Coluna Esplanada

Arquivo : eleições 2014

Risco de incêndio no Congresso alerta para plano de reforma engavetado
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Leandro Mazzini

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O início de incêndio no Anexo I do Senado Federal na segunda-feira deixou preocupado o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).

Não apenas pela vida e saúde dos funcionários, mas porque há anos a Casa Alta vem adiando uma reforma para modernização do sistema de combate a incêndio e outras obras de prevenção.

Estudos de engenheiros já apontam a necessidade urgente de reforma de partes do decano edifício projetado por Oscar Niemeyer, como troca dos elevadores e instalação de uma escada externa de escape para casos de incêndio ou outros acidentes.

Projetado no fim dos anos 50, o prédio está inadequado para as regras atuais de segurança. Não houve tumulto na evacuação porque o Senado está em recesso branco com as campanhas.

Como notório, Renan Calheiros foi eleito com a promessa de economizar R$ 300 milhões por ano em custos no Congresso Nacional.

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IGREJA SUPRAPARTIDÁRIA

Numa frente suprapartidária, católicos criaram o votocatolico2014.com , para indicar aos internautas quais são os candidatos da Igreja a deputados e senadores.

FNE AOS 50

Na terça que vem, a Câmara dos Deputados promove às 9h30 Sessão Solene em homenagem aos 50 anos da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). Em 2006 a entidade lançou o projeto ‘Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento’, com participação de milhares de engenheiros, e o documento é um dos que norteia obras do PAC.

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PRECIPITAÇÃO..

O presidente do PSL, Luciano Bivar, vive crise existencial. Assim que soube da morte de Eduardo Campos, retirou o apoio a Marina Silva e viajou para Brasília. O compromisso do seu partido é o imposto único para todos os brasileiros. Conversou com Aécio Neves e a presidente Dilma, mas não conseguiu adesão à proposta.

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Bivar – Ele conversou muito para ficar no PSB com Marina

..E CONSEQUÊNCIA

Bivar então voltou-se para Marina e o vice Beto Albuquerque, e retomou o apoio aos candidatos do PSB. O mistério é o que o PSL defende: o ambientalismo de Marina ou as afinidades com o agronegócio de Albuquerque.

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VOTO A VOTO

A cada adesão de uma liderança do partido adversário, as chapas de Armando Neto (PTB) e Paulo Câmara (PSB) comemoram como uma vitória antecipada em Pernambuco. Segunda, Armando comemorou a conquista de dois prefeitos do Agreste, ambos do PSB. Ontem, Câmara anunciou apoio de um vereador do PTB.

O que se sabe no Nordeste é que o pragmatismo e os arranjos de pé-de-ouvido funcionam muito na hora do acordo. Não nas urnas.


Saída de coordenador do PSB causa efeito dominó em candidaturas
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Leandro Mazzini

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Siqueira – ele controlava o caixa e os investimentos prometido por Campos em candidaturas. Foto: psb40.org.br

A saída tumultuada do coordenador financeiro do comitê do PSB, Carlos Siqueira, provocou de imediato ontem a primeira vítima: Presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil desistiu da candidatura a deputado federal.

Kalil era aposta pessoal de Eduardo Campos em Minas, segundo colégio eleitoral do País e onde o PSB está fraco de palanque.

Campos prometera investir pesado em sua campanha, na expectativa de que expressiva votação puxasse pelo menos mais dois deputados federais do partido. Além de não contar mais com o prometido, com a reviravolta no comando da campanha socialista, Kalil se mostrou a próximos desanimado com a candidatura após a morte do amigo.

Como Siqueira controlava o caixa do PSB e tocava as promessas de investimentos de Campos em campanhas de aliados para as candidaturas proporcionais, outros candidatos podem ficar sem dinheiro nos Estados.

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Kalil – o cartola do Galo era a grande aposta de Campos em Minas. Foto: UOL

MUDANÇA$

O fim de semana será turbulento no comitê nacional do PSB e nos Estados, com a negociação da entrada do grupo da presidenciável Marina no comando da campanha.

AUTOFAGIA

Há risco iminente de a campanha de Marina Silva, em vez de crescer na esteira da comoção da morte de Campos, entrar em crise por autofagia socialista-redista no comitê.

CONTATO EXTRA

Eduardo Campos tinha um contato de confiança não-socialista em Belo Horizonte, com quem conversava toda semana por telefone e dele recebia pesquisas por e-mail.

RECIBO 

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), arrecadou R$ 2 milhões e repassou para o comitê nacional do PSB. Como Lacerda é aliado local de Aécio Neves (PSDB), havia temor no PSB de que esse dinheiro não chegasse a Campos.

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PASSANDO O PIRES

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Câmara, o ‘poste’ de Campos – comitê já passava por dificuldades. Agora sem o padrinho, nervos à flor da pele. Foto: diariodepernambuco.com.br

A campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco passa por dificuldades financeiras. E sem Eduardo Campos a situação piorou.

Há duas semanas, a Coluna publicou que o coordenador da campanha do PSB em Pernambuco fora puxado por Campos para São Paulo. O que seria mera estratégia escondeu o maior problema: dificuldades para pagar o escritório de advogados fizeram chegar a Campos o descontentamento do comitê.

À FLOR DA PELE

Na segunda, na tensa reunião da coalizão no Recife, o marqueteiro Edson Barbosa, o ‘Baiano’, empurrou militantes e se estranhou com visitantes.

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PRONTO-SOCORRO ( ELEITORAL )

Curiosa a doação de R$ 2 milhões do conceituado paulistano Hospital 9 de Julho para a campanha de Renan Filho (PMSB) ao Governo de Alagoas. Empresa desse setor não figura entre grandes doadores. Se Renanzinho vencer, os próximos anos em Maceió poderão elucidar o porquê da generosidade.

Questionada sobre o motivo da doação e se foi praxe em outras campanhas, a assessoria respondeu que ‘O Hospital 9 de Julho acredita que o processo eleitoral é parte do fortalecimento da democracia e das instituições no país. Todas as doações realizadas pelo Hospital respeitam a legislação e estão registradas na justiça eleitoral’.

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FAMÍLIA FELIZ

perrellaAgora candidato a deputado federal, o estadual Gustavo Perrella (PSD) fez a festa na pequena Pains, de 8 mil habitantes, há duas semanas. Chegou bancando churrasco e bebida num centro de lazer para quem aparecia. O pai, senador Zezé Perrella (PDT) também está feliz com a recuperação na Justiça do helicóptero da família, aquele que foi flagrado com meia tonelada de cocaína pela PF no Espírito Santo. O piloto foi apontado como culpado pelo transporte.

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PREVISÕES

A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, deu palestra ontem em Vitória para 50 empresários do PIB capixaba. Indicou que em reeleição do PT, mas sob adaptação ao cenário de crise, haverá ‘alterações da política econômica, embora sem comprometimento integral; superávit primário ligeiramente maior’.

Sobre eleição da oposição, a economista previu ‘alterações substanciais da política econômica; ajuste maior no 1º ano resulta em crescimento mais baixo com primário mais alto e alta de juros num primeiro momento, recuando no segundo semestre’.

Em tempo, a Rosenberg & Associados é premiada campeã no Brasil em acertar previsões para o PIB e cenários macroeconômicos.

PONTO FINAL 

‘Ninguém sabe, 60 anos depois, quais eram os reservas da Seleção Brasileira de 1950. Daqui a dez anos, ninguém saberá quais foram os titulares de 2014’
Maurício Dias, colunista da Carta Capital


Plano de Aécio prevê pacote de medidas drásticas se eleito
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Leandro Mazzini

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Aécio e o avô – o neto guarda o plano que Tancredo colocaria em prática

Caso vença a eleição, Aécio Neves (PSDB) vai preparar na transição inevitável pacote de medidas drásticas para recolocar o País no rumo, o já chamado nos bastidores Plano Trimestral.

