Coluna Esplanada

Arquivo : dezembro 2014

Dilma foi ingrata com Gilberto Carvalho
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O ministro demissionário da Secretaria Geral do Planalto, Gilberto Carvalho, é o último ‘guardião’ da Era Lula dentro do Palácio. Fiel a ele, e não à presidente Dilma Rousseff – mostram os episódios das críticas a ela – Carvalho cumpriu com competência por 12 anos o seu papel de interlocução com os movimentos sociais, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o movimento dos sem-teto e dos catadores de lixo, entre outros.

O ministro foi também o principal braço da Igreja Católica dentro do governo, contornando situações que colocariam a gestão e o PT sob risco de perder o Poder. Em 2010, articulou uma frente suprapartidária evangélica para salvar a candidatura de Dilma ao Planalto, após um disse-me-disse (ela contribuiu) sobre a então candidata ser ou não ser a favor do aborto.

Destaca-se deste episódio a ingratidão da presidente eleita para com o ‘ministro-olheiro’. Quando a campanha desandava contra ela em 2010 na etapa final, por declarações desencontradas sobre o direito ao aborto e a legalização ou não, Carvalho organizou uma caravana de importantes parlamentares para que percorressem o Brasil durante duas semanas antes do pleito em defesa da candidata do PT. José Serra (PSDB) disparava gradativamente nas pesquisas após a polêmica e ameaçava o projeto de Poder dos petistas.

O então vice-presidente da República, José Alencar, foi acionado e cedeu o seu jato Citation X. Nele viajou um séquito de elite do Parlamento, aliados do governo, em visitas às igrejas evangélicas, reconstruindo a imagem da presidente. Àquela altura, 5 milhões de folhetos apontando Dilma a favor do aborto já eram distribuídos por um movimento católico em capitais.

Os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ) e Magno Malta (PR-ES) capitanearam o time, incluindo deputados pastores, que percorreram os templos, enquanto o ministro Carvalho dialogava com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Passada a eleição, o resultado das viagens foi visto como fator contribuinte para a vitória de Dilma.

O ministro Gilberto Carvalho chamou este colunista de mentiroso, por ter publicado mês passado a decisão da presidente Dilma de demiti-lo após uma ríspida conversa. A reunião fora motivada por críticas de Carvalho numa entrevista à BBC à gestão da presidente. Carvalho negou veementemente a reunião e a demissão. E agora deixa o Palácio.

Ontem, foi confirmada a saída de Gilberto Carvalho do governo da presidente, comprovando o que a Coluna antecipou.


Sem Petrobras, YPFB e PDVSA iniciam exploração de petróleo na Amazônia
Comentários Comente

Leandro Mazzini

A YPFB, do governo da Bolívia, associada à PDVSA, da Venezuela, iniciaram neste fim de semana a exploração de petróleo no campo de terra Lliquimuni, no Norte do País, no meio da Amazônia boliviana.

A Petroandina SAM – 60% da Bolívia e 40% do governo Maduro – conquistou a exploração de cinco blocos: Iliquimuni, Sécure, Madidi, Chispani e Chepite. Numa região riquíssima que renderá bilhões de dólares em venda a médio prazo.

A Petrobras – cuja refinaria no País de Evo Morales foi invadida pelo Exército e estatizada a baixo custo – não foi convidada a entrar nesta sociedade.


Dirceu visitou presidente Dilma no Alvorada
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Charge de Aliedo - aliedo.blogspot.com

Charge de Aliedo – aliedo.blogspot.com

Há poucos dias o ex-ministro o ex-apenado José Dirceu visitou a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, a residência oficial, antes das férias da chefe da nação. Uma fonte que trabalha no Palácio confirmou a passagem.

