Coluna Esplanada

Arquivo : janeiro 2015

Esqueceram de mim (na cadeia) – com João Paulo Cunha e o PT
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Leandro Mazzini

cunha

Foto extraída do jornaltabloide.com

As frustradas tentativas de deixar a prisão valem ao ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT) um papel num filme tragicômico parodiando ‘Esqueceram de mim’. O PT o ‘esqueceu’ no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília. Saíram das celas felizes os mensaleiros José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino. Ficou João Paulo, triste, desolado e petista solitário.

A exemplo do trio supracitado, os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR), Bispo Rodrigues (PR) e Pedro Henry (PP) também já cumprem em regime aberto suas penas. Outros dois, além de João Paulo, pediram progressão de pena ao STF, ainda sem sucesso. Os ex-deputados Romeu Queiroz (PTB) e Pedro Corrêa (PP).

Mas João Paulo é o caso mais emblemático. Sem solidariedade dos colegas e do partido, ‘mofa’ na cela, onde já leu mais de 60 livros. Está deprimido desde antes da prisão, contam amigos. E dos estrelados petistas condenados pelo famigerado mensalão, foi um dos menos problemáticos: um saque de R$ 50 mil e contratos irregulares de publicidade durante a gestão da presidência da Câmara – ‘fichinha’ perto do esquema no geral.

João Paulo paga, no entanto, pelo conjunto da obra. Quando o Jornal do Brasil denunciou o esquema na manchete ‘Planalto paga mesada a deputados’, em 2004, o petista arquivou em poucas horas uma investigação pedida pela oposição. Todos estes mensaleiros devem a ele a gratidão por ter blindado a bandidagem – a mesma que agora o abandonou. O mundo caiu quando, abandonado pela quadrilha, o também culpado Roberto Jefferson (PTB) abriu a boca em entrevista à Folha de S.Paulo. Jefferson está preso no Rio, mas tem esperança de ganhar regime aberto em fevereiro (Da cadeia coordenou a condução da filha Cristiane Brasil ao comando do PTB há poucos meses).

Antes de ser condenado e preso João Paulo ainda se esforçou. No cargo de deputado, investiu do bolso a confecção de livretos com sua tese de defesa, distribuiu para autoridades e deputados. Visitou ministros do Governo na Esplanada na tentativa de que usassem suas amizades com os amigos do STF para sensibilizá-los. Em vão.

João Paulo pagou parte de sua multa de R$ 373.511,12 com sobras da campanha de arrecadação feita pelo PT, depois que Dirceu, Genoíno e Delúbio, com prioridade, se livraram com a ‘vaquinha’. Mas só isso não foi suficiente. Ele continua na cadeia porque a multa total é de R$ 536.440,55, valor estipulado pela Vara de Execuções Penais do DF.

Faltam por baixo uns R$ 160 mil. Cunha está falido, diz a defesa. Ninguém mais no PT se mexeu por ele. Nenhuma campanha nas redes sociais, tampouco solidariedade em ‘vaquinha’ entre amigos partidários que outrora dividiam mesas fartas com os melhores vinhos com o petista.


Tucano Virgílio passa de fênix a novo morubixaba do Amazonas
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Leandro Mazzini

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No auge de sua glória política, pouco mais de quatro anos atrás, o ex-presidente Lula propalava para aliados que queria aposentar adversários, ou encerrar as suas carreiras políticas, e elencou seus principais alvos: Excluir do Senado nomes importantes do PSDB como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio e Sérgio Guerra (in memoriam), entre outros. De certa forma conseguiu. Jereissati voltou para os negócios, Guerra preferiu uma eleição vitoriosa para a Câmara e Virgílio foi derrotado por Vanessa Grazziotin (PCdoB). Opositor mais ferrenho de Lula e do PT, Virgílio foi para Portugal e muitos deram sua vida pública como encerrada. Seu retorno em 2012 e a eleição para a prefeitura de Manaus – com vitória sobre Grazziotin, num tira-teima de 2010 – mostraram que o tucano tornou-se uma fênix da política nacional.

É comum no bordão popular e na literatura política classificar líderes partidários e mandatários poderosos como caciques – o Brasil está cheio deles, de Norte a Sul. Não é diferente na cosmopolita Manaus. Ao ressurgir forte na capital, embora longe do cenário nacional, o prefeito Arthur Virgílio Neto tornou-se um dos novos caciques da política local, ou o morubixaba escolhido pelos manauaras. Morubixaba é o manda-chuva, chefe temporal, conta o dicionário. E também no vocabulário do poder amazonense. Já foram morubixabas recentes Amazonino Mendes e Eduardo Braga, que perdeu a eleição para o governo do Amazonas. Braga ‘caiu para cima’ e foi nomeado ministro de Minas e Energia (no cargo, empurrou para Deus a responsabilidade do setor elétrico e de literalmente mandar chuva para que se evite apagão).

