Coluna Esplanada

Arquivo : tentativa de estupro

House of Feliciano & Lélisgate – Os prints, áudio e vídeos do caso
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Leandro Mazzini

> A sanha de Patrícia, o silêncio do deputado, a suposta relação amorosa entre eles que a cada dia fica mais evidente, a negociação financeira que complica ambos, os personagens caricatos e episódios da trama apontam que não há inocente nessa novela da vida real

> Da mesma forma que publicou a denúncia, Coluna antecipou as evidências negociações de Patrícia por seu silêncio

> Feliciano caiu em contradição, mentiu ao dizer que não sabia dos passos do chefe de gabinete, e ainda precisa explicar várias pontos que não se encaixam

Para situar o leitor após 12 dias de reportagens, a cronologia dos episódios do caso  Patrícia Lélis x Pr. Marco Feliciano, que ganhou nas redes sociais da Coluna os títulos de ‘House of Feliciano’ e ‘Lélisgate’, tamanho o imbróglio, reviravoltas e personagens envolvidos – até aqui.

 

Dia 2 de agosto – terça-feira

A Coluna revela a denúncia da jovem, com o relato detalhado do suposto crime de agressão e tentativa de estupro dentro do apartamento funcional, e os prints com evidências de provas entregues. Veja aqui 

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Dia 3 de agosto – quarta-feira

Diante dos vídeos divulgados pelas redes sociais, nos quais a jovem – já em SP – muda sua versão do que contou ao repórter, a Coluna solta em primeira mão o áudio de sua conversa com o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, para desmascarar sua versão. Clique na imagem.

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Obs. – A Coluna disponibilizou apenas dos 28 minutos do total de 57 minutos, o suficiente para entender a denúncia e principais trechos do diálogo, pelo fato de serem citados personagens e casos pessoais alheios ao caso

 

Dia 4 de agosto – quinta-feira

Coluna localiza a mãe da jovem, que descobre pelo repórter o que houve com a filha. Ela decide ir para SP atrás de Patrícia, a fim de descobrir o que houve e levá-la de volta para casa. Ao jornalista, a mãe, Maria Aparecida Lélis, disse que a filha pediu uma conta com CNPJ para um depósito de SP  ( Leia aqui )- isso ocorreu após ela mudar a versão sobre a denúncia. Àquela altura, sabe-se agora, ela já negociava os R$ 50 mil.

Ao saber das denúncias e da repercussão, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que comanda a Procuradoria da Mulher na Casa, pede investigações ao Ministério Público do DF.

 

Dia 5 de agosto – sexta-feira

Pela manhã, reviravolta no caso. Em SP, Patrícia e a mãe fazem uma romaria por duas delegacias e a Corregedoria da Polícia Civil – a Coluna antecipou a ‘fuga’ do hotel.

À tarde , no 3º Distrito Policial, ela registra B.O. contra o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, por cárcere privado e coação, alegando que foi obrigado o tempo todo a mudar sua versão para defender o deputado que acusou. Bauer chegou a ser detido para esclarecimentos e liberado.

À noite, um grupo de quatro deputadas federais do PT decidem denunciar Feliciano à PGR. O documento, entregue dias depois, teve a assinatura de 22 parlamentares. A PGR avalia o pedido de abertura de inquérito no STF.

 

Dia 6 de agosto – sábado

Patrícia e mãe retornam a Brasília. Polícia de SP começa a investigar as versões dos envolvidos – ela, Bauer e Emerson Biazon, jornalista que a levou para a capital paulista e se mostrou peça-chave para a reviravolta do caso.

Após quatro dias de silêncio, o deputado Feliciano solta um vídeo nas suas redes sociais, ao lado da esposa, em sua defesa. Diz ser falsa a acusação, mas que perdoa Patrícia.

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A Coluna publica a versão da mãe de Patrícia, de como ela retirou a filha do hotel e os personagens envolvidos – teve de senadora a Polícia Federal e Palácio Bandeirantes acompanhando o caso.

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À noite, revelamos o breve vídeo que comprova o encontro de Patrícia com Talma Bauer, em Brasília, onde ela contou sua versão da denúncia contra o deputado, a mesma conversa gravada em áudio. Até dia 6, Bauer insistia em dizer que não a havia encontrado, e que o áudio era montagem.