Foi uma longa conversa. Livre, leve e solto – por uma decisão de ministro do STF nomeado pela presidente Dilma – o apenado, que passou do regime semiaberto (dormir na prisão) para o domiciliar comemora a nova fase: praticamente um ano após a condenação já saiu da cadeia. Caso raro para muitas outras centenas de apenados humildes que mofam nas celas, já demonstraram levantamentos da Justiça.

É um mistério o teor da conversa da presidente com o ex-colega de governo. Sabe-se que Dilma deve parte de sua ascensão a ele. Foi Dirceu quem se esforçou, como então chefe da Casa Civil do primeiro governo de Luiz Inácio, a levá-la ao presidente. O labrador ‘Nego’, fiel guardião de Dilma e acompanhante de caminhada dela nas poucas horas vagas, foi presente de Dirceu. Mas nada disso deve ter entrado na conversa a dois.

Fato é que a visita sigilosa à presidente Dilma neste momento (um mensaleiro apenado recebido com especial dedicação no Palácio) pode também ter relação com o famigerado ‘petrolão’ – o esquema de corrupção descoberto pela PF na Petrobras. Renato Duque, o ex-diretor da estatal detido, era apadrinhado do grupo político no PT comandado por Dirceu. Duque era Dirceu e vice-versa no governo Lula dentro da Petrobras, quando Dilma já compunha o Conselho de Administração da petroleira.

É notória também entre gabinetes parlamentares e no PT a ingerência de José Dirceu na indicação de nomes de sua confiança nos conselhos dos fundos de pensão estatais – desfilou apadrinhados na Previ, Petros, Funcef, etc. Quando Dilma batia ponto no último andar do Ministério de Minas e Energia, o todo-poderoso aliado controlava do quarto andar do Palácio do Planalto uma rede de contatos que fazia jus ao mito que se criou em torno de sua figura. Ainda há, hoje, ‘Dirceusistas’ distribuídos por pontos estratégicos do governo em todas as esferas, com média ou muita influência. Entrelinhas, a presidente Dilma não receberia no Alvorada ou perderia seu tempo com apenas um ex-colega de Esplanada.

No pós-governo, demitido, Dirceu passou a usufruir de sua extensa rede de contatos para fechar contratos. Tornou-se consultor não declarado de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Um abre-portas em qualquer órgão do governo federal. Com o PT no governo, o dinheiro entrou em sua conta. Um empresário do ramo de estaleiros chegou a pagar-lhe R$ 30 mil por mês para ter acesso a ministros e autoridades afins ao seus interesses, conta uma fonte do setor empresarial do Rio de Janeiro. Agora, Dirceu deve se retirar do escritório de José Gerardo Grossi, em Brasília, onde organiza a biblioteca – um trato com a Vara de Execuções Penais do DF – e retomar a ‘carreira’ de consultor.

Trabalho não faltará. Dinheiro, também não. Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, e já está na rua. Pagou multa de R$ 676 mil à Justiça para dela se livrar. Em abril de 2013, meses antes de ser condenado e preso, Dirceu fretou por mais de uma semana o jatinho Citation II, prefixo PT-LLU, e pousou em pelo menos cinco capitais (cada trecho gasta-se num avião executivo R$ 50 mil só de frete). A estratégia era divulgar a sua defesa, ciente da condenação, em auditórios dos diretórios do PT lotados de simpatizantes.

Deu certo. Um estrategista de primeira linha emplacou na consciência de milhares de militantes que é um preso político, perseguido e injustiçado. Ou a chefe da nação, pelo visto, caiu nessa. Ou é cúmplice de suas artimanhas no Poder.

Em nota divulgada na tarde desta terça, o ex-ministro afirmou via assessoria:

“Diferentemente do que publicou o Blog da Esplanada, reproduzido pelo UOL, o ex-ministro José Dirceu nega, com veemência, que tenha visitado recentemente a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Alvorada. A informação é desprovida de qualquer fundamento.

O ex-ministro também reitera que não foi responsável pela indicação de Renato Duque para a diretoria da Petrobras.”