A despeito de o Brasil atravessar sem sobressaltos a crise internacional, a economia estagnada e medidas paliativas de incentivo à indústria não têm dado resultados, segundo a oposição.

O Plano Trimestral, com austeridade total e corte de cargos e gastos correntes do governo, é herança do avô Tancredo Neves, guardado a sete chaves desde a sua morte. Por isso Aécio soltou na entrevista ao Jornal Nacional que ‘não vou temer tomar as medidas que forem necessárias’.

Nos comitês de campanhas é consenso em todas as frentes: Caso a presidente Dilma se reeleja ou vença Marina Silva (PSB), quem entrar no gabinete terá de tomar atitudes enérgicas, diante da indicação de recessão em 2015.

A REVELAÇÃO

A revelação do Plano Trimestral foi feita por Tancredo ao neto em outubro de 1984, durante a festa do Círio de Nazaré em Belém, enquanto ambos eram ovacionados.

‘Meu avô, olha isso, o que o senhor vai fazer com toda essa popularidade?’, perguntou Aécio. E o velho, com ponta de sorriso: ‘Vou gastar em três meses’.

MEMÓRIA

Aécio depois entenderia. Com a perspectiva clara de assumir o Planalto, Tancredo esboçara uma dura reforma sócio-econômica e administrativa. Mas não deu tempo.

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AMOR DE FILHA

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Foto: dm.com.br

Dilma Rousseff tem evitado viagens e agendas à noite por um fato único e familiar: sua mãe, dona Dilma, está sem cuidadora, revelam fontes pelas bandas do Alvorada. É a filha, presidente da República, quem cuida da senhorinha, dá remédios, faz companhia e a coloca para dormir. E ao amanhecer, ambas não saem das suítes sem uma maquiagem.

 

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QUASE-PRECEDENTE

É sina de candidatos do PSB.. Em 2002, o jatinho do então presidenciável Anthony Garotinho (PSB) deu pane no trem de pouso e teve de aterrissar de barriga no aeroporto de Viracopos. Garotinho falou em sabotagem e enviou para Campinas o secretário de Segurança para ajudar o CENIPA a investigar as causas. E.. foi pane mesmo.

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Garotinho – candidato a presidente pelo PSB em 2002, ele levou susto em jatinho. Foto: jconline.ne

‘CADÊ A ESPUMA??’

A bordo do avião o clima foi muito tenso na descida. Garotinho e equipe ficaram apavorados quando não viram na pista a prometida espuma especial para evitar incêndio e explosão no atrito do avião. Mas os bombeiros jogaram a tempo, após o jato derrapar.

 

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APOSTA NO ESCURO

José Roberto Arruda (PR), por ora impugnado, teve reunião ontem para fechar com o PSC de Brasília. Ex-governador, preso e candidato de novo, ele lidera pesquisas.

No ‘mercado boca-a-boca’, brasilienses bem informados dão 4 a 3 no plenário do TSE a favor do registro da candidatura de Arruda para o governo do DF.

MACIEL E A MEMÓRIA

Pouca gente notou a ausência do ex-vice-presidente e ex-senador Marco Maciel no velório de Campos. A revelação é do blog de Henrique Barbosa, do Recife: Maciel, 73, sofre de Alzheimer, está recluso em Brasília e evita (quando lembra) falar de política.

FALOU O GARANHÃO.. 

O senador paraguaio Juan Carlos Galaverna quebrou o silêncio, e na tribuna do plenário do Parlamento em Assunção pediu perdão pelo vídeo vazado na internet em que aparece transando com três mulheres. Segundo ele, a culpa é dos adversários.

Galaverna não fez qualquer menção sobre o flagrante da bela menor na cama. Ela revelou nas redes sociais que topou ‘porque o velho não funciona’.


‘Nada de estrangeiros’, diz a matriarca da família Campos
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Leandro Mazzini

Dona Renata Campos, como é chamada por aliados do falecido marido Eduardo, mostrou ontem por que era o braço direito do presidenciável e participava de reuniões de governo.

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Renata – Ela quem manda agora no PSB de Pernambuco.

Chamou para si a responsabilidade de nortear as decisões das chapas do PSB ao Planalto e ao governo de Pernambuco. ‘Nada de estrangeiros’, soltou, firme, para amigos próximos.

Referiu-se ao futuro vice de Marina Silva na campanha. Apesar da pressão popular por seu nome, dona Renata não quer entrar no páreo. O potencial nome será de um pernambucano, entre eles o ex-deputado petista Maurício Rands.

PLANO B

Se houver risco de racha, a própria Renata não descarta ceder aos apelos e se lançar de vice. Mas é pouco provável, porque é hora de cuidar dos filhos, em especial do bebê.

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DOR DE MÃE 

A ministra do TCU Ana Arraes, mãe de Eduardo, estava inconsolável e repetia para os próximos o porquê de não ter sido ela no lugar do filho no acidente.

MISTÉRIOS

Aos sussurros, gente importante de Pernambuco fala em atentado. Alguns levantam dúvidas sobre drones em voo em Santos, e sobre a silenciosa caixa-preta.

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ESTRANGEIROS

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Os irmãos Cid e Ciro Gomes, agora no PROS – eles foram solenemente ignorados pelo staff. Foto de arquivo: baladaim.com.br

Ex-aliados, os irmãos Ciro e Cid Gomes, do Ceará, foram ignorados pelo staff do Governo de Pernambuco no velório de Campos. Ficaram fora da tenda de autoridades e foram vistos na fila do bebedouro no Palácio das Princesas.

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MÁ HORA

Caciques políticos repararam ao saírem do velório de Eduardo Campos: não foram vistos por lá os senadores José Sarney (PMDB-MA), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL). Os três foram duramente criticados por Campos no primeiro programa eleitoral gravado para TV. O PSB não confirma se vai exibi-lo hoje.

MÁ HORA II

Pegou mal para Marina Silva dizer que foi salva do acidente por providência divina. O que mais se pergunta nas redes sociais – seu grande trunfo para este ano, como foi em 2010 – é por que Deus a preservou e não teve piedade de Eduardo Campos e equipe.

METRALHADORA GIRATÓRIA

Quem acompanhou o depoimento da secretária do doleiro Alberto Yousseff no Congresso previu que a cúpula do governo do Maranhão terá muito o que explicar. E ela não revelou nem dez por cento do que sabe.

AMARELOU 

Mal a ministra Luciana Lóssio do TSE determinou audiência para sexta, o advogado do deputado André Vargas (sem partido) protocolou petição com pedido de cancelamento.

ALÔ, MINISTRO!

Sem sucesso há um ano nos trâmites judiciais contra a Infraero, o AeroClube do Brasil, cujo despejo dos hangares em Jacarepaguá (RJ) foi determinado pela Justiça, busca nova sede. Pilotos querem recorrer ao ministro Moreira Franco, da Aviação Civil.

O AeroClube foi fundado há 103 por Alberto Santos Dumont e desde então ocupou sedes no Rio cedidas pela Aeronáutica. A Infraero requereu os hangares para lotar servidores do Aeroporto do Galeão que ficarão sem ocupação com a concessão.

AGARROU O DISCO

Veja a resposta de Edinho Lobão (PMDB), candidato ao governo do Maranhão, para a pergunta do jornalista John Cutrim sobre solução para o Estado: ‘Boa pergunta… Ah, John… Venha você também para o 15! Sua mãe é 15, seu pai é 15, seu tio é 15, seu cachorro é 15, teu gato é 15 e até seu papagaio só fala em 15’.