 

Dia 7 de agosto – domingo

Em Brasília, Patrícia constitui advogado – o criminalista José Carlos Carvalho – e registra B.O. na Delegacia da Mulher, onde acusa Bauer, Emerson Biazon e Marcelo Machado, empresário do setor de entretenimento em SP, por sequestro qualificado e coação. Foi com este B.O. e a acusação contra Emerson que o cenário começou a mudar para ela, que passou de vítima a acusada no caso de SP.

Na mesma noite, a Coluna publica os ‘fios soltos’ na história, e questões que Feliciano não respondeu e que o deixam vulnerável em sua defesa.

 

Dia 8 de agosto – segunda-feira

Publicamos os bastidores de como a denúncia veio à tona – desde a apuração até o surgimento de Emerson Biazon, o personagem que, àquela altura, ainda era um mistério. E os detalhes da ida de Patrícia para SP.

À tarde, Patrícia concede coletiva de imprensa no Senado, após passar pela Procuradoria da Mulher, e reafirma para repórteres de TV, jornais e revistas a denúncia relatada à Coluna

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Dia 9 de agosto – terça-feira

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Talma Bauer, após liberado pela Polícia, aparece em Brasília ao lado de dois homens, supostos policiais – eles aparecem com ele na saída do 3º DP em SP. Foto de leitor da Coluna viraliza e advogado de Patrícia toma providências por segurança da jovem.

À noite, a Coluna publica a reviravolta no jogo. As primeiras evidências de que Patrícia negociava seu silêncio por R$ 300 mil, com prints das conversas pelo whatsapp ( veja abaixo ) entregues por Emerson Biazon, que se sentiu traído pela jovem.

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Dia 10 de agosto – quarta-feira

Publicamos mais detalhes e evidências de provas de que houve acordo, com bastidores das investigações no 3º DP em SP. Versões e depoimentos à Polícia complicam tanto Patrícia quanto Feliciano, com indicativos de que ele tentou comprar seu silêncio.

À noite, o site da revista VEJA revela o vídeo em que Patrícia e Bauer negociam dinheiro por seu silêncio, comprovando a publicação da Coluna das evidências de que havia pré-acordo por pagamento na mudança de sua versão.

Em SP, grupo de manifestantes feministas promove protesto com faixas e palavras de ordem contra o PSC, partido de Feliciano, em frente à sede do diretório.

 

Dia 11 de agosto – quinta-feira

A Coluna publica o vídeo que comprova um telefonema de Marco Feliciano para Patrícia Lélis, durante sua passagem por SP. No telefonema, segundo relatam Patrícia e Emerson ( que gravou escondido o vídeo ), Feliciano pediu para ela caprichar num vídeo a seu favor, na versão que o defenderia. O episódio revela que Feliciano mentiu em seu vídeo defesa dias antes, ao dizer que não sabia dos passos do chefe de gabinete – foi quem recebeu a ligação e passou à jovem. ( Assista aqui )

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Deputado Feliciano cancela eventos Brasil adentro como pastor, para autógrafos de livros e pregações.

À noite, a Coluna publica com exclusividade a íntegra do vídeo que comprova a negociação de Patrícia com Bauer por pagamento de R$ 50 mil por seu silêncio. ( Veja aqui ). O diálogo mostra um perfil assombroso da jovem, que acusa um suposto intermediário do Rio de ter ficado com o dinheiro prometido, e pede providências a Bauer, um policial aposentado.

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O Blog Escreva, Lola, Escreva, revela os pritns de uma conversa entre Patrícia e a psicóloga Marisa Lobo (ex-PSC e hoje no Solidariedade), no qual reforça todo o teor de denúncia feita à Coluna. Em certos momentos, Marisa concorda com ela, e chama Feliciano de ‘psicopata’ e ‘retardado’. Ainda aconselha Patrícia a ‘printar’ imediatamente o papo com Feliciano, para as mensagens não se apagarem automaticamente. Na sexta, divulgou um texto em sua defesa sobre o episódio do bate-papo.

Bate-papo atribuído a Marisa Lobo

Bate-papo atribuído a Marisa Lobo

Print da conversa de Patrícia atribuída a Marisa Lobo (texto na caixa em branco)

Print da conversa de Patrícia atribuída a Marisa Lobo (texto na caixa em branco)

 

Dia 12 de agosto – sexta-feira

Com as evidências contra Patrícia, Polícia de SP não tem mais dúvidas de que ela fez falsa comunicação de crime. Delegado vai indiciá-la por isso e pela tentativa de extorsão contra Bauer – que em depoimento disse que apenas defendia seu cliente. Delegado Luís Hellmeister quer ouvi-la novamente em SP e ameaça decretar sua prisão caso não compareça – e advogado da jovem pretende pedir por carta precatória.