Dirceu tem suas preocupações. A Justiça concedeu prisão domiciliar sob algumas condições, entre elas não participar de reunião política, o que conota o encontro relatado. A coluna confia em suas fontes.


TRF de São Paulo ganha R$ 35 milhões dos deputados para ampliação
Comentários Comente

Leandro Mazzini

TRF1

TRF2

Reprodução do website da Câmara dos Deputados

A benesse parlamentar da bancada paulista no Congresso Nacional no Orçamento de 2015 não fica apenas no meio bilhão de reais destinados para o TRE comprar uma sede na capital.

Os desembargadores federais da instância recursal entraram na lista do Papai Noel. A emenda 71250011 reserva R$ 35 milhões para que o Tribunal Regional Federal expanda sua sede.

Atualmente, o TRF da 3ª Região ocupa uma torre da Av. Paulista, nº 1842, de propriedade da União. Mas há muitos prédios e salas alugados pela região. De acordo com a justificativa da emenda, já foram adquiridos ’14 conjuntos’ e faz-se necessário agora, para ampliação, comprar mais ’90 conjuntos’ no edifício Cetenco Plaza e outros imóveis nos quais o tribunal é inquilino.


Bancada de SP no Congresso reserva meio bilhão para TRE comprar sede
Comentários Comente

Leandro Mazzini

TRE-SP

O CGD Corporate na Barra Funda – recém-construído, um grande negócio para o TRE e a construtora. Foto: divulgação

A grande São Paulo tem muitos problemas públicos, incontáveis que não cabem nestas linhas. Ano após ano, eleição após eleição, agentes políticos desfilam uma série deles na mídia, prometem soluções, e poucos resultados aparecem para a saúde na UTI, o transporte coletivo com ‘passageiros enlatados’, a segurança deficitária etc . O Estado também conta com 70 deputados federais para que apontem soluções, mas pelo visto a bancada federal paulista tem outras prioridades: com tantos problemas de moradia, um afago ao Judiciário, em especial juízes eleitorais e desembargadores federais.

É o que se depreende diante de dois casos da lista de emendas parlamentares da bancada de São Paulo. A emenda 71250010, aprovada no último dia 17, direciona nada menos que R$ 500 milhões (isso mesmo, meio bilhão de Reais) para que o Tribunal Regional Eleitoral de SP tenha uma nova sede. Trata-se de uma verba para adquirir dois edifícios recém-construídos, no total de 40.170m², na Av. Francisco Matarazzo, na Barra Funda. É o CGD Corporate Towers, cujo metro quadrado está saindo a R$ 12,4 mil!

TRE1

TRE2

Reprodução do website da Câmara dos Deputados

A validade da emenda endossada pelos deputados paulistas é de Janeiro a Dezembro do ano que vem. Em suma, os desembargadores e juízes eleitorais poderão, em breve, serem presenteados com uma suntuosa sede dada por aqueles a quem fiscalizam. São os juízes e desembargadores eleitorais quem decidem sobre registros de candidaturas e eventuais cassações de políticos, vale lembrar.

Um dos prédios tem 20 andares e o outro, anexo, seis pavimentos. E o melhor, para uma cidade com trânsito tão saturado:1.135 vagas para veículos.

tre-uol

Charge de Aliedo – aliedo.blogspot.com

Vale a memória – estamos num País sem uma – do episódio grotesco do superfaturamento da sede do Tribunal Regional do Trabalho de SP, que mandou para a cadeia (em idas e vindas) o ex-senador e construtor Luiz Estêvão (novamente encarcerado, em Brasília) e o juiz Nicolau dos Santos Neto (fora da cela).

Obviamente estamos, neste episódio do TRE atual, diante de um caso apenas vultoso, curioso e de escancarado desrespeito dos parlamentares e Judiciário com o povo, diante de tantos problemas. Até que se prove o contrário, nada ilegal, mas amoral.