Ainda sob desconfiança, os manauaras deram chance a Virgílio de se reerguer, e ele tem se esforçado para isso. Assumiu a prefeitura inchada com 33 secretarias, reduziu para 23 e agora quer tocar o governo com 19 pastas. Em tempos de recessão na economia, segue a linha de outros gestores e pretende segurar 12,6% do Orçamento de R$ 4 bilhões deste ano. Também estuda cortar 300 cargos comissionados, reduzir em R$ 10 milhões os custos com frota veicular e renegociar a dívida ativa do município com os bancos – almeja assim segurar mais uns R$ 100 milhões.

Boa vontade, obviamente, não falta. Caberá a Virgílio provar a competência para isso, e também a manha política para gerir com o apoio da Câmara Municipal – ele elegeu os últimos dois presidentes. Virgílio renasceu devagar para a política desde 2012, sem a atenção dos adversários do Sul do País que olham para os próprios umbigos e não observam o potencial do Norte que elege expoentes como Vanessa, Eduardo e o senador eleito Omar Aziz – outro morubixaba que hoje anda de mãos dadas com o prefeito. Bem avaliado, Virgílio elegeu o filho Arthur Bisneto o deputado federal mais votado do Estado. E os números que têm em mãos não o desmentem: pesquisas internas apontavam que, se candidato ao governo ano passado, venceria com folga.

O prefeito não quis deixar o mandato pela metade, sabe que há muito a fazer no município. E também porque apoiou incondicionalmente o governador eleito José Melo (PROS) – na última terça abraçou o aliado no velório da mãe do governador, antes de conversar com o repórter ao telefone. Abatido, revelava nas palavras a sensação de impotência do homem diante da morte, a única das certezas da vida. E tem investido em vidas – construiu mais 12 creches (Acredite, Manaus, com mais de um milhão de habitantes, só tinha uma até poucos anos atrás). Na esteira, ergueu também 22 Unidades Básicas de Saúde, para atendimentos emergenciais e clínicos, a exemplo das famosas UPAs do Rio de Janeiro.

Na saga de não-aliado do governo federal, diz que espera contar com o bom senso da União em prol dos manauaras. Ano passado teve dedos de prosa com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, atrás de recursos de ministérios para a prefeitura (Manaus tem contado apenas com os repasses constitucionais obrigatórios). Contará agora com a atuação do filho em Brasília, que terá muito de competência a provar. Outro teste.

Virgílio é candidato à reeleição, essa é outra certeza no projeto político. A incerteza está na vaga do vice na chapa. Hoje, disputam a indicação o ex-deputado estadual Marcelo Ramos (PSB) e o atual presidente da Assembleia Legislativa, Josué Neto (PSD).

Um detalhe. Atentem para o paulista-manauara Omar Aziz (PSD). Um vice discreto de Eduardo Braga no governo, assumiu a vaga, foi reeleito em primeiro turno, fez o sucessor em 2014, elegeu-se senador e ainda enterrou a pretensão do ex-aliado de voltar ao Governo. Caiu nas graças do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e pode surpreender muitos colegas no Senado que se acham professores de estratégia.


Médium cuida da saúde de Lula
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Leandro Mazzini

O famoso médium João de Deus, fundador da Casa Dom Ignácio, em Abadiânia (GO), foi procurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para curá-lo da reincidência do câncer. Tornaram-se amigos desde que o ex-presidente fez tratamento alternativo com o curandeiro contra o câncer na laringe, já curado.. Lula foi visto em Abadiânia em meados do ano passado, e depois João de Deus passou a visitar o ex-presidente em São Paulo periodicamente.

A reincidência atingiu um órgão vital do ex-presidente, segundo fontes ligadas à família de Lula, e o ex-presidente passou prioritariamente a se tratar durante a madrugada no hospital Sírio Libanês, com medicamento importando e de forte dosagem, ao preço de aproximadamente R$ 30 mil por mês. O que, segundo relatos de quem o acompanha, evita quimioterapia e reduz drasticamente os efeitos no corpo.

De posse da informação, no início de janeiro a Coluna procurou o Instituto Lula e o Hospital, que preferiram não se pronunciar. Após a publicação, dia 4, o Instituto negou e o hospital apenas repetiu o boletim médico de novembro, informando que o quadro estava normal.