 

Dia 13 de agosto – sábado

Jornais trazem a confirmação do depoimento de Talma Bauer no 3º DP de SP na sexta, no qual ele confirmou que pagou R$ 20 mil a Patrícia Lélis, cujo dinheiro foi entregue a Emerson Biazon e apreendido pela Polícia.


Caso Feliciano: ‘Quero os dez, você está passando a perna em mim’
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Leandro Mazzini

> A íntegra do vídeo em que Patrícia Lélis conversa com o chefe de gabinete do deputado Feliciano é mais comprometedora, tanto para ela – pela evidência de que negociava dinheiro pelo silêncio -, quanto para o deputado, cuja equipe se esforçou em silenciá-la

> Patrícia se mostra revoltada em não ter recebido parte do dinheiro prometido

> Some do radar o suposto intermediário, Arthur Mangabeira, que se passou por agente da Abin e teria recebido R$ 50 mil.

> Em telefonema, Bauer, um ex-policial, diz que vai atrás dele, mas na paz..

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Patrícia, filmada por Emerson, e o chefe de gabinete de Feliciano ao fundo

A íntegra do vídeo da conversa comprometedora da jornalista Patrícia Lélis com o chefe de gabinete de Marco Feliciano, Talma Bauer, desmonta toda a versão da garota de que houve sequestro qualificado e coação.

Leia aqui – sete questões que Feliciano precisa explicar 

No material obtido há pouco pela Coluna e publicado no canal no Youtube, Patrícia reclama que um contato do Rio, que seria intermediador do pagamento feito por Feliciano, teria ‘passado a perna’ nela e ficado com o dinheiro. E repete, para Bauer e Emerson Biazon, que filma tudo escondido:

“O valor é os dez (sic), pode falar isso pra ele, o valor é os dez. (..) pilantra, quer passar a perna em mim? Eu quero ele morto!” (..) “Eu quero pegar ele, quero arrastar a cara dele no chão”.

Durante a conversa, no saguão do hotel San Raphael, em São Paulo, na semana passada, Patrícia se mostra bem descontraída. Ela tecla ao celular enquanto Bauer  supostamente conversa com o contato carioca de Patrícia ao telefone, identificado por eles como Arthur Mangabeira ( esse rapaz sumiu das redes sociais, seria ex-noivo de uma amiga de Patrícia, do Rio, que se dispôs a ajudá-la a resolver financeiramente o seu problema com o deputado federal e o PSC, para que ela não levasse a denúncia adiante ).

O que já está em questão nesta conversa é um pagamento de R$ 50 mil que Bauer teria feito a Arthur, como intermediário da negociação de Patrícia com Feliciano, para que ‘a deixasse em paz’. A parte da conversa que não foi revelada no vídeo divulgado pelo site da revista VEJA esclarece que a jovem estava nitidamente negociando:

Patrícia – “É o Arthur..” – diz  a Emerson Biazon, que filma tudo escondido, ao verem Bauer conversando ao telefone.

Bauer – “Eu vou devolver pra ela ( o dinheiro )” (..) fica tranquilo, eu falo isso pra ela. Eu vou aí buscar e fica em paz pra todo mundo”

Emerson  – “Mas o valor é os dez né? (dez mil reais)

Patrícia – “O valor é os dez (sic), pode falar isso pra ele, o valor é os dez. (..) pilantra, quer passar a perna em mim? Eu quero ele morto!” (..) “Eu quero pegar ele, quero arrastar a cara dele no chão”

Bauer – Qualquer coisa eu te ponho a par, fica tranquilo.

Patrícia – “Eu quero os dez porque você está passando a perna em mim e no Bauer”. ( Neste trecho, não está claro se ela comenta sobre Arthur ou se manda um áudio por whatsapp para ele )

Bauer – “Eu sei querida, mas olha, o bom cabrito não berra. não fica nervosa”

Patrícia: “Ele foi pilantra, Bauer”.

O que foi falado no restante do vídeo, já público, o leitor confere aqui .

DENÚNCIA

Patrícia Lélis acusou o deputado federal Marco Feliciano de assédio sexual, agressão e tentativa de estupro dentro do apartamento funcional em Brasília. O crime teria ocorrido dia 15 de junho, pela manhã.