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Pautas, sugestões, denúncias: envie e-mail para pauta@colunaesplanada.com.br


“Sou privatizante para tudo que for possível”, diz pré-candidato do PSC
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Leandro Mazzini

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Revelação nas últimas pesquisas de intenção de votos feita pelos grandes institutos – numa delas já bate quase 4% – o vice-presidente do Partido Social Cristão (PSC), Pastor Everaldo, é um dos nomes que disputará o cargo de presidente da República nas eleições de outubro.

Formado em Ciências Atuariais pela Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro, o pré-candidato revela sua ideologia e projetos.

Em entrevista à Coluna Esplanada, ele detalha como guiará sua campanha ao Planalto, e como planeja defender as tradições cristãs; revela-se liberal e defende a privatização em todos os setores os quais não são essenciais para o governo. Ataca a gestão Dilma Rousseff: ‘O ciclo deste governo acabou (..) não tem credibilidade’, e diz que o PT se distanciou do povo, ‘esse governo deve servir ao cidadão e não se servir’.

Tem um discurso fortemente religioso, mas por ora confessa que está sem coligação, o que, segundo ele, não atrapalha seu projeto: ‘me preocupo apenas com o que tenho’.

Com Pastor Everaldo, a Coluna abre uma série de entrevistas com os presidenciáveis que será publicada até o dia da eleição.

O que o motivou a ser pré-candidato a Presidência da República?

Em 2011, o Partido Social Cristão, vendo o governo que foi montado, verificou que ele não atendia as expectativas da população brasileira. Observamos que o Estado foi aparelhado para atender interesses do partido que ganhou as eleições. Numa discussão interna foi escolhido um nome para pré-candidato. Isso se configurou em 14 de maio de 2013, com o anúncio oficial da nossa pré-candidatura.

Foi uma decisão do partido ou uma decisão pessoal também?

A decisão foi do partido. Nós aceitamos a indicação do nosso nome porque verificamos que a sociedade brasileira estava esperando por uma mudança e a mudança esperada não aconteceu com o governo atual. Havia promessas que não foram cumpridas no governo instalado. Constatamos que o Brasil precisava de uma mudança política cidadã, uma política com decência, com novas ideias, com ética e com moral didática. Um país como o nosso, onde um cidadão de bem está dentro de casa e o bandido solto na rua, tem alguma coisa errada. Então é isso que a população quer: uma mudança em atendimento aos seus anseios. Hoje o governo está se servindo do Estado e se servindo da população. E nosso paradigma é que o governo deve servir a população e não ser servido. Nós representamos essa alternativa de mudança para o país.

Qual a é a Bancada do PSC hoje no Congresso?

Em 2002, nós elegemos um deputado federal. Em 2006, elegemos nove deputados federais. Em 2010, dezessete federais e um senador. Hoje nós temos 13 deputados federais e um senador.

O PR, por exemplo, tem uma iniciativa de se mostrar independente no Congresso e lançar uma campanha “volta Lula”; Seria essa também uma vertente seguida pelo PSC ou não?

O ciclo deste governo acabou. O povo quer mudança e nós acreditamos que somos uma alternativa. Faremos um governo com decência, com ordem, com honestidade, com respeito ao cidadão, com respeito à família brasileira e aos valores tradicionais. Somos a favor da liberdade de imprensa, a favor da liberdade de opinião e do Estado de direito.

A questão da defesa dos valores da família brasileira é um dos parâmetros do próprio PSC, que teve no último ano um grande ícone no Congresso Nacional, o pastor Marco Feliciano.

Na realidade, o PSC sempre defendeu essas causas e, naquela oportunidade, democraticamente e sem nenhuma articulação política, sobrou a Comissão de Direitos Humanos. Indicamos o deputado Marco Feliciano, que foi escolhido pela Bancada, e montou a Comissão para funcionar para todos os segmentos da sociedade. A Comissão, até então, servia uma parcela dos seus interesses.

Em algum momento o partido cogitou lançar o pastor Feliciano como candidato a presidente?

Ele colocou o nome dele à disposição, mas o partido entendeu que o melhor nome para disputar a Presidência seria o meu.

Qual será a bandeira do candidato pastor Everaldo na campanha, além da defesa dos valores da família?

A bandeira é a verdadeira mudança: passar a um Estado que sirva a população e não se sirva. Defender amplamente os direitos da vida, da família. Atualmente, a família brasileira precisa trabalhar mais de 150 dias por ano para pagar impostos. Somos o quinto país com maior carga tributária do mundo e na prestação de serviços somos um dos últimos colocados. Não pode continuar desse jeito.

O senhor concorda com a política econômica e monetária do governo ou não?

A pior situação que vivemos é o desarranjo na política fiscal do país. Não temos um macro estudo de planejamento do país. Não pode ficar oferecendo analgésicos, tem que descobrir o cerne da questão.

Qual seria a solução imediata ou em médio prazo para a economia?

Um exemplo para mim é o Itamar Franco. Ele pegou o país numa situação realmente difícil e “pensou” o Brasil, tanto que elegeu um sucessor de outro partido. O Fernando Henrique desenvolveu o Plano Real, que foi um motivador de estabilidade econômica no país. Então, nós temos que conciliar um governo de coalizão nacional, pegar todos os segmentos da sociedade e fazer um planejamento a longo prazo.

O senhor tomaria medidas impopulares se fosse eleito? Como cortar ministérios e custos?

Não adianta a gente querer enganar a população. Nós temos que fazer um ajuste fiscal de verdade. Chamar os governadores, chamar todas as forças da sociedade e fazer uma ação. Precisamos evitar de todas as formas o desemprego e incentivar o setor produtivo, tirando o estado intervencionista. Se deixarmos o setor produtivo trabalhar, o setor vai fazer isso bem feito, porque é isso que tem garantido a nossa balança comercial. Infelizmente, onde o Estado chega, a ineficiência tem chegado também.

O senhor está dizendo que faltou planejamento e diálogo da presidente com o povo?

Faltou diálogo e também tornar efetiva as soluções apresentadas por todos os segmentos, inclusive o setor produtivo. É preciso pensar o país daqui a cem anos, porque não adianta pensar no imediato. Por isso não vale fazer qualquer coisa apenas para se manter no Poder, tem que pensar no Brasil.

Quem está ao lado do senhor nesse discurso? O PSC estará sozinho ou vai ter uma coalizão?

Por enquanto eu estou sozinho, mas tudo que soma é importante. Eu não me preocupo com o que não tenho, me preocupo apenas com o que tenho.

Como que vai ser sua campanha?

Pretendemos juntar todas as forças que acreditam na gente. Eu já viajo o Brasil o tempo todo. Para mim, tem gente que prioriza as grandes cidades, eu não desprezo as pequenas coisas. Eu priorizo os princípios cristãos, e Jesus nos deixou princípios.

O senhor acha que, independentemente da política, o Brasil está perdendo seus princípios cristãos?

Está faltando princípios de forma geral. Não apenas princípio cristão, mas moralidade, ética no serviço público. Essa roubalheira, essa corrupção que estamos vivendo hoje no país é falta de princípio ético. Um dos princípios de Jesus é “amar ao próximo como a ti mesmo”. Então, se eu devo amar meu próximo, eu não vou roubar ele. Essa é a ética da humanidade, ética do respeito, então, nós como cristãos vamos botar em prática o máximo que pudermos esses princípios.

O senhor surge na imprensa como o pré-candidato de um segmento forte na sociedade brasileira, que são os eleitores cristãos. Como é que está a interface do senhor com as igrejas?

Eu sou evangélico. O presidente do partido no Congresso é católico. Primeiro vice, evangélico. Segundo vice, católico. Terceiro vice é um dos fundadores de São Paulo e é espírita. O PSC é um partido político, não um partido religioso. Haverá uma atenção especial para todo brasileiro que queira mudar esse país, seja cristão ou não cristão. Quer a mudança? Quer um governo cidadão e que mude e melhore esse país? Então nós vamos focar nisso.