A Justiça nunca foi tão célere. Em causa própria.


José Sarney, a despedida
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Contam ilustres moradores que em reunião num luxuoso condomínio na Península, em São Luís (MA) – onde especula-se que deve residir – foi cogitado meio à brinca, meio a sério, o nome do senador José Sarney para síndico em 2015. E unanimemente recusado. A muitos quilômetros da capital, o prefeito aliado de Arame, no interior, resolveu batizar uma avenida de 2 km com o nome do patriarca do conhecido clã político no Estado.

Estes dois episódios locais demonstram como um dos mais longevos mandatários do Brasil, às vésperas de sua aposentadoria, tornou-se amado e odiado Meses atrás, quando especulações de sua retirada rondavam o Congresso, as perspectivas climáticas para o outono brasileiro descreviam curiosamente o momento vivido por seu José Ribamar, nome de batismo: a estação de transição entre o verão e o inverno contou com nevoeiros, mudanças rápidas e temperaturas amenas – tal como José Sarney com sua aposentadoria.

Uma transição sob um nevoeiro vindo de um tempo político de incertezas; uma mudança repentina de projeto de poder decidida durante um período pré-eleitoral brando com o foco do País na Copa do Mundo. Sarney viveu seu outono de março a junho dedicado a esboçar cenários, do alto de sua experiência de 60 anos de mandatos, que o incluíssem numa era da política nacional onde cada vez mais jovens e uma nova sociedade requerem seus lugares nos plenários, gabinetes e palácios.

Em momentos de introspecção, olhou para as conquistas do passado, pensou o futuro e decidiu ficar onde está: descobriu que não há mais lugar para ele. É hora de sair do Poder – embora Sarney tenha deixado claro: o Poder não sairá dele. Contudo, diferentes conjunturas locais nas suas bases do Amapá e do Maranhão, forças políticas regionais surgidas no debate democrático e fortalecidas pelas redes sociais, e uma geração que reivindica faces renovadas no Poder forçaram a escolha do veterano.

Discretamente, o homem que nunca perdeu uma eleição recorreu ao literato que é para traçar uma justificativa à altura de quem já foi rei (ou melhor, presidente, dá no mesmo). Saiu-se por cima pelo menos em nota oficial: é hora de cuidar da família.

Queiram ou não os brasileiros, Sarney continuará a ser o cacique que é, no Maranhão com ou sem governo, e no PMDB e no restante do País. Amado por uns e odiado por muitos – ressalte-se aqui que esse “ódio” é uma rejeição natural contra alguém com essa longevidade política – reverenciado por militantes e políticos ou esculachado por adolescentes e adultos que o veem como um “dinossauro”, referência tão recorrente nas redes sociais. Tornou-se uma figura emblemática.

Deputado, governador, senador, fez de si um homem público aliado de todos os governos e Poderes nessas décadas consecutivas, uma invejável colocação que o colocou sucessivamente em vitrines – e usou isso para manter apadrinhados em várias esferas públicas, desde prefeituras, passando por palácios de governos e tribunais, ministérios e Presidência da República.

Daí a rejeição ao cacique, um misto de inveja dos que não desfilam como ele, aliada ao reclame popular de que Sarney sempre abusou da sorte e do Poder público, com fortes indícios de uso em causa própria. Tornou-se assim, pelo “conjunto da obra”, a maior personificação do paternalismo e do patrimonialismo, tão combatidos por quem luta por amadurecimento político e partidário no Brasil.

Principalmente por isso, nessa não comedida relação de público e privado, há apontamentos aqui e acolá, declaradamente ou à boca pequena, sobre indícios de enriquecimento ilícito da família na aquisição de bens no Maranhão e pelo País, de uma ilha no oceano onde ele se refugia para escrever seus livros, de um suposto castelo em Portugal, sem esquecer de um filho alvo da Polícia Federal e por ter censurado O Estado de S.Paulo, que tem uma página pronta sobre as maracutaias do primogênito em negócios com dinheiro público etc. Ou pelo simples fato de tomar para sua propriedade o Convento das Mercês, em São Luís, para seu memorial e futuro mausoléu.