A Coluna publicou com exclusividade a denúncia, com detalhes relatados pela jovem, e também divulgou as primeiras evidências de provas de que ela estaria negociando seu silêncio quando foi para SP. Ao mudar sua versão nas redes sociais, a Coluna aprofundou a investigação e descobriu sua mãe. Patrícia pediu uma conta com CNPJ à mãe ( veja aqui ). Anteontem, surgiram as evidências, em prints de conversas de aplicativos, de que ela negociava R$ 300 mil em parcelas.

A mãe foi peça fundamental no suposto castelo de cartas que a filha foi montando para se blindar contra o PSC e Feliciano. Maria Aparecida Lélis viajou para SP assim que soube de detalhes e convenceu a filha a sair do hotel e ir para a delegacia. Nisso, surgiu sua versão de que era coagida por Emerson e Biazon – o que surpreendeu a ambos.

Bauer, na última sexta, chegou a ser detido para esclarecimentos no 3º DP, e depois liberado pelo delegado Luís Hellmeister, que com a cautela necessário, preferiu investigar a todos. Deu no que deu. Patrícia deve ser indiciada por falsa comunicação de crime, e Bauer pode ser enquadrado por favorecimento pessoal.

COM NEGOCIAÇÃO, FELICIANO É FORTE SUSPEITO

Todo o cenário da negociação malfadada complica o próprio deputado federal Feliciano. A questão na cabeça da Polícia – e isso caberá à Procuradoria Geral da República e ao STF, se acolher a denúncia – é: por que ele pagaria alto pelo silêncio da garota se se diz inocente da acusação.

O relato detalhado da garota do dia da suposta agressão, e com as investigações avançando em Brasília – já há procura pelas imagens do prédio de Feliciano, onde Patrícia garante ter passado – podem comprometer o parlamentar.

Por ora, Feliciano, após quatro dias de silêncio desde que divulgada a denúncia, resumiu-se a gravar um vídeo ao lado da esposa se defendendo. Disse que a denúncia é uma invenção da garota, e que a perdoa.

O advogado de Patrícia,  o criminalista José Carlos Carvalho, sustenta que a todo momento ela foi coagida, inclusive em vídeos e áudios supostamente gravados em sigilo.

 

Confira aqui a primeira denúncia

Ouça aqui o áudio em que ela confirma a agressão

Assista o vídeo que comprova encontro da garota com assessor

Leia aqui os prints das conversas sobre negociação de R$ 300 mil

Feliciano telefonou para ela, e pediu para caprichar em vídeo em sua defesa

Veja aqui o cronograma da denúncia

 


Caso Feliciano teve fuga de hotel, farsa para coletiva e Palácio de olho
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Leandro Mazzini

> Mãe conseguiu fugir do hotel e ligar para o Senado

> Palácio Bandeirantes acionou a elite da Polícia e passou a monitorar o caso

> Polícia passa a investigar várias versões após liberar chefe de gabinete detido sexta

> Feliciano quebra o silêncio

> Mulher vira alvo de ataques nas redes sociais com ‘prints’ de supostas conversas com deputado

A reviravolta surpreendente do caso da jovem Patrícia Lélis, que acusa o deputado federal Pr. Marco Feliciano (PSC-SP) de assédio sexual, agressão e tentativa de estupro em Brasília, foi recheada de episódios que envolveu a mãe da garota, fuga do hotel onde supostamente estavam sob cárcere privado, ligação para o Senado Federal e monitoramento do Palácio Bandeirantes, com a entrada da elite da Corregedoria da Polícia Civil paulista.

Em certo momento Patrícia teria sido obrigada pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, a fazer uma coletiva de imprensa com uma história fajuta: o enredo envolveria ela inventar que estaria apaixonada pelo deputado e admitir que teria inventado toda a história. Repórteres de dois grandes veículos de imprensa chegaram a gravar com ela.

Simultaneamente à coação no hotel, onde Bauer aparecia a toda hora, segundo relatou Patrícia à Polícia, ela era liberada para passeios nas ruas, mas sempre ao lado do chefe de gabinete.

Mas antes de a farsa se tornar a ‘história oficial’ da jovem, a mãe da garota, num drible aos asseclas de Feliciano, conseguiu sair do hotel e telefonar para uma amiga do Congresso Nacional – o nome vamos preservar, a pedidos.

