Coluna Esplanada

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Efeito de protestos e Lava Jato, urnas revelam líderes para 2018 e 2022
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Leandro Mazzini

> Protestos de 2013 associados às prisões e revelações da Operação Lava Jato impulsionam o voto de protesto e o voto ‘no novo’

> Crivella, Dória, Freixo e ACM Neto surgem como novos líderes estaduais e potenciais nacionais, independentemente do resultado das eleições

> Partidos terão de repensar estruturas e candidaturas de caciques para 2018 e 2022 se as urnas concretizarem as intenções de votos em várias capitais

Os resultados das urnas deste domingo (2) vão revelar novos líderes políticos para os próximos anos, já indicaram as pesquisas de intenção de votos em algumas capitais. Em especial, eles vêm do Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e São Paulo, e, independentemente do resultado no segundo turno, eles vão mexer com as consolidadas estruturas de seus partidos e colocam em risco os projetos dos conhecidos caciques. Em suma, o cenário político para 2018 e 2022 pode ser muito diferente do programado pelos grandes partidos para estes Estados e também para os projetos presidenciais.

Em Salvador, é pule de dez o prefeito ACM Neto ser reeleito em primeiro turno. Maior representante nacional do DEM hoje – ao lado do senador Ronaldo Caiado (GO) – Neto deu sobrevida a uma legenda de direita que naufragava há poucos anos diante do poder da centro-esquerda.

Neto passou a ter voz nacional. Em viagens constantes a Brasília, articula permanentemente com PSDB, PPS e outros partidos parceiros, e mantém viva a esperança dos carlistas de ter novamente um representante do clã no Palácio Ondina. ACM Neto é potencial candidato governador em 2018. E também pode surgir como um nome do DEM para o Planalto nas eleições vindouras.

Rio e São Paulo, as maiores vitrines políticas do país – por serem os maiores colégios eleitorais, concentrarem os meios de comunicação e também grandes problemas sócio-econômicos – também lançarão seus novos nomes.

A ascensão de Marcelo Crivella (PRB) no Rio, resultado principalmente de um recall de seguidas eleições de 2000, faz do senador um potencial nome nacional da centro-esquerda, diante da debandada do PT, e do enfraquecimento de Luiz Inácio. Favorito para prefeito, no primeiro e no segundo turnos, de acordo com sondagens, Crivella, se eleito e se conseguir boa gestão, será naturalmente candidato a governador em alguns anos e também surgirá para o Planalto.

Vale lembrar o fenômeno Anthony Garotinho, em 2002, que teve 15 milhões de votos para presidente após um governo populista no Estado fluminense. Garotinho hoje é aliado de Crivella – este se dissociou da Igreja Universal, da qual é bispo, e há anos faz um trabalho de imagem para mostrar ao eleitor do Rio que pode ‘governar para todos’.

A grande surpresa veio de São Paulo. O empresário milionário João Dória Jr (PSDB), filho de ex-deputado, nunca tentou um mandato. Agora o faz com um mega desafio, e tem vencido etapas com surpreendente desenvoltura. O comunicador e promoter de eventos empresariais ( criador do LIDE, que reúne há mais de 10 anos os maiores empresários e CEOs do país), Dória fez do sucesso de seu network uma alavanca para se aproximar de grandes nomes políticos, numa frente suprapartidária.

Com aval do governador Geraldo Alckmin, seu maior padrinho, peitou a executiva municipal do PSDB e conseguiu se lançar. Bom de TV embora ainda não tenha mostrado a que veio, conseguiu estupendos números com um discurso direto e conciliador, com ataques aos rivais e uma campanha criativa nas redes sociais. Embora o marketing ainda seja o seu único ponto forte. Se vencer a eleição, terá o desafio de mostrar que é tão bom gestor público como é com suas empresas – e pode se cacifar também para o Palácio Bandeirantes. Caso contrário, naufraga como a gestão petista.

Dória e Crivella são as maiores revelações desta eleição. São os dois principais nomes para uma eleição presidencial a partir de 2022 se vencerem suas disputas este ano.

Uma curiosidade em Belo Horizonte. O candidato favorito, João Leite (PSDB), e o segundo colocado nas pesquisas, Alexandre Kalil (PHS), são egressos do time Atlético Mineiro, o Galo. Leite foi goleiro do clube nas décadas de 80 e 90; Kalil sempre foi da cúpula do clube, e hoje é presidente.

A eventual vitória de Leite, que tem ampla vantagem na boca de urna, pode representar a volta de Aécio Neves como cacique pelo menos na capital. O presidenciável perdeu o governo do Estado para Fernando Pimentel, em 2014, quando seu candidato Pimenta da Veiga sucumbiu ao poder do PT e às críticas aos 12 anos de gestão tucana.