João de Deus tem fama internacional. Com ajuda de entidades espirituais, propalam seguidores, suas cirurgias em doentes são realizadas com sucesso em Abadiânia. Ele curou de doença grave um dos herdeiros da Audi, e assim foi convidado a visitar a Áustria. Um séquito de poderosos políticos e empresários passa pelo interior de Goiás atrás do curandeiro. O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa já foi visto lá, assim como o presidenciável Aécio Neves, que acompanha nas visitas um familiar.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sonha ser candidato ao Palácio do Planalto novamente em 2018, mesmo que isso valha um esforço descomunal de sua saúde, ainda debilitada. Como 2014 seria um ano importante para o PT e a presidente Dilma, que tentaria a reeleição, Lula tratou seu caso como segredo de estado – qualquer vazamento a respeito de sua saúde afetaria diretamente o projeto de poder do partido.

Ainda de acordo com a fonte, Lula estaria com a recaída do câncer sob controle, sem riscos imediatos de metástase. Após a revelação da Coluna, começou uma caça às bruxas na família do ex-presidente, porque só parentes e alguns poucos médicos tinham acesso à informação.

Há algo no Poder que incomoda os mandatários ou quem já dele saboreou: ficar longe.. do Poder. Lula quer voltar a comandar o País e se esforça em mostrar que está bem no quadro clínico. E sabe que há nomes potenciais em ascensão dentro do PT, como Fernando Pimentel (MG) e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.


Hartung e a força-tarefa capixaba
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Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – aliedo.blogspot.com

Mal tomou posse e o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), programou uma série de visitas a Brasília para tentar convênios com ministérios – e conferir o andamento dos atuais, fechados pelo governo antecessor. Os capixabas passam por um momento crítico desde alguns anos atrás, quando perderam o Fundap, abastecido pelo ICMS diferenciado para importação que reforçava os cofres do Estado.

O cenário desandou durante uma gestão esforçada, mas infeliz do antecessor Renato Casagrande (PSB) – apoiado e lançado pelo próprio Hartung em 2010. Casagrande, vindo de carreira brilhante e em ascensão no legislativo – foi deputado e senador, saiu encorajado do gabinete em Brasília para o Palácio Anchieta (Numa tarde do início de 2010 no gabinete do Senado o repórter o encontrou animado com equipe enumerando as metas para cada setor, ciente da iminente vitória).

Mas no cargo enfrentou os mais variados problemas. Montou um time criticado até por aliados, veladamente, e encarou a pior crise de caixa com a perda das receitas. O Tesouro prometeu R$ 3,5 bilhões para compensar a perda do Fundap, a granel. O atual governador concentra-se numa equação paradoxal com um Orçamento apertado: segurar as contas e também investir.

Enquanto Casagrande se contorcia para não perder apoio popular, perdia apoio político discretamente. Afastado do Poder desde que deixou o governo, o economista Hartung submergiu. Mergulhou os quatro anos em estudos meticulosos de números da Economia do País e em especial do Estado; mesmo longe, avaliou de perto cada passo do governo de Casagrande, mapeando avanços e entraves. Ministrou aulas em faculdade e rodou o Brasil como palestrante convidado (tornou-se um cidadão comum, circulava de mochila e calça jeans, mostrou assim desapego ao Poder e ganhou simpatia).

Deste modo, quieto, Hartung redescobriu um Espírito Santo em letargia político-econômica, e de seu bunker (em diálogo constante até com alguns membros do Governo) elencou metas, e para surpresa do aliado no cargo anunciou-se postulante novamente ao Palácio. Até conquistar a vaga pela terceira vez, uma moqueca eleitoral foi servida na campanha com ataques mútuos (inclusive pessoais) entre os dois principais candidatos, outrora amigos e aliados.

Vencedor, PH – ou Imperador, como é chamado por aliados e desafetos nos bastidores pela peculiaridade que imprimiu no Executivo, com marca de competente centralizador – agora parte para uma maratona de encontros com empresários, governadores e União para reinserir o Espírito Santo no cenário nacional.

Conseguiu um time partidário de peso para suas incursões, em companhia da senadora eleita Rose de Freitas, do senador Ricardo Ferraço, e do deputado federal Lelo Coimba – todos do PMDB como ele. A despeito da força-tarefa, Hartung tem know-how para viradas. Suas duas gestões no Palácio Anchieta foram notabilizadas nacionalmente pelo equilíbrio das contas públicas e retomada de investimentos em variados setores, elevando o PIB capixaba. Em especial, destacou-se também pela queda dos índices de criminalidade na grande Vitória.