Obviamente, pelo visto, Sarney fez por onde provocar a inteligência do brasileiro. Difícil prever como será lembrado daqui para a frente. Se pela biografia Sarney, de Cristina Echeverria, na qual disseca a figura com seus defeitos e qualidades; se pelo ousadíssimo Honoráveis bandidos, de Palmério Dória, no qual relata bastidores do clã. Ou pela resenha diária de jornais e sites que ficarão também para a memória popular.

Um estadista, nunca deixou de ser. Diplomático, atencioso com interlocutores, um intelectual literário elogiado pela crítica, perfil que o levou à Academia Brasileira de Letras. Teve papel fundamental na transição democrática com o fim do regime militar, numa Presidência que caiu no seu colo da noite para o dia com a morte de Tancredo Neves. Negociou bem com os militares para que não houvesse um retrocesso, conta quem com ele conviveu nos períodos conturbados. Teve seu mérito, não muito reconhecido até hoje. Mas um homem, que já foi – ou ainda é? – o mais poderoso do País por oito anos, avaliza isso.

Tudo vem de um episódio sigiloso ocorrido na eleição de 1989. Quando ainda media forças de intenção de votos com Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor foi chamado por nobres generais do Exército, numa reunião na qual o avisaram que queriam a vitória de Collor, porque, se Lula vencesse a eleição, os militares tomariam o Poder novamente. Collor nada falou e não fechou aliança alguma com os milicos.

Quando venceu a eleição, continuou a respeitá-los dentro dos protocolos democráticos. Mas foi Sarney quem segurou para valer a revolta da caserna à ocasião, e, mesmo presidente, sempre apoiou o sindicalista Lula em todas as demandas, dentro ou fora do Palácio. Daí depreende-se, para quem não sabia, a tamanha devoção do ex-presidente Lula ontem e hoje para Collor e Sarney – tão xingados por ele, mas faz parte do jogo do Poder.


Bancada da Assembleia de Deus distribui lista para mostrar Poder
Comentários Comente

Leandro Mazzini

A Convenção Nacional das Assembleias de Deus, braço poderoso dos evangélicos no Brasil, espalhou para fiéis abonados, pastores e para os próprios parlamentares uma lista com 25 deputados eleitos e reeleitos em 2014, classificada como “Bancada Assembleiana”.

É um grupo eclético. Tem nomes como o ex-delegado da PF Fernando Francischini (PSDB-PR), João Campos (PSDB-GO) – autor do polêmico projeto de lei da Cura Gay. Aliás, a bancada é suprapartidária: tem PSC, PHS, PMN, tucanos, PMDB etc.


Esporte será vitrine para Crivella fortalecer candidatura
Comentários Comente

Leandro Mazzini

O controle do Ministério do Esporte pelo senador Marcelo Crivella foi tratado há pouco mais de um mês, quando a presidente Dilma recebeu o governador do Rio, Luiz Pezão, e o prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB, e pediu a eles um nome do Rio para o cargo.

Pezão e Paes tentaram emplacar um peemedebista; Dilma insistiu que fosse Marcelo Crivella, mas sob consenso. O PMDB então retirou-se da escolha.

Crivella assumiria o cargo, mas para evitar crise na base governista do Planalto no Rio – e isso inclui o governo e a prefeitura -, escolheu um nome neutro, o deputado por Minas George Hilton, do PRB.

A estratégia do senador é atuar nas articulações com a força da vitrine para se lançar a prefeito do Rio – o que não poderia fazer no cargo de ministro.

Com a promoção do Ministério da Pesca para o Esporte, o PRB e sua bancada – que dobrou na Câmara nesta eleição – entraram para os aliados top da presidente Dilma.