SEGUNDO TURNO

O esperado segundo turno para São Paulo e Rio de Janeiro, as maiores cidades do país, mexe com todos os partidos e lideranças em Brasília. São os eleitores, acontecimentos sócio-políticos e arranjos eleitorais dessas capitais e suas gestões que norteiam decisões nacionais de campanhas futuras.

A disputa está embolada para o segundo colocado nas duas capitais.

Em São Paulo, se Dória tiver a ex-prefeita Marta Suplicy como adversária, ambos têm chances de vitória. A distribuição de coalizão para a segunda etapa será quase equânime, tamanho o poder de Alckmin e Michel Temer, os padrinhos de ambos, respectivamente.

As chances de Dória aumentam em caso de disputa com qualquer nome que não seja Marta, diante da alta rejeição dos adversários como Fernando Hadadd (PT) e Celso Russomanno (PRB). Há uma tendência, nestes dois casos, de Dória ganhar a aliança da maioria dos partidos hoje rivais.

O cenário é similar para Crivella no Rio. Ele é potencial prefeito caso passe ao segundo turno com qualquer um dos candidatos de esquerda. As pesquisas indicam um segundo turno entre Crivella e Freixo (PSOL). Neste caso, o candidato do PRB ganha o apoio até do PMDB de Eduardo Paes.

A essa altura, contam os bastidores , Jandira Feghali (PCdoB-PT) já fechou com Freixo para o segundo turno. Crivella passa a ver seu projeto em risco caso o seu adversário seja Pedro Paulo (PMDB), o escolhido pelo prefeito Paes. Há, neste cenário, a tendência de que a maioria dos partidos de centro fechem com Pedro Paulo.

Estão embolados no segundo lugar, além de Freixo, a Jandira, o Indio da Costa (PSD), Pedro Paulo e Flávio Bolsonaro (PSC). A rejeição aos Bolsonaro e ao candidato de Paes, e a autofagia de Jandira e Freixo nas últimas semanas como os candidatos da declarada esquerda podem beneficiar diretamente Indio. O deputado federal, que se lançou com o discurso de relator da Lei Ficha Limpa, pode se beneficiar dos 20% de indecisos que vão decidir na urna. Outro beneficiado pode ser Pedro Paulo.

Nesta leitura, os potenciais candidatos a segundo turno com Crivella são Indio e Pedro Paulo.

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Aécio e ACM Neto articulam no Senado
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Leandro Mazzini

aecio

Aécio Neves e ACM Neto passaram colados e aos cochichos no Salão Azul há pouco, rumo ao restaurante do Senado.

O senador e presidente do PSDB e o prefeito de Salvador começaram o convescote ontem à noite, no jantar de aniversário do ministro Mendonça Filho (DEM).

Articulam a aliança para tentar eleger o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) presidente da Câmara. Está difícil. Os votos estão pulverizados em mais de 15 candidatos.

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Com dois ministérios na mão, ACM Neto se faz de ‘mineiro’
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Leandro Mazzini

acm

Prefeito de Salvador e maior expoente do DEM atualmente, Antônio Carlos Magalhães Neto negocia com Michel Temer os Ministérios de Minas e Energia e da Educação para o partido.

No jantar com o vice há dias, ACM Neto se mostrou cauteloso e deu uma de mineiro, nas palavras de uma testemunha: “Não vamos atropelar etapas nem passar carro na frente dos bois”.

ACM Neto tem negado especulações de que vá ocupar pastas. Seu projeto é se reeleger prefeito soteropolitano, onde segue bem avaliado, e chegar ao Palácio de Ondina, desalojando o PT de Jaques Wagner.

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Políticos de quatro partidos querem se cacifar para a vice de Aécio
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Leandro Mazzini

aecio

O recente troca-troca partidário entre majoritários, a despeito da ‘janela’ aberta para os proporcionais sem perda de mandato, evidencia projetos de políticos que almejam chegar ao Palácio do Planalto de carona.

Cinco caciques de quatro partidos se movimentam para cavarem vaga de vice na chapa de Aécio Neves (PSDB) à Presidência na eleição de 2018.

O senador Ricardo Ferraço (ES) trocou o PMDB pelo tucanato; e deste ninho saiu o senador Alvaro Dias para o PV. O senador Cristovam Buarque deixa o PDT e vai para o PPS.

De Salvador, surge o bem avaliado prefeito ACM Neto como nome do DEM. No Centro-Oeste, o governador tucano Marconi Perillo (GO) não descarta entrar no PSD e surgir como opção para o candidato tucano ao Planalto.