Hartung tem garantido a aliados e publicamente que não vai se candidatar à reeleição em 2018. Especula-se que seu indicado natural será Ferraço, preterido por Casagrande em 2010, ajudado pela conjuntura política. Os próximos anos mostrarão se o Imperador capixaba terá fôlego para esse desafio de rearranjo local, ou se o Estado continuará à deriva nesse mar de recessão nacional.

O ex-governador, que saiu ferido do combate e se dizendo traído, assumiu a presidência da Fundação João Mangabeira, do PSB, e viaja o País para unificar o partido para 2018. Casagrande é pule de dez para disputar a prefeitura de Vitória ano que vem, e com chances. Tão competente quanto Hartung, faltou-lhe sorte no cargo e a experiência no Executivo que o ex-padrinho teve. Mas discretamente mostra que está no jogo. Há relatos de que montou um bunker com boa equipe para acompanhar cada passo do governo do agora rival.

Criador e criatura, Hartung e Casagrande podem se reencontrar numa eventual disputa em 2018 para o Palácio – é cedo para cravar que Hartung não será candidato, e muita moqueca será servida nas mesas do Poder.


‘Jader’ na Pesca e ministro de MG são estratégias de Dilma contra Aécio
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Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - http://aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – http://aliedo.blogspot.com

Enquanto adversários apontam compensação patrocinada pela presidente Dilma para um aliado de campanha que perdeu a eleição, outros indicam que a chefe da nação sabe o que faz e tornou-se uma boa jogadora no tabuleiro do xadrez político.

Ao nomear Helder Barbalho ministro da Pesca, Dilma reinsere o pai, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), no rol do Poder do qual se afastara desde que renunciou ao Senado Federal, e segura parte do PMDB fiel a ela. Jader ainda é um respeitado cacique político do Norte do Brasil, e foi um fiel aliado desde o início da campanha de 2014. Dilma venceu a eleição no Pará comandado pelo PSDB.

Helder na Pesca representa o governo federal e o PT num Pará que disputa com Santa Catarina a liderança do pescado no Brasil, num Estado do Norte onde o governador tucano Simão Jatene dá de ombros para o setor – bem organizado empresarialmente, vale lembrar.

A estratégia de Dilma é um golpe no PSDB em duas frentes, e envolve caso similar em Minas Gerais.

A ida de um desconhecido pastor mineiro do PRB para o Ministério do Esporte, que se tornará a pasta mais importante em 2016 por causa dos Jogos, fortalece o PT e Dilma Rousseff no segundo maior colégio eleitoral do País, em especial o principal reduto do presidenciável Aécio Neves, do PSDB, seu potencial candidato.

Golpe duplo no tucanato para consolidar a presença petista em dois importantes Estados com grandes colégios eleitorais.


Pimentel, o pré-selecionado por Lula para 2018
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Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - aliedo.blogspot.com

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Com a idade avançada – terá 74 anos em 2018 – e a saúde ainda comprometida, Luiz Inácio Lula da Silva começa a pensar desde já num sucessor da Era Dilma Rousseff se não tiver forças para se candidatar daqui a quatro anos. Seu sonho é voltar à Presidência e ficar mais oito anos. Mas não depende só dele.

Daí Lula revelar para os petistas mais próximos que o escolhido para o Plano B, por ora, é o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. E tudo só depende do próprio governador. Caberá a ele fazer uma boa gestão no segundo maior colégio eleitoral do País que sua estrela ascenderá no partido, com as bênçãos do padrinho fundador. E da própria Dilma, de quem Pimentel é amigo e confidente de décadas.

Todo o cenário converge para o nome de Pimentel. Lula cansou das derrotas de Marta Suplicy e Aloizio Mercandate em São Paulo. Nomes novatos que surgiriam como trunfo o decepcionaram. Lindbergh Farias teve resultado pífio na eleição do Rio e é suspeito de figurar na lista de Paulo Roberto Costa (ex-Petrobras). Alexandre Padilha foi um fiasco na disputa pelo governo de São Paulo, e na capital, o prefeito Fernando Haddad patina na reprovação popular.

Elevar Pimentel a presidenciável é estratégico também se o potencial adversário for o ex-governador Aécio Neves. A possibilidade de derrotar o tucano pela segunda vez seguida em seu próprio Estado faz marejar de felicidade os olhos de estrelados petistas.

SECA: SÓ REZA SALVA

Tem gente que acredita, tem gente que não. Na dúvida, os mandatários ficam com a tradição de parcerias que a Fundação Cacique Cobra Coral mantém com o Ministério de Minas e Energia, governos de Estados, prefeitura do Rio e até outros países (Venezuela, na Era Chávez) e organizações internacionais. Para quem não conhece, trata-se de um trabalho mediúnico da brasileira Adelaide Scritori, que recebe orientações do Cacique. Faz chover ou não, dependendo do lugar. E dá certo, garantem clientes.