Dali em diante, com a história do cárcere privado revelado pela mãe, os rumos mudaram completamente para os envolvidos. Vale ressaltar que a viagem da mãe de Brasília para São Paulo, após se reunir com o editor da Coluna e estranhar o sumiço da filha, foi fundamental para livrá-la. Ela estranhou a filha pedir uma conta com CNPJ para um depósito – o que passou a ser alvo de investigação também.

Uma outra parlamentar foi acionada. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que aquela altura já havia denunciado o deputado para o MP do DF, telefonou para a Coordenação de Políticas para as Mulheres, do Governo de São Paulo, e assim a Polícia Civil entrou oficialmente na investigação.

Ao passo que a mãe conseguiu telefonar para Brasília, algo curioso aconteceu – relata Patrícia. A entrada de um repórter veterano na investigação também ajudou. Ao conseguir o contato de celular da jovem, ele ligou e conseguiu falar com ela, “no momento em que eu estava sozinha, sem o Bauer por perto”, relata a garota.

Mesmo assim, monossilábica, ela deu a dica de que algo estava errado. A Polícia foi acionada e chegou ao hotel. Foram parar todos na 4ª DP (Consolação), onde ela revelou o suposto cárcere privado. Bauer, que saíra do hotel, voltou e não encontrou mais ninguém no apartamento. ( Investigador aposentado, foi pego pela elite da Corregedoria da Civil numa calçada perto do hotel San Raphael ).

DENÚNCIA OFICIAL

Na segunda-feira chega à Procuradoria Geral da República a oitiva de Patrícia Lélis, de depoimento lavrado na 3ª DP (Campos Elíseos) de SP, para o delegado Luís Roberto Hellmeister. O caso de Feliciano ficará com a PGR, e na delegacia paulista continua o inquérito contra Bauer.

Ela confirma em detalhes a denúncia que relatou à Coluna Esplanada, do assédio de agressão do deputado dentro do apartamento funcional em Brasília. Depois que ela desapareceu da capital federal, a Coluna começou a publicar a série de reportagens – com o relato dela, as evidências de provas entregues e o áudio da conversa reveladora com Bauer – enquanto àquela altura, de SP, já sob poder de Bauer, ela gravava, segundo conta, os vídeos forçadamente.

Um personagem ainda de perfil misterioso entrara no enredo na quinta-feira (28), dia em que a garota conversou com o repórter e o advogado da Coluna numa cafeteria em Brasília. Emerson Biazon viajou de SP para a capital federal especialmente para orientar a jovem, que não tinha advogado.

Ele, porém, um jornalista, passou a tutelar os passos da jovem. Sob sua orientação, Patrícia não registrou B.O. na Polícia Civil de Brasília, como programava. E Emerson a levou para SP, onde encontraram-se com Talma Bauer, o chefe de gabinete de Feliciano. A Polícia paulista apreendeu o tablet de Biazon na noite desta sexta-feira (5), após ele cair em contradições. E passou a investigá-lo também.

Bauer, preso em flagrante ontem, foi liberado na madrugada deste sábado. Também está sob investigação e poderá ser indiciado. A jovem retornou para Brasília hoje com a mãe e vai depor ao Ministério Público Federal na segunda-feira.

DEFESA DE FELICIANO

O deputado federal e Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), um dos mais votados do Estado, líder do partido na Câmara e potencial vice de Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2018, corre risco de virar réu no Supremo Tribunal Federal.

A senadora Vanessa e quatro deputadas federais do PT o denunciaram no MPF e no MP do DF.

Neste sábado, Bauer, já livre, avisou que vai entregar ao delegado Hellmeister evidências de que não coagiu a garota.

Marco Feliciano, que postava no Twitter mensagens enigmáticas sobre o poder do silêncio, o quebrou. Gravou um vídeo ao lado da esposa e o divulgou em suas redes sociais. Nele, nega a agressão, diz que não sabia dos passos do assessor parlamentar e que perdoa a jovem ex-militante do PSC.

NOVA GUERRA DE VERSÕES

Neste sábado, tão logo pisou em Brasília, Patrícia Lélis descobriu que virou alvo de contra-ataque, segundo ela motivado pela mobilização de evangélicos defensores de Feliciano.

Na mesma moeda em que denunciou Feliciano com os ‘prints’ das supostas conversas dela com o deputado federal, surgiram nas redes sociais outros ‘prints’ de conversas atribuídas a ela, nas quais ameaçaria o deputado.