Se o senhor for eleito como presidente vai continuar com a política de concessão?

Concessão de verdade!

O que seria concessão de verdade?

Enquanto esse governo é estatizante, eu sou privatizante. Tudo que for possível passar para iniciativa privada e para o empreendedor brasileiro, nós vamos passar. Agora, as concessões que são feitas hoje são com dinheiro de quem? Do BNDES…

Isso não acontece porque os próprios investidores estão com medo de investir e o governo apoia essa opção?

O problema todo é o seguinte: o governo não tem credibilidade. Nós vamos ser claros e sem ficar dizendo ao empreendedor qual lucro ele vai ter. Não existe isso. Tem que regular para que o serviço seja prestado. As agências reguladoras priorizam a negociação política e os responsáveis não fiscalizam ninguém. Tem que privilegiar os funcionários públicos, de carreiras, os técnicos, pagar bem os salários dos funcionários para poder cobrar. É assim que tem que funcionar! O brasileiro já trabalha demais, paga muitos impostos e a produtividade só não é maior porque o governo não deixa ser.

O PSC é aliado do ex-presidente Lula?

Nós somos da base no Parlamento, mas somos um partido independente. Nas votações no Congresso, se tivesse algum projeto de interesse do povo a gente votava a favor, quando era contra a gente votava contra.

A campanha política para a Presidência da República é muito cara. Como é que vai ser a sua campanha? Vai ser a conta gotas ou o senhor tem caixa, vai buscar o financiamento?

Eu sempre cito uma passagem bíblica sobre a multiplicação dos peixes. Primeiro: Jesus nunca trabalhou sozinho, tinha uma equipe com ele. Segundo: ele podia falar uma palavra e todo mundo estaria alimentado, mas ele preferiu organizar o povo. Ou seja, planejamento e organização. Terceiro: Jesus nunca olhou para o que ele não tinha. Com esse princípio, o que eu tenho eu vou colocar em frente. Toda forma de contribuição legal nós vamos fazer normalmente como todo mundo faz.

O STF já endossou e agora só falta a conclusão da votação no Plenário sobre proibir financiamento privado para candidatos e comitês. O senhor é a favor ou contra?

Eu sou a favor do financiamento como é hoje, mas com transparência total. Para mim, a legislação é suficiente, só basta aplicar o que existe. Hoje não dá pra entender porque querem que mudem isso. É estranho a OAB defender dessa forma porque os que chegaram ao poder foram em função desse financiamento. Isso é antidemocrático, porque nas maiores economias do mundo as contribuições são declaradas. Nós temos que ser o mais transparente possível e não sonegar informações a população.

Se o senhor não for ao segundo turno, vai se aliar a quem? Ao PSB, PSDB ou ao PT?

Eu nem pensei nessa hipótese. Eu tenho tanta convicção de que vou para o segundo turno nas eleições que não pensamos nisso.

Como que o senhor vai tratar as questões do aborto e célula-tronco nas eleições?

Eu sou a favor da vida desde a sua concepção.

E em casos de anencéfalos e estupro?

O que já existe hoje na legislação em casos de estupros é suficiente. Já a anencefalia são casos extremamente excepcionais.

E pesquisas com células-tronco?

Eu sou favorável. Toda ciência que existe é uma coisa que Deus quer que as pessoas desenvolvam. Então, quando o homem descobre as tecnologias para preservar a vida é porque Deus permite. Tem que investir mesmo em pesquisas e estudos na área científica. Inclusive, no Brasil a gente dá pouco valor aos nossos cientistas. Estão indo para fora porque o Brasil não oferece espaço. Eu sou favorável a investir maciçamente na educação básica. Eu estudei em escola pública, mesmo sendo da Comunidade eu trabalhei em camelô da feira, servente de pedreiro, Office boy, mas tinha uma escola pública de qualidade. Então, eu pude subir na vida, me formar e aprender. Um exemplo são a Coréia do Sul e o Japão pós-guerra: 60% do orçamento vão para a educação.

Sobre a Maioridade penal, o senhor é a favor da redução?

Sou a favor. Ainda estou estudando sobre o assunto, mas temos um bom exemplo do sistema penitenciário americano: fez o crime, vai pagar por aquilo independentemente da idade. Entrando em outro assunto, eu sou a favor da privatização dos presídios. No Brasil já tem experiências que estão dando 100% certo.

O senhor é a favor de privatização ou concessão de presídios?

Da privatização. A segurança é o foco que nós vamos colocar como prioridade. Vamos chamar os governadores, as polícias civis, militares e federais, e fazer um pacto, utilizar toda a inteligência possível para organizar a situação da segurança pública. Hoje o cidadão de bem está preso dentro de casa e o bandido está solto. Não é possível que um oficial da polícia militar seja espancado sem poder reagir. Não é possível aquilo que aconteceu na Rocinha dia desses, no Rio de Janeiro, uma viatura cercada por meia dúzia de bandidos que quebraram a viatura toda. Isso não pode. Nós temos que, naturalmente, corrigir os funcionários públicos e policiais que desviam da rota, mas também temos que tratar bem, porque policial hoje está desmoralizado. O governo inverteu a ordem das coisas. Não sou a favor de espancamento, mas a polícia precisar ter respaldo para combater a criminalidade no Brasil.

E a PEC 300?

O PSC defende a PEC 300 (que cria piso nacional de salário para PMs e bombeiros). Ela é necessária porque há 11 anos cerca de 40% da renda nacional estava concentrada no governo federal. Hoje, são quase 70%. Então, eu defendo uma reforma tributária e um pacto federativo para dividir aos Estados.

Suas considerações sobre a saúde e a educação. O que pode mudar?

Na educação nós temos que estabelecer uma meritocracia, com participação das famílias. Não o enlatado que vem do Ministério da Educação, que serve para o Rio de Janeiro e não serve para o Maranhão, serve para o Maranhão mas não serve para Santa Catarina. Um município precisa aplicar, no mínimo, 25% do seu orçamento na educação. O governo neste ano destinou apenas 3,8 do orçamento para educação. A mesma coisa na saúde. Então, educação em todos os níveis. Tem que fazer uma base forte com ajuda da família. Hoje nós temos o exemplo de estudantes que vão fazer a prova do Enem e não sabem escrever uma redação. Vergonhosamente, saiu uma reportagem há um mês na Folha de S. Paulo com um relatório do MEC no qual aponta que, nos últimos dez anos, 30 mil escolas foram fechadas na área rural. Estão faltando mais de 300 mil professores de matemática e mais de 4 mil professores de português no ensino básico. Na saúde, o funcionário não é valorizado. O imposto para remédios no Brasil é de aproximadamente 30%. O remédio para quem precisa tem que ser desonerado, custo zero.

Acredita que o SUS é um bom modelo ou deve ser mudado?

Lamentavelmente, nós chegamos nesse caos. É aquilo que falei no início, não houve planejamento. Era previsível, a população cresceria e iria precisar de mais médicos aqui e acolá. Isso é desenvolvimento! Por que o ministério da educação nos últimos anos não liberou mais vagas em medicina? Porque lamentavelmente já tinha um comboio para poder privilegiar um governo ditador que não respeita os direitos humanos. É necessário planejar para o futuro.

O senhor conseguiria fazer uma reforma em dois anos?

Nessa reforma política a gente defende o fim do voto obrigatório, o fim das coligações proporcionais e a unificação das eleições. Isso para começar. Não adianta querer fazer uma reforma política radical. Tudo tem que ser feito com prazo e devagar, mas uma hora tem que fazer. Não é possível que lá no Congresso discutam a reforma política há quase 20 anos e ainda não aprovaram. Se a gente quer construir um Brasil realmente desenvolvido tem que haver planejamento. O governo é quem tem atrapalhado o brasileiro a se desenvolver.

Pretende continuar com o Bolsa-família se for eleito presidente?