Só não deu em São Paulo, que, segundo a FCCC, não faz o dever de casa. Sim, obviamente, não só a reza forte ajuda, é fundamental ter a ação humana.

Segundo a assessoria, foi dada uma pausa na Operação Ilumina Brasil porque está na mesa do ministro de Minas e Energia Eduardo Braga a minuta de renovação do contrato do governo com a FCCC – em tempo, não remunerado, para todos os casos. Edison Lobão seguiu à risca. José Sarney é cliente desde que presidente da República, quando a médium previu problemas no avião presidencial e ele deixou de viajar. A FAB, depois, comprovara uma peça falha numa turbina. E pelo relato enviado à Coluna, sabem do que falam:

‘Estamos ajudando os Estados do Sudeste a sobreviverem à seca; É dado um ultimato ao (Geraldo) Alckmin (Governador paulista): se prosseguisse com o plano de avançar sobre as águas do (rio) Paraíba do Sul para socorrer o (sistema) Cantareira, a Seca voltaria. O caso ficou sub judice e o STF autorizou tal Aberração ambiental onde vai acontecer o que já ocorre com nosso Velho Chico…(rio São Francisco que sofre com a seca)’, diz a médium, através da assessoria.

‘Como o Estado do Rio e a Prefeitura têm o Registro Hídrico na mão (FCCC) e não querem se indispor com a União, estão pedindo água para o Rio não secar. Ocorre que as águas enviadas para a divisa de SP com o Rio (Serra da Bocaina) onde fica a nascente do Paraíba do Sul começaram a serem retidas pelo Alckmin em SP e não chegam ao rio PB do Sul’.

‘Foi aí que o cacique disse que enquanto o MME e o Planalto não se manifestarem com relação à renovação do convênio (Como sempre isento de ônus financeiro, mas não ambiental) teremos que mudar a estratégia anterior de levar chuvas através da divisa com SP, e elevar as precipitações em Minas Gerais’, disseca com autoridade.

E sentencia: ‘É que as chuvas que provocaram alagamentos em São Paulo e que entraram no rio Paraíba do Sul não vão chegar ao Norte do Estado do Rio nem melhorar o nível do PB do Sul; Todo o volume de água que entrou no rio PB do Sul vai ser contido pelas autoridades de São Paulo para compensar a situação crítica no sistema Cantareira. Este acréscimo de 10cm que houve no PB do Sul, especialmente em Campos, é de águas que chegam de Minas Gerais pelo rio Muriaé. Após subir estes 10cm, o nível está estabilizado e se não voltar a chover em Minas, certamente em seguida, o nível do Paraíba do Sul voltará a recuar’.

Em suma, acreditem ou não na entidade, a incompetência dos gestores públicos de anos traz uma certeza hoje: só reza forte ajudará o Rio e São Paulo contra a seca.

PONTO FINAL

Circula em Brasília a fictícia resposta da presidente Dilma para Marta Suplicy, após desabafo sobre o PT ao Estadão: ‘Relaxa e goza!’


Kassab, o estorvo do PMDB
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Leandro Mazzini

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Foto: EBC

Expoentes do PMDB declaram reservadamente em restaurantes de Brasília e São Paulo que o partido terá seu candidato a presidente em 2018. Um cardápio à mesa com prato frio que se repete há anos, não fosse a salada que o novo maître do cenário político prepara para os próximos anos no banquete do Poder. Ele atende por Gilberto Kassab.

O ex-prefeito de São Paulo tornou-se um promissor construtor de partidos e tem mexido com as previsões das conjunturas políticas regionais e nacional. O seu PSD, fundado com a ajuda velada do Palácio do Planalto, tornou-se um trunfo eleitoral para o PT em 2014. O PL que Kassab quer – e vai – ressuscitar será um estorvo para o PMDB, que já prevê o perigo do poder político de Kassab com seus dois partidos, e começa a se movimentar para não ser alijado das negociações futuras.

O PSD tornou-se tão importante no plano federal que governadores aguardaram a confirmação de Kassab no comando do Ministério das Cidades para escolherem seus secretários de Habitação – pastas intimamente ligadas, elo de Brasília com as capitais. Foi o caso de Paulo Câmara, de Pernambuco, que cedeu o cargo para o PSD. O esboço escancarado do novo PL por Kassab o tornou indiretamente o maior incentivador do PMDB. O partido robusto que se arrasta de um lado para o outro do palanque para se manter no Poder desde a morte de Ulysses Guimarães agora já pensa na candidatura presidencial, e tem nomes para isso.

