Coluna Esplanada

Arquivo : fevereiro 2013

Croniqueta: Um Boi para prefeito
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Leandro Mazzini

Aliedo

Se me coubesse o direito de indicar um candidato político, eu lançaria um boi para prefeito.

Eles, os animais, em muitos casos são mais racionais que políticos dentro de seus ternos e taillers. Pois aí está a primeira vantagem do boi: ele não precisaria usar roupas, exibiria com elegância o seu couro, que é ferido para confeccionar bolsas para madames. Tem outra: O boi não gosta de festas, não bebe, não fuma, não precisa de carrão com motorista e nem de assessores.Por isso e por outras coisas, não precisaria ganhar salários milionários.

Ah, boi não pensa? Pois tem muito prefeito por aí que pensa e faz besteira. No boi temos o consolo de seu silêncio. Ele observa os humanos e sabe berrar na hora certa – quando precisa comer ou quando é ameaçado -, ao contrário dos homens políticos que berram sem pretextos e não veem no silêncio uma grande arma para a introspecção. Isso ! O boi é introspectivo e deve nos olhar com um misto de desdém e pena. Os bois não são capazes de fazer em seus currais as merdas que os prefeitos fazem em seus gabinetes.

Outra vantagem do boi como prefeito é que ele dispensaria o gabinete, então o povo seria poupado de demasiados gastos com luxúrias da politicagem. Despacharia do pasto, reuniria lá os seus pares e decidiria o que fazer diante de tantos problemas causados pelos humanos, contra os animais e contra a espécie humana. Em suas reflexões, os bois comeriam capim e discutiriam sem brigas ou rixas partidárias – são do partido da boiada e basta -; ao contrário dos prefeitos, que se encontram com seus secretários e se xingam, para marcarem uma reunião após a outra. Os bois já sabem do que esses homens precisam: falta-lhes capim.

Em sua campanha eleitoral, o boi não teria gastos exorbitantes. Passearia calmamente pelas ruas da cidade e beberia água do rio, em vez de uísques pagos com dinheiro público para festas partidárias. Ele,o  boi, não pediria dinheiro a bicheiros ou a empresários corruptos, desdenharia dos palácios suntuosos e do ar condicionado, ficaria na rua  para ajudar a população, como puxar um carroceiro, aparar o capim do jardim de uma escola, mandar a vaca dar leite gratuito a quem necessitasse.O boi cederia parte de seu couro para o feitio de sapatos para alunos e, é claro !, alimentaria de fato a população.

Ninguém percebe isso. O boi é tão bom pra gente que é capaz de se deixar sacrificar em detrimento da fome dos homens. Ele merece uma estátua em cada município.

É o prefeito que nos falta!

Por Leandro Mazzini

Crônica do livro Corra que a política vem aí! (2010, Litteris Editora), 70 pág.
Capa e charges de Aliedo
Prefácio de Carlos Heitor Cony
Apresentação de Murilo Melo Filho


Apenas 29 deputados abrem mão dos 14º e 15º salários
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Leandro Mazzini

Desde ontem, pelo menos 484 dos 513 deputados federais – entre eles o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e o vice, André Vargas (PT-PR) – caem na folia com bolso cheio.

Além do 13º, eles receberam o 15º salário, e em Março embolsam o 14º, direitos concedidos por regimento aos mandatários  (Ato Conjunto de 30 de janeiro de 2003, art. 3º, §2º).  Todos os anos, a Câmara paga o 15º em Dezembro, para quem exerceu no mínimo três quartos das sessões. O 14º é pago 30 dias após o início do Ano Legislativo, ou seja, em Março.

Documento oficial da assessoria da Câmara mostra que só 29 deputados abriram mão destes salários extras. Os nomes do presidente e vice não constam (lista abaixo). O vice André Vargas diz que recebeu os extras. “Não sabia da lista e nem fui procurado”, justifica. O presidente Alves não foi localizado pelo blog.

Curiosamente, desde meados do ano passado ficou travado o projeto que extingue os dois salários extras, aprovado pelo Senado e recebido por comissão especial na Câmara. Em setembro, chegou-se ao cúmulo de o relator, deputado Afonso Florence, adiar por cinco vezes em um mês a leitura de seu relatório por falta de quórum. A manobra da trupe funcionou, o projeto não andou e Florence desabafou ao repórter: “Não tem lógica um deputado receber 14º e 15º num país em que o trabalhador só vai ao 13º”.

