empenhos, execuções de verbas e andamento das obras, claro.

PONTO FINAL 

O eterno País da piada pronta: o único condenado pelas badernas nas ruas do Brasil até agora é um.. mendigo.


Gasto com projeto do trem-bala pagaria 1,3 mil casas populares
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Leandro Mazzini

Anunciado com pompa pelo ex-presidente Lula há seis anos, o trem-bala Rio-São Paulo virou uma locomotiva  de gastos antecipados. Apenas o estudo de viabilidade de R$ 28,9 milhões para respaldar a malsucedida licitação de Maio de 2011 pagaria 1.313 casas populares do ‘Minha Casa, Minha Vida’ – ao custo básico de R$ 22 mil, cada.

O projeto saiu de novo dos trilhos abstratos: O estudo milionário corre risco de ser anulado e até hoje ninguém se interessou pelo plano de parceria. Nem aqui, tampouco em Nova York e Londres.

Detalhado para investidores estrangeiros em dois eventos titulados “Brazilian Infrastructure Forum 2013” , não houve nenhum interesse concreto pelo projeto no roadshow de Nova York, dia 26 de Fevereiro, e Londres, no último dia 1º de Março, ambos promovidos pelo governo.

O evento em Londres contou com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no lugar de Guido Mantega, ministro da Fazenda. Por dois motivos cruciais. Mantega seria o apresentador dos megaprojetos do governo para investidores, mas alvo da imprensa britânica – com pedra e gravador na mão – ele foi preservado. E a presença de Coutinho foi um sinal claro do governo de que o bancão pode literalmente bancar a obra e concedê-la para operações.

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INTERVENÇÃO BRANCA

Um acordo discreto na poderosa Assefaz, o plano de saúde de cinco categorias de servidores federais, manteve por ora a entidade longe da mira do MP. O novo conselho administrativo, presidido por Carlos Viriato, pressionou o presidente da Associação, Hélio Bernardes, e conseguiu a saída de Rosana Ribeiro da Superintendência-Geral.

ROMBO

Operadora da gestão Bernardes, ela e o presidente ficaram na mira do conselho, que acusa gestão temerária. O novo conselho deliberativo deve fazer auditoria nas contas. Há suspeita de perdas de R$ 30 milhões apenas em 2012.

ALERTA

Os hospitais de Alagoas entraram em alerta. O estado é o que mais amputa pés de vítimas de diabetes – são mil por ano – segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, registrou o Tribuna Independente.

CADÊ ELE?

Sumido dos holofotes desde que o Pibinho passeia pelas páginas, há dois anos, e a indústria cambaleia, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, deu uma boa nova para Juiz de Fora: a megafábrica da Mercedes pode voltar a produzir.

IMAGINE A CENA

Dia 1º de Março, um lavrador entrou numa delegacia de Simão Dias (SE) e denunciou sujeito que transou com sua mula. O tarado atende pelo nome de Val Aleijado.

SOM NA CAIXA

Os organizadores dos shows de Paul McCartney estão preocupados. Sem grandes patrocinadores, há risco de ele ficar no alambrado. A Fiat recusou pagar R$ 5 milhões.

MIT BRAZUCA

O Instituto Tecnológico Aeroespacial (ITA) prepara seu primeiro grande evento internacional extra-salas. Promoverá o AEROBRASIL 2013, com debates, palestras, workshops sobre soluções e tendências tecnológicas para o setor aeroportuário brasileiro. No auditório da Fecomércio dia 27 de Junho.

MUNDO & INOVAÇÃO
O Professor da Columbia University e Ibmec, Marcos Troyjo, fala nesta terça em Copenhage, Dinamarca, sobre “O Futuro da Inovação nos Mercados Emergentes”. A palestra se dá no âmbito da conferência Front End of Innovation 2013, um dos principais eventos de novas tecnologias da Europa. Troyjo mostrará como alguns mercados emergentes estão deixando para trás a fase de crescimento por adaptação criativa e inaugurando uma nova era intensiva em inovação.

PONTO FINAL

E o governo continua a acreditar que alta de consumo é qualidade de vida.


Haddad vai peitar vereadores
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Leandro Mazzini

Apesar do bom relacionamento com a Câmara de Vereadores, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), pode comprar uma briga grande e pessoal com os edis se mantiver a promessa de aprovar este ano um Código de Obras, a Lei de Zoneamento e operações urbanas, que mexe com o setor de construções. O tema sempre foi tabu para o ex-prefeito Gilberto Kassab. Explica-se: muitos vereadores são donos de imobiliárias ou foram financiados pelo setor.

DESAFIO. Este será o maior desafio do prefeito. O plano, criado no governo Marta Suplicy, foi previsto para até 2012. Haddad terá de ter o seu de qualquer jeito.

DETALHE. Desde que foi criado, em 2002, o Plano Estratégico só recebeu emendas dos vereadores e não uma versão definitiva.

VERDES. O PV será obstáculo, por ora, para o prefeito Haddad, que é contra a inspeção veicular criada pelo José Roberto Trípoli, expoente verde paulistano.

 


Desafio de Haddad é conciliar secretariado em SP
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Leandro Mazzini

Nem tomou posse e Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo, pisa manso para não irritar o próprio partido. Alas ficaram insatisfeitas ao serem preteridas em pastas por PP e PMDB, e o clima esquentou. Os diretórios municipal e estadual do PT aceitam, mas querem ditar os rumos dos programas de secretarias nas mãos de aliados, em especial as ligadas a movimentos sociais como Habitação (oficiosamente do PP), Assistência Social (PMDB) e Igualdade Racial (PCdoB).

SERRA, O RETORNO. O PT, na prefeitura, pode ter um contraponto na Saúde na esfera estadual. Como antecipamos dia 13, o governador Alckmin convidou José Serra para a pasta.

 


Alckmin ameaçado
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Leandro Mazzini

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, recebeu recente pesquisa encomendada pela executiva estadual do PSDB, cujos resultados acenderam a luz vermelha no Palácio dos Bandeirantes. A sondagem em nível estadual mostra avaliação ótima do governador, mas números muito ruins da administração. Isso ocorre em meio à tensão na segurança pública e com o embate discreto com o Ministério da Justiça, para que as ações conjuntas não pareçam intervenção do governo federal petista.

TÔ NA ÁREA. José Serra diz a próximos que sua vida política não morreu, mas não fala no futuro. Deve tentar o Senado, num confronto direto com o secretário de Energia, José Aníbal.

TÔ FORA. Em passagem ontem por Brasília, José Aníbal desconversou. Diz que seu foco é o debate sobre a MP da redução da conta de luz. Ele e Serra não se bicam mais.