Mas por quê? Os movimentos de Kassab apadrinhados pelo PT demonstram que o ministro formata um grande partido aliado de Lula e Dilma para 2018, para fazer frente ao PMDB. Não é segredo entre parlamentares no Congresso Nacional: depois de inflar a legenda com mandatários egressos do PMDB, PP, DEM e PSDB, e enfraquecer essas siglas, a meta de Kassab será fundir PSD e PL, criar enfim um terceiro e forte partido, para apresentá-lo ao PT como o grande aliado em lugar do PMDB daqui a quatro anos.

Motivos evidentemente não faltam. De um lado, Kassab entra para o rol dos grandes caciques da política brasileira e potencializa seu poder de barganha; de outro, o PT deixa de ser vítima de um PMDB cujos líderes desde 2003 enfiam a faca no pescoço dos presidentes da República por cargos, ministérios, projetos etc. O PT também se livraria da supremacia peemedebista que se consolida no comando da Câmara e do Senado Federal.

Daí os caciques do PMDB iniciarem o ensaio de uma candidatura a presidente da República. Eles entenderam o plano de Kassab, e a simpatia dos petistas. Nomes ao PMDB também despontam. Vêm do Rio de Janeiro. Hoje, são o prefeito Eduardo Paes e o governador Luiz Fernando Pezão. Só para citar dois.


APO, um general em seu labirinto (esportivo)
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Leandro Mazzini

A excelente obra de Gabriel García Marquez, O general em seu labirinto, conta sob olhar peculiar do saudoso escritor os últimos meses de vida de Simon Bolívar, o libertador da América.

O título é sugestivo para o atual momento do general Fernando Azevedo e Silva, comandante da APO – Autoridade Pública Olímpica, embora o personagem e o enredo do clássico literário passem longe da realidade vivida pelo oficial recém promovido a General de Quatro Estrelas do Exército Brasileiro.

Sugestivo, e aqui peço licença poética ao leitor, porque Azevedo e Silva, mal ou bem, tornou-se um libertador de amarras burocráticas e enfrenta um exército estrangeiro com datas cronogramadas para as batalhas ‘em campo’. Elogiado pela disciplina militar por uns e criticado por outros por não ser da área, vai comandar a equipe no dia 9 de fevereiro no encontro com os representantes do Comitê Olímpico Internacional no Rio. A turma vem conferir a quantas andam as obras para os Jogos de 2016.

Azevedo e Silva tornou-se o último técnico de um time político à frente das autoridades públicas nos três níveis – de prefeitura a federal – para monitorar as obras. O desafio é atualizar a Matriz de Responsabilidades junto ao COI e ainda prestar contas ao TCU. A APO tem vida ‘útil’ até 2018, quando entregará ao governo e ao tribunal o legado dos Jogos e as contas.

A Matriz engloba as obras exclusivamente voltadas à organização e realização dos Jogos Rio 2016 e a sua atualização é divulgada a cada seis meses. O desafio maior do general é a desconfiança que o COI ainda tem do Brasil e da capacidade do governo de entregar o que propõe.

Hoje, o general tem o primeiro encontro com o ministro do Esporte, George Hilton. Ambos vão colocar à mesa o ‘plano de defesa’ sobre o complexo de Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Há uma forte desconfiança, tanto do governo federal quanto do COI, de que as obras não serão entregues a tempo – o Rio 2016 se distribuirá por Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã, Lagoa Rodrigo de Freitas e Copacabana. Destes, a Zona Oeste, como provas como hipismo e canoagem, é apontada como a situação mais crítica.

E há mais obstáculos nesta maratona. Uma disputa velada pelo cargo de APO no governo a um ano do maior evento internacional da História do Brasil. Este é o receio dos envolvidos. Por um lado, a presidente Dilma pode dar como finalizada a missão de Azevedo e Silva, e por outro pode mantê-lo, apesar da pressão política.

Há os que defendem a entrada de profissionais ligados mais ao Esporte, e há os que apontam o risco de credibilidade do País junto ao COI e outros países na eventual troca do comando da APO. Fontes palacianas indicam que o PT pretende emplacar no cargo Thomas Traumann, ligado à presidente Dilma. Nada concreto, só boato do jogo político. Por ora.

Se o general será um bom gestor, o tempo dirá, saia ou não do cargo. Fato é que ele terá de provar nos próximos dias que têm fôlego para essa maratona, ou joga a toalha.
Um detalhe, a Matriz de Responsabilidades tem de ser feita até o próximo dia 28 e há 45 eventos testes este ano na capital.