Novo Barão de Itaguaí desfilava de Ferrari e helicóptero
Comentários Comente

Leandro Mazzini

ferrari

A Ferrari apreendida estava em nome de um frentista. Foto extraída do jornalatual.com.br

O português João Paulo Bezerra de Seixas viveu no Rio de Janeiro no início do século 19. Primeiro-ministro de Portugal, chegou ao Brasil com a família real, foi comandante da Marinha e teve vida confortável – tornou-se o primeiro Barão de Itaguaí, mas pelos últimos acontecimentos noticiados, quase 200 anos depois, não o único.

A pequena cidade do interior do Rio tem um novo Barão. Trata-se do prefeito Luciano Mota (PSDB), na mira da Polícia Federal. As investigações apontam que ele comanda um esquema de desvio de até R$ 30 milhões por mês de recursos públicos – ou 33% do orçamento mensal.

No país da piada pronta, a Justiça ainda tem dúvidas se determina ou não a prisão do prefeito de Itaguaí. Por muito, muito menos, a reforma de um jardim da sua mansão foi o estopim para derrubar o então presidente da República Fernando Collor de Mello no início da década de 90, quando o agora prefeito era um garotinho.

Até o flagrante, ninguém em Itaguaí desconfiara do frentista do posto de gasolina que tinha em seu nome uma Ferrari amarela (R$ 1,5 milhão). A situação começou a ficar estranha na cidade com o ronco das turbinas de um helicóptero (R$ 5 milhões), uma TV de 89 polegadas (R$ 99 mil) em casa – e a própria mansão do alcaide. Além de uma lista que não cabe aqui.

tv

NOVELA DA VIDA REAL

Este é flagrante da apreensão da TV de 89 polegadas na casa do prefeito de Itaguaí. Mas há uma cena curiosa nela. Seria pelo tamanho da TV? Seria pela cena curiosa dos dois policiais com as cabeças ‘enfiadas’ na tela? Não.

Esta TV tem uma imagem oculta. É a cena mais desoladora da situação, uma novela da vida real, um drama familiar. Reparem de novo, observem atentamente. Vejam a tela a fundo, forcem a vista.

Verão nela um adulto (pela silhueta seria o próprio prefeito), no canto esquerdo, e três crianças (duas sentadas e outra em pé, à direita), que assistiam TV pela manhã quando a PF chegou. E no centro, os pontos de luz da máquina do agente que registra o momento.


Com seguranças armados, MST fatura R$ 30 mil em fazenda de senador
Comentários Comente

Leandro Mazzini

Quem passa pela rodovia que liga Brasília a Alexânia (GO) às margens da Fazenda Santa Mônica, se assusta com a cena: guaritas em torres de eucalipto com ‘seguranças’ armados com espingardas. São os sem-terra que ocuparam há meses a mega propriedade do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

O Movimento Rural dos Trabalhadores Sem Terra já cadastrou cerca de 1.500 famílias interessadas em um pedaço de terra em caso de desapropriação, e cada uma delas paga R$ 20 por mês para manter o nome na lista.

Os sem-terra acusam o senador de omitir informações sobre a fazenda, que tem cerca de 20 mil alqueires. De acordo com o MST, Eunício pagaria ITR – o Imposto Territorial Rural sobre apenas 200 alqueires.

Para o leitor ter noção do tamanho, cada alqueire goiano mede 48,4 mil metros quadrados – ou quase 5 campos de futebol. A Fazenda Santa Monica aportaria então 100 mil ‘campos’.

CONVOCAÇÃO 

O MST tem tanta confiança na desapropriação que convoca militância na região. Muitos profissionais autônomos, que nunca pegaram numa enxada, entraram na lista.

A coluna tentou contato por telefone com o senador, sem sucesso. Procurada, a assessoria do MST não se manifestou.