O resultado do achaque consentido no bolso do cidadão: apenas de Dezembro até mês que vem, cada um dos 484 nobres receberá R$ 106.800 (brutos)  – R$ 26.723 por mês. E o bloco da Folia com Verba Pública retoma os trabalhos só dia 19, quando a pauta do plenário estará decidida e o ano realmente começa para o escrete.

Os 29 deputados que abdicaram dos extras vão se reunir após o Carnaval para cobrar celeridade na tramitação do projeto que põe fim à farra.

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Veja lista

AFONSO FLORENCE

ALEXANDRE ROSO

AUGUSTO CARVALHO

BETO ALBUQUERQUE

BOHN GASS

CARLAILE PEDROSA

CARLOS SAMPAIO

ERIKA KOKAY

EROS BIONDINI

FABIO TRAD

FERNANDO FRANCISCHINI

FRANCISCO ARAUJO

FRANCISCO PRACIANO

HENRIQUE OLIVEIRA

IZALCI

JANETE CAPIBERIBE

JOAO CAMPOS

LAERCIO OLIVEIRA

LINCOLN PORTELA

LUIZ PITIMAN

MAGELA

POLICARPO

REGUFFE

RONALDO FONSECA

RUBENS BUENO

RUY CARNEIRO

SERGIO ZVEITER

SEVERINO NINHO

WALTER FELDMAN


Mozart, de volta à Câmara: “Tenho crença na instituição”
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Leandro Mazzini

 Eminência parda de seguidos presidentes da Câmara dos Deputados por 28 anos, o ex-secretário-geral da Casa Mozart Vianna volta ao posto após o Carnaval. Ele confirmou hoje à tarde ao blog o convite feito pelo novo presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), como publicado por Fernando Rodrigues em seu blog  .

Mozart acaba de passar pela Secretaria da Câmara e reviu ex-colegas e também futuros funcionários. Ele deixa a TV Globo em Brasília, onde trabalhou como consultor parlamentar por alguns meses. “Ainda vou conversar com o pessoal da TV na Quarta, mas está tudo acertado, 90% resolvido para eu voltar à Câmara”, disse ao blog. “Hoje à noite vou resolver com o pessoal lá de casa”, brinca, embora a decisão já esteja tomada.

Mas o que leva um reconhecido consultor legislativo a deixar altos salário e cargo na maior emissora do país, por um salário menor? “Henrique não prometeu nada de novo, não há motivação especial. Tenho crença na instituição. A qualquer tempo, onde eu estiver, vou continuar acreditando na Câmara”, justifica o retorno. “O ambiente na Globo é muito bom, então foi uma decisão muito difícil”.

O convite foi feito pessoalmente por Henrique Alves em dezembro, durante sua campanha para o comando da Casa. Na terça (5) à noite, Alves recebeu Mozart em seu gabinete na Câmara, ocasião em que ouviu o sim do futuro escudeiro. Alves e Mozart se conhecem do Salão Verde há mais de 30 anos.

“Ele disse que gostaria de trabalhar comigo pela experiência que tive no cargo, e pela nossa relação e amizade”, explica Mozart. O atual secretário-geral, Sérgio Sampaio – cria de Mozart – receberá de Henrique Alves uma missão especial, segundo relatou o próprio presidente.

Conhecido de todos, carismático e de fácil acesso por jornalistas, Mozart marcou seu nome no Poder Legislativo. Tanto que antes de passar pela Globo foi assediado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e surpreendeu ao aceitar seu convite para chefe de gabinete.

Seria exagero dizer que sua história se confunde com a Câmara. O que não se pode negar é que Mozart é tratado tão bem como uma excelência parlamentar por onde passa, com trânsito suprapartidário. Descarta porém qualquer sugestão de candidatura: “Nunca pensei em ser deputado, nem imagino. Não tenho voto nem em casa”.

No final de 2010, numa conversa com o repórter, Mozart concedeu uma rápida entrevista em vídeo sobre as previsões da relação da eleita Dilma Rousseff com a Câmara. Assista aqui

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SC: Suspeita de tortura pode ser a causa dos ataques
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Leandro Mazzini

As autoridades de Santa Catarina já conhecem o cerne da onda de violência que tomou as ruas da região metropolitana desde fim do ano passado.