Nós focamos o seguinte: vamos dar a bolsa-família para que as crianças sejam mantidas na escola. O nosso foco é a educação. Jamais vamos deixar os brasileiros com fome, dou a minha palavra, mas temos que estudar uma saída para isso.

Com Luana Lopes.

 

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Na pré-campanha, a dança dos marqueteiros
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Leandro Mazzini

Em toda eleição há político reclamando de preço da campanha, do cabo-eleitoral ao outdoor, mas alto preço mesmo vem do dito marqueteiro. Tanto para o candidato, quanto para cientistas políticos, é ele quem encarece as eleições, com produções para a propaganda no rádio e na televisão. Fato é que sem marqueteiro dificilmente bom candidato não fica no páreo, e os presidenciáveis Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos já conversam muito com os seus.

Dilma continuará com João Santana, de sua vitoriosa campanha em 2010. Toda fala dela em rede de rádio e TV, discursos de eventos, passa pelo crivo de Santana. As pesquisas qualitativas encomendadas são semanais, e os resultados ditam os rumos de lançamentos de programas e viagens oficiais. Isso se intensificou há seis meses. Dilma, reclusa aos dois palácios, começou a rodar o país em pura campanha de reeleição.

Quem roda há mais de ano é o tucano Aécio Neves, que surge como contraponto ao PT. O tucano contratou até Dezembro passado o publicitário Renato Pereira, do Rio, responsável pelas duas campanhas vitoriosas de Sérgio Cabral ao governo, e do prefeito eleito Eduardo Paes. A despeito da ligação de amizade de Cabral com Aécio, quem indicou o marqueteiro ao senador foi o filho do ex-presidente FHC, Paulo Henrique. Pereira deu o mote de Aécio para a TV, criou o bordão ‘E então, vamos conversar?’. A conversa entre eles, entretanto, durou poucos meses. Num desentendimento de rumos do projeto presidencial, o contrato foi desfeito. Aécio procura outro. O PSDB já sondou Duda Mendonça, que levou Lula ao poder, e não será surpresa se o guru do petista fechar com o tucano nas próximas semanas.

Um marqueteiro político da estirpe dos grandes, Antonio Lavareda, que já atuou com sucesso pelo PSDB, é rondado pelos socialistas de Eduardo Campos. Até pela proximidade entre eles – Lavareda vive no Recife e em São Paulo (o eixo financeiro das campanhas). Em recente entrevista a um programa de TV, Campos comparou veladamente candidatos a produtos colocados em prateleiras, e disse que não acredita em marqueteiros. Não crê, por ora, até descobrir que lhe fará falta um.

Dos três, Campos é o que mais precisará de um forte trabalho de mídia, para se revelar uma opção, cuja gestão foi muito ligada ao governo federal que o ajudou em Pernambuco. Como se apresentar como novo diante de uma adversária que apoiava até há poucos meses, e às vésperas da eleição da qual se dissocia para priorizar seu projeto pessoal e de partido? É isso, em princípio, que terá de explicar ao eleitor.

Aliás, Marqueteiros repararam. O mote ‘O Brasil pode mais’, de Eduardo Campos, lembra muito o de Leo Quintão (PMDB), candidato contra Marcio Lacerda (PSB) na disputa da prefeitura de Belo Horizonte anos atrás: ‘Dá pra fazer mais’.

Já os tradicionais marqueteiros de políticos perderam a áurea. Agora são obrigados a dividir as atenções dos clientes com os gurus das redes sociais que passaram a acompanhar os presidenciáveis. Vide Marcelo Branco, que orienta Dilma nas redes. Eduardo Campos já tem um consultor especial para a internet, que atualiza suas páginas no Twitter e Facebook. Não é diferente com Aécio Neves, que tem núcleo para as redes e revelou à coluna que criará um bunker virtual para se defender do que classifica de patrulha petista online.

 


“Nos interessa o diálogo com o eleitorado petista”, diz presidente do PSOL
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Leandro Mazzini

luizaraujo

Araújo, a nova cara do comando do PSOL

Luiz Araújo nasceu em Belém do Pará. É professor, historiador, doutorando na USP, egresso da escola pública ‘a vida inteira’, faz questão de lembrar. Começou sua militância política aos 14 anos de idade. A estreia vem de uma luta antiga, embora continue atual: ‘Fui da liderança do movimento secundarista na luta pela meia passagem, hoje o passe-livre’.

Apesar de menor de idade, aos 16, ajudou a fundar o PT do Pará – a ficha foi a de nº 313 – e em 1983, aos 20 anos, estreou como professor na Rede Pública de ensino.

A vida política se iniciou em 1992, eleito vereador, mandato que o alçou à Assembleia Legislativa dois anos depois – quando Fernando Henrique Cardoso iniciava seu governo em Brasília. Licenciou-se do cargo eletivo e foi nomeado Secretário de Educação da Prefeitura de Belém, na gestão de Edmilson Rodrigues (PT). Mudou-se depois para Brasília e passou pelo INEP – onde ocupou a presidência por oito meses durante o primeiro governo Lula.

Araújo é da segunda leva de petistas que trocou o partido pelo PSOL. Filiou-se em 2005. Da cota pessoal de Randolfe Rodrigues, agora pré-candidato confirmado à Presidência, Araújo – que já ocupava a Executiva – foi eleito presidente na Convenção de Novembro.

Nesta entrevista à Coluna, ele detalha como vai comandar o partido no ano crucial de eleição presidencial, lembra acertos e erros da fundadora Heloísa Helena, defende maior participação do Estado na economia, critica a atuação seletiva do BNDES e prevê que a revolução de Junho passado nas ruas dará um recado nas urnas. Adianta ainda que o PSOL quer fazer uma bancada maior na Câmara e que trabalhará para conquistar o eleitor petista insatisfeito. “Nós surgimos e ao mesmo tempo somos vítimas da falência do PT”.

Como dá conta de conciliar a agenda?

Eu sempre fiz várias coisas ao mesmo tempo, mas eu tive uma sobrecarga muito grande porque eu estava em dois empregos, mais o doutorado, mais a executiva nacional do PSOL e acompanhando a prefeitura de Macapá, para onde eu ia uma vez por semana no primeiro semestre. O meu planejamento era ficar num emprego só, trabalhando como professor, que é o que eu gosto de fazer, e agora na executiva nacional do partido. Eu acho que no ano que vem vai ser aparentemente mais tranquilo em termos de quantidade de trabalho.

O que te motivou a ir para o PSOL?

A falência do projeto do PT. Nós somos um grupo que está desde o início, desde a década de 80 dentro do PT. Mas nós éramos um grupo que já existia na época da Ditadura e que ajudaram a fundar o PT e lutaram dentro do PT para que ele tivesse um projeto voltado mais para a esquerda. E nos sentimos muito representados por um programa que o Lula apresentou em 89, por exemplo. E esse programa foi se perdendo durante esse processo.

Em qual área o PT mais se afastou de seus projetos originais?

Eu acho que pra chegar ao Poder o PT mudou o seu programa pra compor com segmentos do empresariado brasileiro. O símbolo maior pra fora foi a carta aos brasileiros que o Lula apresentou em 2002, que era uma série de compromissos para manter a mesma política econômica que nós combatíamos para, digamos assim, não ter mais uma oposição serrada do empresariado, dos bancos, das grandes empresas e corporações. Mas não foi um gesto que começou a ser construído ali, foi uma mudança programática que foi perdendo as energias de mudança.

Você acha que aquele gesto da Carta aos brasileiros, na véspera da eleição, foi o divisor de águas do PT?

Ela consolidou uma visão que já estava majoritária no partido, mas que não se assumia plenamente. Havia uma tensão interna, tanto que nós ficamos dois anos e meio no PT pós-eleição porque a gente achava que esse sentimento de mudança estava muito presente na militância do PT, nos quadros partidários e não estava consolidada aquela visão ali na Carta.