Todos são de partidos afinados com o PSDB, em chapas outrora lançadas ao Planalto, e em coalizões atuais nos Estados. Ferraço e Marconi no PSDB também têm chances, porque no clima de ‘cada partido por si’ na disputa que se vislumbra hoje, Aécio não descarta chapa puro-sangue.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apesar de bem avaliado e no quarto mandato, hoje não tem chances de se lançar pelo PSDB. Por motivo simples: Alckmin não tem como vencer Aécio numa convenção.

O mineiro controla a grande maioria dos delegados do partido. Daí a especulação de que Alckmin pode se filiar ao PSB, se tiver a legenda para se lançar candidato.

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ACM e Kassab se estranham nos bastidores das alianças
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Leandro Mazzini

foto de arquivo

foto de arquivo

Que nenhum aliado (ou adversário gaiato) convide para a mesma mesa no circuito Rio-Brasília-São Paulo o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).

O ministro cortou verbas para obras em andamento na capital. ACM e Kassab evitam polemizar, mas democratas ligados ao prefeito contam que o DEM ajudou o PSD em votações importantes no Congresso Nacional, a pedido do ministro, e agora não houve retorno.


Com festa do Senhor do Bonfim, rufam os tambores eleitorais da Bahia
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Leandro Mazzini

ruivale

Na esteira da festa do Senhor do Bonfim, nesta quinta-feira, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), iniciou sua reforma do secretariado visando as eleições deste ano.

Até sábado completa as trocas para sacramentar a pré-candidatura do chefe da Casa Civil, Rui Costa (na foto, à esquerda) como candidato petista ao governo. Um detalhe, como não é candidato, Wagner fica no cargo até dia 31 de Dezembro.

O coordenador da futura campanha de Costa será o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli – ele que, até semanas atrás, era pré-candidato também, mas foi convencido.

Na festa desta quinta, Wagner levou seu candidato para tomar o famoso banho de Cheiro na lavagem do Bonfim, em frente à Igreja. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, estava na cidade e acompanhou a festa. O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) – numa fase de boa relação com Wagner e a presidente Dilma – também compareceu.

O governador, a despeito da festa e das presenças políticas, afirmou que não foi um gesto político e que a campanha começa em junho. Com o pé machucado, Wagner percorreu parte do trajeto de 8 km. E ao contrário do ano passado, não houve protesto organizado.

Na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral do País, por ora os pré-candidatos ao governo são  Costa (PT), Geddel Vieira Lima (PMDB) e Paulo Souto (DEM), apoiado pelo prefeito soteropolitano.


Wagner e ACM Neto viram aliados
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Leandro Mazzini

Para quem apostou em briga, tiro n’água. Vai bem a relação política entre o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). Ambos têm sido solícitos nos mútuos pedidos. A parceria é tamanha que o governador vai despejar mais dinheiro no Carnaval da Orla da capital que em outros anos, quando só apoiou com serviços básicos. Wagner também vai bancar a reforma do palacete da secretaria municipal de Educação, destruído por incêndio.

DUPLA. Wagner esteve no local do incêndio. O governador também bancou a festa de Réveillon na praia, tradicionalmente feita pela prefeitura, e a nova iluminação do Pelourinho.

TEMPO PERDIDO. A relação de Wagner e Neto de longe lembra a do saudoso ACM governador com a então prefeita Lídice da Mata. Ambos se detestavam e não se ajudaram.

PORTA ABERTA. Wagner prepara reforma no secretariado. O deputado e ex-ministro Afonso Florence deve assumir a Secretaria de Relações Institucionais. Cezar Lisboa será remanejado.

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Derrotado, PT barra metrô de Salvador
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Leandro Mazzini

Um episódio palaciano, envolvendo a presidente Dilma e um grande empreiteiro, revela como o PT barra as obras do metrô de Salvador após o resultado da eleição em que saiu derrotado na capital. O empresário César da Matta Pires, da OAS, fez estudo com linha ligando o aeroporto aos principais bairros. Como o bilhete ficaria R$ 6 (muito caro), procurou a presidente e o governador Jaques Wagner para tentar Parceria Público-Privada. Tudo ok, a OAS financiou o candidato Nelson Pelegrino como condicionante para o projeto sair. Como ele perdeu, Dilma e Wagner vetaram.

FORA DOS TRILHOS. Com a vitória de ACM Neto, do DEM, rival ferrenho dos petistas, o PT desistiu do projeto e Matta Pires ficou na mão. Detalhe: o metrô não entra nos trilhos há décadas, desde o reinado ACM.

VAGÃO A R$ 3… Matta Pires não desistiu e tenta diretamente com a presidente, sem passar pelo governo de Salvador, uma solução. Com PPP, o bilhete do metrô sairia a R$ 3.

…DESGOVERNADO. Mas para o projeto sair, é o governo Wagner quem teria de subsidiar os outros R$ 3. Como nada avançou, o PT já deu recado de que não quer o projeto para ACM Neto faturar como prefeito.

 

 


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