De: Glauber, 1966. Para: Dino, 2015
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Leandro Mazzini

Charge de ALIEDO - aliedo.blogspot.com

Charge de ALIEDO – aliedo.blogspot.com

‘Ele não filmou a minha posse, ele filmou a miséria do Maranhão, a pobreza, filmou as esperanças que nasciam do Maranhão, dos casebres, dos hospitais, dos tipos de ruas, e no meio de tudo aquilo ele colocou a minha voz, mas não a voz do governador. Ele modificou a ciclagem para que a minha voz parecesse, dentro daquele documentário, como se fosse a voz de um fantasma diante daquelas coisas quase irreais, que era a miséria do Estado’. Este é o depoimento de José Sarney, 60 anos de vida pública e mandatos, registrado na Wikipedia, sobre a experiência de ter pedido ao então amigo Glauber Rocha, reconhecido cineasta, o registro filmado de sua posse como governador do Maranhão em 1966.

Corta! Para 2011.

O avião da Azul decola do Aeroporto Internacional de São Luís – por culpa da Infraero, tendas mal fixadas cobriam o saguão em obras, e passageiros andavam na pista entre tratores que puxavam bagagens. O repórter sentou-se ao lado de uma mulher triste, cerca de 40 anos. Soluçava ininterruptamente embora tentasse esconder o choro.

Caiu em prantos ao ser indagada pelo jornalista do motivo: Revelou que não via a família há 14 anos, e voltara ao Maranhão para enterrar o pai, com passagem paga por amigos de Campinas, onde residia com marido e filhos. Chorava porque os sobrinhos, na despedida, imploravam com ela para tirá-los daquela situação de mazela, onde não frequentavam escola, bebiam água suja de poço, estavam doentes. E nada pode fazer. ‘Se eu pudesse eu trazia todos eles comigo’ – e continuou chorosa até o fim do voo.

Revi o filme de Glauber, e toda aquela ‘miséria’ narrada por José Sarney, cuja família dominou o Estado num script sem novidades por mais de 40 anos.

Corta! Para 2015.

Num momento de virada histórica, o comunista Flávio Dino superou toda uma campanha de desconstrução de sua imagem por parte do opositor bancado pela família Sarney. Ajudado pelo recall de votos de tentativas anteriores nas eleições, e pelo desgaste da família no Poder, Dino foi eleito como o governador da esperança, informalmente apontado nas ruas, e com a meta de fazer uma limpeza no Estado contra a suspeita de corrupção em vários órgãos.

Algo curioso. Sarney, em 66, também era o da esperança. Pelo visto, pouco, muito pouco fez. Um Estado belíssimo, com gente batalhadora e sofrida, o Maranhão continuou miserável, provam os índices. Inexplicável como não há estrutura maior e mais profissional de turismo no centro histórico da capital, idem nos Lençóis Maranhenses (Há poucos anos um hoteleiro trocou dois sobrados na Rua Portugal por um em Estoril, na Terra Mãe, porque o bairro estava um lixo, abandonado). Inexplicável como o porto, com o maior calado do Eixo Sul e excelente localização, não se mostra um grande concorrente na balança comercial em relação aos similares do Sudeste e Sul.

Dino se apoia agora, muito pertinente, na tentativa de enterrar o passado do clã e do ‘coronelismo’ que combateu na campanha, numa jogada que pode conotar marqueteira, ou eleitoreira, mas fundamental para a população se o resultado de fato melhorar: Este será o seu desafio com o Comitê Gestor do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, tão criticado na imprensa quando o assunto é o Maranhão.

‘O grupo fica responsável por articular ações pela Educação, Saneamento Básico, Habitação, Produção Rural e Saúde Preventiva nas 30 cidades com menor IDH do estado. O plano é chamado de “Mais IDH”. Ações emergenciais como o mutirão pelo combate ao analfabetismo e ações preventivas na saúde estão previstas para 2015, como forma de atacar fortemente as desigualdades sociais’, informa a assessoria.

Um decreto simples, mas importante em se tratando do Maranhão, foi proibir a prática de dar nomes de pessoas vivas a bens e logradouros públicos (já existe lei federal, mas não obedecida). Sarney acaba de ganhar uma avenida em seu nome na cidade Arame. É comum encontrar pelo Estado ruas, avenidas e hospitais com nome de Roseana e do pai.

Quatro ou oito anos são pouco para mudar um Estado castigado por quatro décadas pela fome de poder e dinheiro de uma família e patota políticas, comprovou o noticiário nos últimos tempos.

Quem dera Glauber vivo, na posse do novo governador, registrando esse novo momento praticamente 50 anos depois. Mas seu fantasma estava ali na posse, observador, e perseguirá Flávio Dino até o fim de seu mandato. Caberá ao governador com seus atos fazer justiça ao filme queimado pelo primeiro protagonista.