O PSOL parece que, gradativamente, está passando por essa mudança. 

Eu não acho que são processos comparáveis. O PSOL nasceu da falência do PT. Só existe o PSOL por essa guinada que o partido deu. Nós surgimos e ao mesmo tempo somos vítimas da falência do PT, a gente é vítima porque o espaço para a esquerda diminuiu. A mudança que tem ocorrido tem a ver com o que aconteceu no PT. Quem se consolidou no PSOL é uma maioria que acredita que é necessário você ter uma posição programática em relação ao governo, ao tripé econômico e a política econômica que nós temos. Há uma rebeldia muito grande que tem atraído a juventude para o PSOL, e essa rebeldia continua presente, mas o PSOL não tem na sua essência uma vocação para ser uma seita. O PSOL é um partido de massa, um partido democrático, mas que resgata o ideário socialista. A Heloísa Helena se tornou uma liderança nacional no meio da crise do mensalão do PT, de 2005 a 2006, então capitalizou essa insatisfação, essa desilusão. Ela não aceitou ser candidata em 2010 e defendia que a gente apoiasse a Marina.

E agora? Por que ela não é candidata?

A Heloísa está no PSOL no momento porque o partido da Marina (Silva, a REDE) não deu certo. Ela e outras pessoas, inclusive alguns fundadores do PSOL, iriam sair. Ela foi uma das assinantes da ata da Rede. Os caminhos foram muito distintos, porque depende dos interesses locais. A Heloísa não foi expulsa do partido e tem uma relação muito boa com o PSOL em Alagoas, então ela avaliou que não precisava sair.

Mas o que faz a própria fundadora do PSOL querer sair do partido?

Na minha opinião a Heloísa aparentemente seria mais radical do que a gente, mas a opção dela de ir pra Rede mostrou o inverso. Eu respeito a opinião dela, eu acho que quando ela viu que tinha outros setores ganhando força no partido ela resolveu se fechar e se abster da liderança nacional.

Então ela perdeu o controle do partido?

Eu acredito que ela não ter uma maioria sólida em torno dela e não ter concordância do que defendia em 2010, ela se recolheu em Alagoas e abdicou de disputar nacionalmente. Eu acho que ela errou porque nós do PSOL dependíamos dela para ser candidata à Presidência.

Foi aí que o Plínio de Arruda apareceu?

Nós fizemos um Congresso do PSOL e grande parte dos participantes queria que a Heloísa fosse candidata e ela não quis. Nós discutimos no Congresso o que fazer, depois de muitas discussões e outras candidaturas, nós optamos pelo Plínio. Era uma candidatura que não tinha a mesma potencialidade que ela tinha. Nós abrimos mão da disputa porque não tínhamos um nome para disputar a eleição no nível que a Heloísa disputaria. Acredito que tinha muito a ver também com a amizade dela com a Marina, tanto que ela fez campanha para a Marina e não para o Plínio.

E isso não pegou mal para o PSOL?

Teve um desgaste. A postura da Heloísa em relação a amizade dela com a Marina é óbvio que desgasta.

A Heloísa é pré-candidata ao Senado. O apoio a ela é por obrigação?

Não, é um pouco diferente nesse caso. Nós vamos dar a legenda para ela se candidatar pelo PSOL. Eu sou favorável que a gente dê a legenda mesmo sabendo que a probabilidade de ela migrar para a Rede no dia seguinte é grande. É muito melhor que a Heloísa seja candidata ao Senado em Alagoas do que um Collor de Melo ou qualquer outro da Direita. Então, para o povo brasileiro e para os alagoanos é muito importante, porque negar a legenda à Heloísa não ajudaria em nada os brasileiros.

Quais são as suas prioridades agora no partido?

A minha prioridade é consolidar e iniciar desde já a organização da campanha do Randolfe.

Você pretende viajar a todos os diretórios estaduais?

Eu já fui secretário geral, estive nas executivas, estou acompanhando, então eu não precisaria ir aos Estados. Mas, nós vamos fazer uma rodada de visitas para organizar a campanha, porque a campanha tem duas pontas: uma vai resolver as questões da campanha presidencial, que já está decidido que será o Randolfe. Já temos um nome, falta apenas um programa e acertar as estruturas da campanha. Que é difícil por ser uma campanha de esquerda de um partido pequeno. A segunda ponta que a direção precisa se dedicar é que temos outra prioridade, que é eleger uma forte bancada. E uma forte bancada se elege por boas chapas nos Estados. Ter chapas majoritárias boas nos Estados e chapas competitivas para disputar a Federal é uma prioridade para o PSOL.

No Amapá o PSOL está muito bem. O Estado está dando o recado de que o cenário pode mudar no país?

Eu acho que o maior prejudicado e o nosso maior adversário no dia seguinte da vitória do senador Clésio na capital é o Sarney. Ele e o grupo político. Eu espero que esse exemplo de afastar as velhas oligarquias do Poder que aconteceu em Macapá se espalhe pelo Brasil todo. A candidatura do Randolfe encarna outro componente em nível nacional, que é essa questão de que há um sentimento de mudança no Brasil. É obvio que nós temos imensas dificuldades, nós somos um partido pequeno.

Como vocês administram o partido?

Fazendo milagres. O partido é pequeno, uma parte do partido é militante. O que sustenta o partido não é o fundo partidário, que sustenta a Sede Nacional. Os parlamentares têm contribuição regular no partido, mas é uma penúria, então a máquina partidária é muito pequenininha. O que garante isso é que tem uma presença social, que o PT já teve no passado, em que se fazem eventos, mobilizações e muito voluntariado.

Quais as bandeiras?

Uma mudança radical na política econômica. A primeira é uma mudança no tripé da política econômica. A nossa bancada na Câmara fez uma CPI da dívida e detectou várias irregularidades que mereceriam uma auditoria, mas ninguém quer mexer na dívida, porque não podem mexer com os banqueiros do Brasil. Metade do orçamento federal é gasto com isso no Brasil. Então, uma auditoria da dívida, uma revisão do superávit primário e um redirecionamento. Hoje o setor financeiro especulativo governa o Brasil e consome as riquezas nacionais. Criticam muito o investimento em infraestrutura, mas ninguém quer mexer no superávit primário. Segundo, uma maior presença do estado brasileiro na vida econômica do país.

Isso passa essencialmente pelo fortalecimento do BNDES ou tem outras opções que vocês podem propor?

Nós vamos redirecionar o BNDES para os investimentos produtivos.

Quer dizer democratizar?

Democratizar e investir na infraestrutura. O problema é que o BNDES está sendo usado como fonte de subsídio para as privatizações. Não somos contra, mas vamos rever as privatizações. E a primeira delas é o modelo de leilão que foi feito no pré-sal. Nós não podemos impedir o governo de fazer algum leilão, mas certamente no governo do Randolfe não teria leilões e a Petrobras seria fortalecida.

Então vocês são contra todas as concessões em todas as áreas?

Exatamente! Nós somos favoráveis a voltar ao monopólio da Petrobras. É necessário fazer uma revisão completa e um redirecionamento dos investimentos para criar as bases de presença do Estado nas áreas fundamentais de educação, saúde, mobilidade urbana e saneamento básico, que gera emprego, gera renda e gera negócio no país. Então, uma parte do investimento produtivo significa fazer investimento em infraestrutura para diminuir as doenças, gastar menos com saúde, ter um padrão mínimo de qualidade. Porque o dinheiro não é infinito, é necessário fazer opções.

Quando que o PSOL vai preparar um plano de governo para o Randolfe?

Nós vamos iniciar agora um processo de construção coletiva, porque nós queremos ouvir todos os setores sociais que questionam a política econômica do governo, ou seja, a esquerda que não é do PSOL.