Começou após dia 26 de Outubro, quando foi assassinada a agente prisional Deise Melo Pereira Alves, 30 anos. Era mulher do diretor da Penitenciária São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.

Deise foi alvejada com três tiros nas costas quando chegava em casa à noite. Foi o alvo errado, mas atingiu em cheio o marido, que vinha sofrendo ameaças pelo rigor no trato com detentos.

Conta-se nas hostes do comando das carceragens que, em vingança, o senhor Alves cortou todos os benefícios dos detentos, como visitas nos fins de semana e visitas íntimas. Primeira revolta.

Mas a situação desandou quando circulou pelas autoridades policiais a suspeita de que houve torturas de presos para descobrir o mandante do crime da mulher. Não há porém qualquer registro de queixa oficial.

Boataria ou não vindo das celas, aos poucos os bandidos foram avisados nas ruas e revidaram, como notório. Como nesta conhecida relação policial-bandido um ataque sempre causa contra-ataque, a situação ficou incontrolável.

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ARENA 2.0

Leitor avisa que o Partido ARENA está de volta no cenário nacional. Só no DF já foram recolhidas 1.551 assinaturas para registro. Precisam de 400 mil em todo o país.

NA UTI

O deputado Izalci (PSDB) reuniu-se com o ministro da Defesa para pedir investimentos no tradicional Hospital das Forças Armadas (HFA). Descobriu que há debandada de médicos, porque eles ganham menos que um contratado pelo Governo do DF. Para piorar a situação, lembra o deputado, relatos dos profissionais de que os concursados preferem abrir mão da vaga, e buscam outros hospitais. No HFA ficou internada recentemente a mãe da presidente Dilma Rousseff.

CARIMBADO

Enquanto o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) se prepara para assumir a CCJ do Senado, a carismática deputada Nilda Gondim, sua mãe, se esforça na Câmara. Apresentou projeto (4522/12) que regulamenta profissão de fabricante de carimbos.

RUMO AO NORTE

Bunge, Cargill, Cianport e Hidrovias Brasileiras preparam investimento biolionário para instalação de portos no distrito de Miritituba, em Iuaituba (PA), para escoamento da produção agropecuária do Centro-Oeste.

FORÇA, MENDES!

A presidente sofre com o câncer do amigo Mendes Ribeiro, ministro da Agricultura. Cogita o senador Blairo Maggi (PR-MT). Mas há um PMDB no meio da lavoura.

QUE CAIXA!

Os R$ 500 milhões que a Caixa separou para propaganda serão disputados em licitação por 26 agências. É a maior anunciante oficial de Brasília.


Renan dá diretoria a advogado que o defendeu contra cassação
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Leandro Mazzini

Cascais, de volta ao Senado

Seis anos depois da polêmica renúncia à Presidência do Senado, pela qual negociou a manutenção de seu mandato de senador, Renan Calheiros (PMDB-AL) convidou para Advogado-Geral do Senado o ex-titular do posto de sua última gestão, Alberto Cascais.

Cascais ocupou o cargo de Advogado Geral por dois mandatos. No último, deu pareceres contra todos os pedidos de abertura de processo de decoro parlamentar contra Renan no caso que o levou à renúncia da Mesa, ressaltando que a Comissão de Ética não tinha mais poderes que as outras para julgar a denúncia.

“Não tem o Conselho de Ética poder de requisitar documentos, determinar o depoimento pessoal de senador e a oitiva de testemunhas”, escreveu ele numa das recusas.

Cascais voltou discretamente ao cargo há poucos meses. No entanto com novo ano Legislativo, nova administração, renova-se tudo. E ele foi convidado pessoalmente por Renan. O senador pediu que se viabilizasse junto aos senadores para ser nomeado. Do contrário, dançaria.

Com o aval do novo presidente, Cascais fez uma campanha discreta. Circulou por gabinetes dos principais senadores nas últimas duas semanas para consolidar seu nome.

Renan também fechou a equipe que será o tripé da sua nova administração. A pedido do ex-presidente José Sarney, ele manterá Doris Marize Romariz Peixoto na direção geral do Senado.