CERVERÓ X SHERLOCK HOLMES

Duas perguntas sobre a prisão do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, ontem, no aeroporto do Galeão (Rio): o que ele fez por muitos dias em Londres, e em especial por que a Justiça autorizou a viagem, ciente de que o elemento já é alvo da Operação Lava Jato acusado de receber US$ 30 milhões em propinas.

Depreendem-se do episódio grotesco dois cenários: ou a Justiça e a Polícia Federal comeram mosca. Ou foi proposital, e Cerveró foi monitorado por agentes desde o embarque, durante sua agenda em Londres e até o retorno, quando foi algemado no Galeão. Disso pode surgir um roteiro interessante: a PF sabe o que ele fez e com quem se encontrou. Daí o pedido de nova investigação ser aberto.

Um detalhe, quem morou em Londres por quase um ano e atuou de lá como consultor foi o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.


‘Operação Caixa’ passou por Mattoso e fecha com Miriam
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Leandro Mazzini

A Operação Caixa, de abertura do capital do banco estatal, passa pela presidente Dilma e por Lula, e envolve um nome, Miriam Belchior.

A ex-ministra do Planejamento é a mais cotada para assumir a presidência da Caixa Econômica Federal, em lugar do atual presidente Jorge Hereda.

Miriam pediu à presidente Dilma Rousseff para deixar o Ministério do Planejamento. Seria encaminhada ao comando do SESI– o PT deve aposentar no cargo Jair Meneguelli, o sindicalista amigo do peito de Lula – mas numa manobra mais rápida o ex-presidente da República convenceu Dilma a colocar no comando do Sistema S o ex-ministro Gilberto Carvalho, que vai assumir o controle em breve.

A dança das cadeiras não para nisso. Sem emprego, Miriam Belchior estava em segundo plano. O mais cotado para a presidência da Caixa era Jorge Mattoso, o economista formado na Unicamp ex-presidente do bancão de 2003 a 2006, no primeiro governo Lula.

Mas Mattoso recusou o cargo ao saber, em primeira mão, do plano de abertura de capital da Caixa para o mercado. Ele é contra, e deixou isso claro para Lula e Dilma – e discretamente em um artigo publicado há poucos dias, no qual discorre em comparação à gestão tucana com a petista na instituição.

Miriam, então, voltou ao topo da lista da dupla petista que manda no País.

Há algo curioso na abertura do capital da Caixa. Mostra o desespero do governo para reforçar o seu caixa no Tesouro em tempos de crise, enquanto Dilma não ‘corta na carne’ – os custeios do governo continuam altos, com 39 ministérios e milhares de cargos em comissão.

Ela prefere, assim,  em vez de economizar, vender o que tem. Cairá desde já numa contradição e no alvo dos rivais do PSDB. Na campanha, Dilma acusava os tucanos de planejar a privatização da Caixa e do BB. Agora, de certa forma, se entrega ao plano para salvar o cofre do País, por ora.

MISSÃO DADA

Embora a assessoria negue, há grande possibilidade de o general Fernando Azevedo e Silva deixar o comando da APO – Autoridade Pública Olímpica, responsável pelo controle e organização dos investimentos federais nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

O general imprimiu disciplina de quartel general no órgão, empregou muitos militares. Quando entrou, o general chegou a dizer para os aliados e funcionários que ‘missão dada é missão cumprida’. A se concretizar sua saída, a pergunta que fica é como concluir uma missão a um ano do evento. O potencial substituto, corre no Planalto, deve ser Thomas Traumann.

MARCHA NO PARAÍSO

A marcha dos líderes mundiais por Paris, em solidariedade aos mortos no atentado à redação da Charlie Hebdo, mostrou-se um episódio pertinente.

Marchar em uma Paris segura e lotada de agentes policiais contra o terrorismo é fácil, lindo, elegante, romântico. Todos depois vão para os melhores restaurantes abrir champanhes, dar uma passada ao crepúsculo nos cafés para um chá, com vista para a Torre Eifel, e também visitar boutiques na Champs Élysées. Completam a noite em jantares entre amigos nos seus apartamentos de férias no Ilê Saint-Louis, comprados não se sabe com que dinheiro.

Nos últimos dois anos, nenhum desses líderes mundiais reuniram-se para marchar contra o terrorismo e pela liberdade de imprensa em Bagdá, Cabul, Damasco ou Cidade do México, metrópoles de países muito distantes de Paris, onde morreram milhares de vítimas do terrorismo, e também algumas centenas de jornalistas.