Nesse grupo pode até ter grandes empresários, vocês vão chamar também?

Na hora que nós formos discutir o investimento produtivo não tem nenhum problema de ouvir os empresários. Só que é uma relação diferente, nós não queremos um governo que aceite lobby ou propinas. Pequenas e médias empresas serão beneficiadas na hora de discutir licitações.

Vocês vão usar na TV os modelos de prefeituras em campanhas para mostrar que a proposta do PSOL pode dar certo?

Sim, nós vamos buscar essas experiências. Nós não vamos apresentar um programa que é para quem vai fazer uma revolução. Vai ser um programa radicalmente diferente do apresentado por outros partidos, mas concreto. Não vamos prometer aquilo que não faríamos.

Quais são os partidos aliados para a campanha presidencial do PSOL?

Nós vamos procurar o PCB, mas a nossa maior preocupação não é com os partidos formais. Eu acho que o aprendizado que nós tivemos com as manifestações de Junho é que há um cansaço da população com a forma de fazer política no país. O antipartidarismo que apareceu não é uma negação aos partidos, mas é com o tipo de partido que a gente tem. A esquerda também sofreu com isso, porque simbolizava a política como ela é. O político corrupto, o que não resolve os problemas do povo.

Então o Randolfe pretende preencher essa lacuna?

Nós vamos trabalhar para dialogar e mapear esses segmentos sociais beneficiados e interessados com o programa que a gente está apresentando. Então, o nosso programa responde a essas demandas, mas pode ser que a gente não conquiste as pessoas e elas continuem com a crise de identidade, por exemplo, lutando contra a Belo Monte e votando no PT. Não nos interessa nenhum diálogo com o PT, mas nos interessa o diálogo com o eleitorado petista.

Vocês acham que podem conquistar os petistas descontentes?

Sim, dos insatisfeitos. Essa insatisfação é muito misturada. Eu me lembro que uma parte das pessoas que eram antipestistas eram muito conservadoras com a campanha da Heloísa. E votaram nela em protesto.

O senhor acredita que esse voto de protesto vai se repetir com o Randolfe, como aconteceu com a Heloísa e até com a Marina?

A Marina e a Heloísa captaram parte das pessoas que gerou as manifestações agora em Junho. Essa insatisfação latente, digamos assim. No caso do Randolfe, ele disputa esse eleitorado que cresceu. É o eleitorado que a Marina conquistou e que cresceu com as manifestações. É uma parcela conquistada. Nós vamos nos esforçar para dialogar com eles, pois não depende só da gente. As nossas verbas são limitadas, não temos estrutura para dialogar com eles nem tempo na televisão, então nós vamos começar mais cedo, ser mais criativos. Acredito que temos uma vantagem pelo fato de que estamos mais preparados para dialogar com a juventude que está nas redes sociais do que as outras candidaturas. O fato de ser um candidato jovem e ter ideias novas e também o fato de apresentar um programa que dialogue com esses segmentos organizados e com as demandas de Junho que vão voltar.

O Randolfe está investindo nesse público também?

O público-alvo da campanha são os insatisfeitos. Logicamente, outros candidatos também vão tentar conquistar esse público. O problema é que talvez eles não consigam se “desgrudar” da velha política que esses jovens enxergam.

Colaborou Luana Lopes


Com Randolfe, prioridade do PSOL é reforçar bancada federal em 2014
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Leandro Mazzini

Atualizada Quarta, 12h05 – Com o senador Randolfe Rodrigues (AP) confirmado pré-candidato à Presidência da República, o PSOL esboça a mola propulsora do partido a partir do Rio de Janeiro, diz o novo presidente, Luiz Araújo.

A executiva não convenceu Marcelo Freixo a se candidatar a deputado federal, e o estadual tentará a reeleição. A prioridade da legenda é fazer uma bancada forte na Câmara dos Deputados, hoje com três parlamentares.

‘Chico Alencar se reelege e pode trazer mais gente. E Jean Wyllys já tem votos para se eleger sozinho’, prevê Araújo, sobre o poder do puxador de votos na proporcionalidade. Foi a votação excepcional de Alencar no Estado fluminense que elegeu o ex-BBB a reboque, que obtivera apenas 13 mil votos.

‘Temos chances em cinco ou seis Estados’, diz Araújo, sobre candidatos em potencial do PSOL para a Câmara.

Maior nome do PSOL no Rio, Marcelo Freixo não tira um projeto da cabeça: quer reforçar militância para disputar a prefeitura em 2016.

Já a fundadora do partido, Heloísa Helena submergiu na cena política. Em Alagoas, ela quer disputar o Senado, contam aliados locais, mas terá páreo duro com Téo Vilela (PSDB), o governador candidato à Casa Alta.

E Plínio de Arruda Sampaio, que incendiou a campanha em 2010 com sua verve crítica, fechou com Randolfe.

No Congresso do partido realizado há uma semana, o PSOL decidiu que não haverá prévia para escolher o candidato, e o senador Randolfe foi aclamado.

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MEL NA BOCA 

Circula no Ministério da Agricultura uma carta assinada pelo líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RS), e pelo líder do PTB, Jovair Arantes (GO), pedindo a nomeação de Rubinaldo Lameira para a Diretoria de Açúcar e Álcool, ligada ao setor usineiro. Provavelmente o trio entende tudo de melado.

QUARTETO  

A briga entre os quatro diretores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é tão grande que eles mal se falam. No encontro do departamento de RH há semanas, cada um foi num carro, e em horário diferente, para não se verem.

REI DOS LOTES 

Não são só deputados distritais que escancaram títulos de terras nas satélites de Brasília, legislando em causa própria para legalizar loteamentos. O MP há meses está de olho num parlamentar brasiliense com terras aqui e em Luiz Eduardo Magalhães (BA).

ENTÃO TÁ 

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) recuou na emenda apresentada numa MP para desonerar de II e IPI material de Golf. Ele diz que foi pressionado por aliado.

BRASIIILLL  

O TJ do Piauí julga hoje ação popular contra nomeação como conselheira do TCE da primeira-dama do Estado, Lílian Martins, esposa do governador Wilson (PSB). Isso mesmo, no Piauí a patroa ‘fiscaliza’ os gastos do marido.

ATRASO & MISERICÓRDIA 

O presidente francês François Hollande desistiu de inaugurar a ponte Saint Georges (Guiana Francesa) – Oiapoque (AP) por pena do Brasil – que há 30 meses atrasa obras de alfândega por incompetência. O lado de cá não ficou pronto. Seria dia 12.

VÃO-SE OS ANÉIS..

Quem não se lembra de Oscar Jucá Neto, diretor financeiro demitido da Conab, que tentou liberar R$ 8 milhões para empresa fantasma e saiu metralhando que ali ‘só tem bandido?’. Pois uma dupla que usou a senha administrativa para liberação continua solta, livre e leve pelos corredores da companhia.

TE CUIDA, PADILHA 

Militantes da bancada cristã vão levar hoje cartazes ‘Padilha, SP está de olho em você!’. O ministro da Saúde, pré-candidato ao Governo, prestigia seminário na Câmara com presença de palestrantes ‘abortistas’, diz a turma do Instituto Pró-Vida.

ABAFA! 

Olha a situação. Gustavo Perrella, filho do senador e dono do helicóptero com flagrante de cocaína, é do Solidariedade. O líder de seu partido na Câmara é o delegado federal Francischini, que se gaba de já ter prendido ‘os megatraficantes Abadia e Beira Mar”. A PF no Espírito Santo pretende divulgar em 30 dias conclusão do inquérito sobre se há ou não participação dos Perrella no carregamento da droga. A família acusa o piloto.

O NOIVO 

A senadora Ana Amélia é candidata certa ao governo gaúcho contra Tarso Genro. Ambos disputam o PMDB, o noivo da vez, que indicará Germano Rigotto ao Senado.