O seu chefe de Gabinete será Luiz Fernando Bandeira de Mello filho. Atualmente ele é chefe de gabinete do ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho, que saiu de férias ontem. Bandeira foi convidado pelo próprio presidente do Congresso e aceitou.

O triunvirato de Renan será oficializado e anunciado após o Carnaval.

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Troca de diretores políticos estancou perdas maiores na Petrobras
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Leandro Mazzini

Para quem acompanha de perto a Petrobras, não é surpresa no mercado o prejuízo com a má administração dos últimos anos e o anúncio de que os sócios terão dividendos cortados. Em 2008, há testemunhas, o repórter ouviu de um ministro dentro do Palácio do Planalto: naquele ano, 62% dos lucros da petroleira foram pagos…. na Bolsa de Nova York. Ou seja, o petróleo já foi nosso um dia.

A presidente Dilma Rousseff decidiu agir rápido em abril do ano passado, quando recebeu relatos preocupantes. A ingerência política era tão profunda quanto o prejuízo de valor de mercado que a estatal amargaria, agora revelado. Pois a prospecção dilmista revelou que a petroleira era um poço de explorações partidárias que controlavam sob suspeição contratos bilionários. Três diretores ligados a três partidos foram defenestrados.

Dilma foi do conselho da petroleira, sabia o que mexer e onde estancar perdas maiores. Deu aval para a então recente nomeada comandante, Maria das Graças Foster (foto), fazer a limpa nos cargos de apadrinhamento na maior empresa do país.

Na diretoria de Abastecimento, saiu Paulo Roberto Costa e entrou José Carlos Consenza. Padrinhos de Costa, perderam PP e PMDB. Renato Duque deixou a diretoria de Engenharia. Petista da corrente Construindo um Novo Brasil, tendência interna mais poderosa do partido, era o nome do ex-ministro José Dirceu.

O PT saiu perdendo. No lugar de Duque entrou José Antônio de Figueiredo, nome de confiança de Graças Foster na estatal.

Na diretoria Internacional, ficou por pouco tempo Jorge Zelada. Ele era apadrinhado da bancada do PMDB do Senado. Zelada tentou emplacar um subordinado no lugar, mas os conselheiros não toparam. Quem assumiu foi a própria presidente Graças Foster.

A Petrobras tem 10 membros no seu poderoso conselho de administração, entre eles o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Gente da alta cúpula do governo que se reúne esporadicamente para fazer a empresa crescer. Pelos números, não têm dado conta.

De capital aberto, a empresa também conta com dois conselheiros representantes dos acionistas Detentores de Ações Preferenciais – aquela turma supracitada que embolsou 62% em 2008. Desde ano passado, são eles Jorge Gerdau, o maior empresário do setor de aço, e Josué Gomes da Silva, líder do setor têxtil, filho do saudoso ex-vice-presidente José Alencar.

Provavelmente a dupla que acompanha os desencontros numéricos da petroleira deve ter muito a desabafar para seus sócios.

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JOGO DE CINTURA

Duas visitas interessantes na agenda da presidente Dilma ontem. Pela manhã, o senador Blairo Maggi (MT), cotado para ministro no eventual retorno da aliança PR-Planalto. E à tarde o presidente Henrique Alves, que desta vez não levou bambolê.

SILÊNCIO

Procurado há dois dias, o CNPq não respondeu a coluna: há suspeita de que sua sede não tem Brigada de incêndio, saídas de emergência e plano de evacuação.

ABAFA

Desde que ocorreu a tragédia na boate Kiss, quatro brigadistas de incêndio que nunca deram as caras circulam pelo Salão Azul do Senado.

RECURSO EXTRA 

A poderosa Associação dos Juízes Federais comprou a briga dos magistrados contra o CNJ, que elabora regras para participação dos togados em eventos e patrocínios para a turma. A entidade quer debate com a classe. A Ajufe informou que não aceita “dúvidas sobre a idoneidade” dos juízes. Desse jeito, o caso vai parar na… Justiça.

CRIME

A Polícia do Piauí encontrou o corpo do ex-vereador Emídio Reis da Rocha, desaparecido desde quinta passada perto de São Julião. Suspeita-se de execução.

PONTO FINAL

E o Tiririca, hein!? Descobriu que a Câmara é um circo e é grande a concorrência para palhaço.