Patrícia argumenta que são montagens e que, assim que constituir advogado em Brasília na segunda-feira, vai denunciar o caso na delegacia de combate a crimes cibernéticos do DF.


Feliciano usou faca para sexo à força, relata mulher em B.O.
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Leandro Mazzini

> Jornalista registrou oitiva contra Feliciano, por tentativa de estupro, e B.O. contra assessor parlamentar, por sequestro qualificado

> Ela ressalta em depoimento que houve tentativa de estupro dentro do apartamento funcional

> Após detenção, delegado libera chefe de gabinete e reforça investigação para pedido de prisão; ele será indiciado

> Mulher fez exame de corpo de delito no IML

A jornalista Patrícia Lélis, que acusa o deputado federal Pr. Feliciano (PSC-SP) de assédio sexual, agressão e tentativa de estupro, revelou na oitiva que prestou ontem ao delegado Luiz Alberto Hellmeister, titular da 3ª DP de São Paulo, que o deputado usou uma faca para forçá-la a deitar na cama e se despir, na tentativa de sexo à força – o delegado confirma a informação prestada. Foi dentro do apartamento funcional em Brasília e o crime teria ocorrido dia 15 de junho.

Confira aqui a primeira denúncia

Veja aqui o cronograma da denúncia

Na gravação que fez com o chefe de Gabinete de Feliciano, Talma Bauer, Patrícia confirma o episódio – aos 35 minutos o diálogo se dá assim:

– Você teve relações sexuais com o Feliciano? – indaga Bauer, em tom de voz bem baixo.

– Sim, mas não foi consensual, é isso que tô explicando, não foi consensual – repete Patrícia.

Na conversa desta manhã, ela frisa, porém, que não houve conjunção carnal, embora, segundo relata, ele a tenha a apalpado e a beijado.

(Aqui, um detalhe: a Coluna divulgou em primeira mão na quarta só os primeiros 28 minutos do total de 57, por orientação de nossos advogados, para evitar maior exposição da suposta vítima, referente ao áudio sobre a relação não consensual. Deveria partir dela a denúncia criminal, o que agora ocorre com a oficialização do B.O. )

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DETALHES SÓRDIDOS

Em conversa por telefone com o repórter nesta manhã de sábado, já em Brasília, Patrícia Lélis confirma a acusação do áudio e relata os bastidores, os quais contou no boletim de ocorrência:

Após agredi-la com um soco na boca e um chute numa das pernas – ela ainda tem a mancha e fez ontem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de SP – Feliciano se apossou de uma faca, segundo a mulher, e a levou à força para sua suíte.

Teria a forçado a se despir, enquanto a beijava. Ela pulou da cama após descuido dele e começou a bater na porta e gritar. Foi neste momento que uma mulher tocou a campainha do apartamento e Feliciano a liberou.

PRISÃO  E SOLTURA

Talma Bauer foi detido ontem por agentes da Corregedoria e levado para a 3ª DP para prestar esclarecimentos, onde ficou durante horas até a madrugada.

O delegado Hellmeister informou à Coluna neste sábado que decidiu liberá-lo e colhe mais informações para pedir ou não a prisão temporária do assessor parlamentar. Uma nova testemunha do caso apareceu ontem quase madrugada, e mudou os rumos da investigação.

Em contato com a Coluna hoje, Talma Bauer se diz inocente e que vai entregar evidências de provas à Polícia na segunda-feira.

Bauer atua também como assessor do deputado Feliciano. Ele voltou a defender o parlamentar, mas não está mais reticente quanto ao áudio gravado pela mulher e revelado.

INVESTIGAÇÃO NO MP E PGR

O cerco se fecha ao deputado Feliciano no Congresso Nacional. Quatro deputadas federais denunciaram o caso ao Ministério Público Federal e a senadora Vanessa Grazziotin recorreu ao MP do DF – que deve acolher a denúncia e encaminhá-la à PGR.

Uma das frentes da investigação será solicitar à Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados os vídeos da portaria do bloco onde fica o apartamento funcional do parlamentar. Patrícia garante que há imagens dela entrando e saindo do apartamento.

Patrícia nega também que tenha sido amante do deputado. Segundo relata, o único episódio de aproximação íntima entre os dois foi justamente o da agressão e tentativa de estupro.

MAIS NOMES

No B.O., segundo conta a jovem, ela citou também quem a mandara ‘sumir’ de Brasília. Envolve os nomes do deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) e do presidente nacional do partido, Pr. Everaldo (RJ).


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