Aécio assume candidatura e lançará “decálogo” de campanha
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Leandro Mazzini

aecio

Aécio, durante intervalo no estúdio da REDEVIDA em Brasília, nesta Terça à noite

Em rede nacional de televisão na noite desta terça-feira, com tom conciliador sobre José Serra e de evidente pré-campanha, o senador mineiro Aécio Neves, presidente do PSDB, não deixou dúvidas de que será o candidato do partido a presidente da República. Disse que engana-se quem pensa ser Serra um adversário interno ou problema: ‘Revelo que tivemos uma longa conversa na Segunda-feira (4)’.

Se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em sua campanha de 1994, mostrou os cinco dedos da mão como mote, Aécio – que o elogiou muito na TV – seguirá a linha do aliado: até a segunda quinzena de Dezembro, revelou, lançará um “Decálogo” programático que norteará sua campanha para o Planalto. Essa base do programa de campanha, segundo revelou, será fruto de debate entre a Executiva do partido e governadores. Em tese, mostrará as duas mãos e os dez dedos com os tópicos que abordará nos debates. Entre eles, reforma administrativa, política fiscal austera, Infraestrutura etc.

Por 1h20, Aécio foi entrevistado no Frente a Frente da REDEVIDA de Televisão, ao vivo e em rede nacional, por este repórter e a jornalista Denise Rothenburg (Correio Braziliense), e não titubeou ao indicar que é o candidato. Atacou a presidente Dilma e a gestão petista:

– O Planalto já não é um Palácio, virou um Cabo Canaveral, a cada semana se faz um lançamento ali – ironizou, sobre sucessivos programas de governo lançados pela presidente Dilma (PT).

Embora tenha atacado a gestão atual, Aécio mostrou que, se presidente, seguiria algumas linhas atuais. Não concederia autonomia ao Banco Central (é contra projeto do primo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que dá autonomia à instituição), defendeu o câmbio flutuante e reforçou que manteria os programas sociais consolidados. Olhará para a frente na campanha, sem esquecer do retrovisor: defenderá tais programas sociais porque são embriões do governo FHC.

– Fiquei apenas triste porque Lula e Dilma não convidaram o ex-presidente Fernando Henrique para a cerimônia dos 10 anos do Bolsa Família – disse.

Mais Médicos

Numa revelação surpreendente, ao contrário da grita da oposição, Aécio disse ser a favor do programa Mais Médicos, ‘Mas com aprovação pelo Revalida, com mais condições para os profissionais trabalharem e mais qualificação”. Em suma, manteria o programa numa eventual gestão sua. Há três semanas, no mesmo programa de TV, seu eventual adversário Eduardo Campos (PSB) foi mais crítico: disse que o Mais Médicos é a ‘falta de planejamento deste governo’.

O chamado choque de gestão que o catapultou aos holofotes nacionais foi citado por ele para criar um cenário para a Esplanada. Ele defende um governo enxuto.

– Num governo do PSDB haverá 22 ministérios – resumiu.

No entanto reconheceu o endividamento e a situação difícil pela qual passa o Estado de Minas Gerais, que governou por oito anos e que hoje tem R$ 19 bilhões de dívidas contraídas apenas com bancos internacionais de fomento. Aécio apontou que esse é um cenário de todos os Estados, e está confiante de que a aprovação do PLC 238 em debate no Senado – o que muda o indexador de cálculo da dívida (pública) dos Estados com União – pode causar um alívio nas contas.

Aliado e ‘adversário’

A todo momento o senador mineiro evitou polemizar sobre José Serra, o citou poucas vezes, nas quais lembrou que houve avanços nos laços políticos entre os dois. ‘Serra é um homem de partido, tanto que ficou no PSDB’, comentou o senador, para emendar que o tucano paulista será um forte aliado futuro.

Sobre o eventual adversário Eduardo Campos (PSB), Aécio acredita que eles podem se somar na campanha, e indicou que o PSDB e PSB terão total autonomia – tanto dele, quanto de Campos – para fechar alianças locais as quais eles não vão interferir. ‘E cada partido fará campanha para seu candidato’, sentenciou.

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Pré-candidatos usam o “timing” para explicar antecipação
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Leandro Mazzini

A muito antecipada campanha eleitoral – e isso se repete há anos – me remete àquela máxima popular, a de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha.

Adaptando isso ao cenário atual: quem incita a pré-campanha, a imprensa ou o candidato? Os dois lados, creio. Há uma cumplicidade na iniciativa, e todos justificam com a balela de que atendem a anseios populares ou de seus partidos. Ninguém assume o jogo. Nos bastidores, revelam que não podem perder o timing, palavra muito usada pelos americanos: o seu momento, a sua oportunidade.

E não bastassem os notórios e potenciais candidatos – em sua maioria mandatários de qualquer cargo – já surgirem a mais de um ano do pleito na sua TV, nos jornais, nas rádios, nas ruas com o disfarce de bons gestores mas em agenda ininterrupta de campanha, trazem a reboque a figura do marqueteiro, o guru das boas ações e dos bons modos.

Discretamente, consolida-se o trabalho de um staf extra-gestão, um comitê de crises, uma assessoria de imagem. Tudo direcionado à futura campanha, menos ao trabalho que o pré-candidato deveria administrar, para o qual foi eleito.

Cito exatamente três: Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, Dilma Rousseff (PT), presidente da República, e Aécio Neves (PSDB), senador por Minas Gerais.

Campos passou a rodar o país a partir de janeiro de 2012 articulando palanques locais e colocou o bonde na rua e a cara na TV. Precisa ficar conhecido e seu marqueteiro (falam em Antonio Lavareda) lançou o bordão ‘Podemos Mais’, na esteira do sucesso de Barack Obama, ‘Yes, we can’. Na terça, 22 de Outubro, baixou em Teresina (PI) para receber título de cidadão honorário (ninguém lá sabia a relação dele com a cidade). Três dias depois a presidente Dilma correu para a mesma capital, a fim de entregar certificados de curso profissionalizante. Para citar apenas um exemplo de como todos já se monitoram.

A presidente Dilma, reparem, entrou em campanha intensa. A gestora técnica, que mal saía dos Palácios, iniciou agenda de pelo menos duas viagens semanais há três meses, e manterá esse ritmo a fim de se reaproximar do povo do qual se afastou nos primeiros três anos de mandato. É a eterna ‘Mãe do PAC’. Pura campanha.

Aécio Neves não fica atrás. Mais discreto, porém com o mesmo intuito, viaja pelo interior do País com o bordão ‘E então, vamos conversar?’, obra do publicitário Renato Pereira, garimpado pelo tucano nas hostes de Sérgio Cabral no Rio. Sua ideia, já se vê pelas inserções do PSDB na TV e rádio, é minar a gestão petista mostrando defeitos em obras – ou a falta delas. Mas o PT também mira sua gestão em Minas como governador e a de seu antecessor. Maior porta-voz do partido no Estado, o deputado Reginaldo Lopes (PT), roda o Estado todos os fins de semana realizando audiências públicas para minar o tucano.

Com uma situação os três não precisam se preocupar. Projeto do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no pacote da minirreforma eleitoral que passou no Senado e avança na Câmara permite aos políticos fazerem campanha nas redes sociais a qualquer tempo. Derruba o crime eleitoral para este tipo de propaganda. Tudo o que eles queriam. Não por acaso a presidente Dilma voltou para o Twitter com postagens diárias. Todas orientadas pelo marqueteiro João Santana.

Em recente entrevista à TV, na qual participei, Eduardo Campos comparou candidatos a produtos de prateleira. O provoquei: o senhor acredita em marqueteiro? Respondeu que não, mas conversa muito com Lavareda.

Estão todos em campanhas on-line. É que ninguém pode perder o timing.