Ex-presidente da Câmara escreve livro “Barrigadas da imprensa”
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Leandro Mazzini

Meia à brinca, numa primeira referência, mas sério na segunda citação, o ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS) fez uma revelação na noite de terça-feira, 5. Vai escrever um livro sobre “as barrigadas da imprensa” e já faz pesquisa. Os interlocutores foram este repórter e a jornalista Denise Rothenburg, no making off do programa Frente a Frente, na REDEVIDA.

No jargão jornalístico, barrigada significa notícia falsa ou mal apurada. Acontece, embora a imprensa, ele próprio reconhece, acerta muito mais do que erra. Apesar da página virada ao deixar o terceiro cargo mais importante do país, o parlamentar não perdoa alguns jornalistas e veículos  que publicaram notícias consideradas fantasiosas a seu respeito. “Não coloco toda a imprensa no mesmo balaio”, ressalta.

Ele nega que tenha tido relação difícil com a presidente Dilma: “Chegamos a nos ligar diariamente para negar isso; Trabalhei com ela em Porto Alegre” (na administração Alceu Colares). Ficou irado quando blogs divulgaram nota falsa de que criaria uma engraxataria de luxo na Câmara, e também que pedira ministério à presidente, ou em outro caso, cargo para apadrinhado no Banco do Brasil. Nega tudo veemente.

Por essas e outras, diz Maia, ele vai escrever a sua versão e eternizar em livro sua crítica ao jornalismo inventivo.

Entre os 513 deputados federais, Marco Maia teve ascensão meteórica. Ex-metalúrgico e torneiro mecânico, surgiu político e foi eleito deputado em 2006. Com discurso lapidado no movimento sindical, o filho de Canoas (RS) deixou de ser mais um entre tantos com longos mandatos e grandes poderes no Congresso. Em 2007, no primeiro mandato, surpreendeu ao tocar com rigor a relatoria da CPI do Apagão Aéreo, que o alçou aos holofotes.  No segundo mandato enterrou as pretensões de Candido Vaccarezza (PT-SP) tornar-se presidente da Casa e subiu ao posto.

De volta ao plenário, Maia afirma que está feliz com sua carreira política. E que não cobiça algo por ora. Sem vaga para o Senado em 2014, deverá se dedicar à reeleição para deputado. Questionado sobre o salário de deputado, acha um valor justo os R$ 26 mil. Daqui a dois anos, se apresentará às urnas com pompas de quem sentou na cadeira da Presidência da República por três ocasiões nos últimos dois anos, por força do cargo e da ausência dos titulares.

O dia mais feliz da sua vida? “Quando ocupei a presidência pela primeira vez, numa viagem de Dilma, e recebi uma ligação do (ex-presidente) Lula, que me disse: estou te ligando para parabenizar porque tu és o segundo torneiro mecânico a sentar nesta cadeira”.

Liberto das dezenas de compromissos do cargo que ocupou, o parlamentar agora se debruça sobre a mesa para destilar no papel o que vem por aí. Sem revelar detalhes,  qualquer previsão seria uma barrigada.

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Renan vai “importar” nome para Secretaria de Transparência
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Leandro Mazzini

O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), estuda nomes independentes, como diretores de ONGs, não ligados a políticos e sem qualquer apadrinhamento de senadores para ocupar a Secretaria da Transparência que prometeu em sua posse.

Será criada após o Carnaval. No esforço de apagar o escândalo de 2007 junto à sociedade, hoje – se houver tempo na agenda – ou depois do feriado ele reúne a Mesa Diretora e anuncia uma limpeza: cortes de cargos e diretorias.

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LIMPEZA DE ALVES

A limpeza do presidente da Câmara, Henrique Alves, no segundo dia como presidente, foi literal. As quadras onde moram os deputados foram tomadas por tratores, pás e cortadores de gramas.

SOBE E DESCE

O líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ) anda distante do Planalto. Ontem às 17h, com líderes da base no Palácio, ele visitava a presidência do… DEM, no 26º andar do Senado. À coluna, Cunha explicou que escalou o deputado Marcelo Castro (PI) para representá-lo no debate sobre Orçamento.

RAPAPÉ

O vice-presidente Michel Temer recebeu no Palácio do Jaburu na noite de segunda os principais nomes do PMDB para um jantar de poucos, no qual teve muito a comemorar. Com exceção de expoentes da bancada mineira, que ficará sem ministério reivindicado, ninguém saiu triste dali. Eduardo Cunha soltou: ‘Estamos todos afinados’.

O NOME

O baiano Walter Pinheiro (PT) tornou-se um dos senadores mais paparicados do Congresso. Sob sua mesa está a relatoria do projeto que cria a Secretaria de Microempresa de Dilma, e a nova tabela do FPE. Já cobrou o presidente Renan.

INTROSPECÇÃO

Com derrota para a presidência da Câmara, a ex-vice Rose de Freitas (PMDB-ES) recolheu-se ontem decepcionada com os votos que teve. A conta era outra. Agora ministra do TCU, a ex-deputada Ana Arraes (PE), filha do saudoso Miguel, disse um dia à coluna: ‘Papai me ensinou que a dor do voto é maior que a dor do amor’.

DEMISSÕES

O novo líder do PMDB na Câmara mandou para rua ontem uma funcionária com 20 anos de experiência e surpreendeu o gabinete. Não será surpresa no Senado. Em nova roupagem, Renan Calheiros vai passar a vassoura em cargos de confiança de décadas.

INFLAÇÃO NO PLENÁRIO

É só coincidência, ou não. No dia que tomou posse a nova Mesa, o café espresso na lanchonete do SENAC da Câmara subiu 25%, para R$ 2,50.


Deputado denuncia risco na fronteira
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Leandro Mazzini

Policial Militar licenciado, o deputado federal Otoniel (PRB-SP) sobe à tribuna da Câmara nesta terça para denunciar o que viu na fronteira em viagens recentes.

Segundo ele, na Ponte da Amizade Brasil-Paraguai, só atuam cinco agentes federais, que se revezam. É muito pouco para um vaivém de 30 mil pessoas por dia, nos seus cálculos.

A porta literalmente aberta ele denuncia no posto de divisa terrestres com a Argentina: as seis cabines do lado brasileiro estão vazias.

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Suplência de deputado do DEM vira novela jurídica
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Leandro Mazzini

Uma polêmica a suplência do deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) na Câmara Federal. Pauderney assumiu uma secretaria do prefeito Artur Virgílio (PSDB) em Manaus, mas pretende ficar por pouco tempo.

Os atrativos para o suplente não são poucos, e tradicionalmente a vaga é disputadíssima: um salário de R$ 26 mil, benefícios sociais estendidos à família e uma boa verba extra. No caso de Pauderney, pelo contrário. Como seus suplentes têm mandatos, e dificilmente vão driblar as legislações, terão que optar por um dos cargos.

Aí começou o problema.  O primeiro suplente da bancada é um comunista titular da Secretaria de Produção Rural na capital do Amazonas. Como é mais fácil o homem pisar em Marte que o DEM aceitar na vaga Eron Bezerra (PCdoB), foi convocado à missão o segundo suplente.

Caiu no colo de Plínio Valério (PSDB), vereador manauara. Como Pauderney pretende voltar a Brasília daqui a um ano, Valério revelou aos aliados que só assume se conseguir se licenciar do cargo de edil, o que lhe garante quatro anos. Seu obstáculo é um parecer contrário do ex-deputado Inaldo Leitão, então corregedor da Câmara Federal, para caso similar anos atrás.

Não satisfeito, Valério recorre a uma recente manobra jurídica digna do jeitinho tupiniquim. Preparou um pedido de licença da Câmara de Manaus válido por 120 dias, ao passo que contratou a peso de ouro o conhecido advogado das hostes brasilienses José Eduardo Alckmin, que entrou com mandado de segurança no STF.

A defesa cita o caso Marta Suplicy: seu suplente no Senado, o vereador Antonio Carlos (PR), conseguiu se licenciar do cargo em São Paulo para o qual acabou de se reeleger, e assegurou a vaga.

Se alçado a deputado, o vereador causa um efeito paralelo: sua posse faz a bancada do PSDB (48 excelências) se aproximar do novato PSD (51), que chegou à Casa como gente grande apesar de recém-nascido, e abrilhanta o orgulho tucano.

E como não bastasse a novela, mais uma vez uma decisão política cai nas graças do Supremo Tribunal Federal.

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