Coluna Esplanada

Arquivo : janeiro 2014

PROS aposta em Ciro Gomes no Ministério da Integração
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Leandro Mazzini

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Se tudo sair como o planejado para o PROS, o novo partido aliado da presidente Dilma Rousseff, o cearense Ciro Gomes será o novo ministro da Integração Nacional. Ontem, o deputado federal Givaldo Carimbão (AL), líder do PROS na Câmara – o responsável por angariar mandatários para a legenda e, consequentemente, o tempo de TV – e o presidente do partido, Eurípedes Junior, se reuniram com a ministra das Relações Institucionais no Palácio do Planalto, Ideli Salvatti, para tratar do assunto.

Ideli não falou em nome da presidente, mas deixou a entender para a dupla a grande possibilidade de o PROS fincar os pés e as mãos na Integração – daí a rebelião velada do PMDB, para quem a pasta oficiosamente estava prometida, com o indicado senador Vital do Rego (PB), que por ora sobrou.

‘Vamos esperar o convite oficial, é a presidente Dilma quem vai decidir’, diz o líder do PROS, Givaldo Carimbão. Cautela, cautela é a palavra de ordem no partido, que não quer soltar fogos antecipadamente, mas tem ciência de seu poder junto ao Planalto. Pelos 17 deputados da bancada, pelo tempo de TV – menos de um minuto, mas preciosos segundos em tempos de eleição – e pelo poder dos irmãos Ciro e Cid Gomes, o governador do Ceará.

Em especial pelos irmãos Gomes. Dilma já teve melhores relações com Cid, mas nada que tenha abalado a aliança, que agora renasce com a debandada da dupla e uma penca de deputados e prefeitos para o PROS e a base governista, em vez de caírem nas mãos do futuro adversário Eduardo Campos (PSB).

Ciro Gomes já foi ministro da Integração, foi na sua gestão que saiu do papel a bilionária transposição do rio São Francisco, e Dilma, segundo um interlocutor dela em reunião recente, disse que tem ‘um enorme carinho por Ciro’. E também pelo Ceará, obviamente. O Estado controlado pelos Gomes soma 6,2 milhões de eleitores. Um diferencial e tanto para quem precisa de um aliado na Esplanada para ajudar nas urnas em Outubro. Detalhe: o Ceará tem grandes obras da transposição do rio Chico.

Carimbão saiu em defesa do partido ontem com a notícia de que o PSDB pretende subscrever ação jurídica por crime eleitoral contra o partido, na iminência de conquistar o ministério. Para os tucanos, a presidente Dilma usa da caneta para conquistar apoio eleitoral e tempo de TV para a campanha. ‘Somos aliados de Dilma com ou sem ministério’, diz Givaldo à Coluna.

RIO, A VITRINE

O ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ficou a sós com a presidente Dilma Rousseff por duas horas e meia no Palácio da Alvorada, na noite de segunda. Saiu dali com três certezas: ele será candidato ao governo do Rio, Dilma pediu seu apoio e prometeu apoio ao candidato do PRB, e Crivella deixa o cargo dia 4 de abril.

Com o governador Sérgio Cabral (PMDB) submergindo no cenário político nacional e afogado na baixa popularidade, a presidente, segundo aliados do Rio, precisa de pelo menos outros dois palanques além do PMDB. O candidato do PT será Lindberghg Farias. Crivella lidera as pesquisas, seguido pelo petista.

O Rio é o terceiro maior colégio eleitoral do País. São Paulo e Minas, primeiro e segundo colégios, são dominados pelo PSDB. Dilma precisa do Rio para reduzir a esperada diferença eleitoral.

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Reestruturação da Infraero esbarra na diretoria
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Leandro Mazzini

A Infraero, que administra dezenas de aeroportos, agendou para a próxima segunda-feira mais uma tentativa de apresentação do plano de reestruturação da estatal, que tem concedido seus principais terminais para a iniciativa privada.

Há poucos meses, o primeiro esboço foi em vão. Contratada a peso de ouro, a consultoria de Vicente Falconi (o pai do termo choque de gestão no governo de Aécio Neves em Minas) não convenceu os diretores do óbvio: é preciso enxugar os quadros da estatal e reduzir custos. O resultado da conversa anterior foi o esperado, a chiadeira da cúpula da estatal que não quer perder funções, gratificações, regalias.

O novo diagnóstico da consultoria, segundo fontes da Infraero, prevê cortes de centenas de funções – não demissão – o que reduziria os salários milionários de muita gente. Há também previsão de extinção de diretorias ou superintendências regionais, a despeito da gritaria da turma da cobertura. Nos meandros das negociações, há quem articule ‘cair para cima’, enquanto gente que ganha até R$ 25 mil pode ter o contra-cheque reduzido a menos de R$ 10 mil.

Apesar da situação delicada pela qual passa a Infraero, com a esperada perda de receita pelas concessões, a diretoria não abdicou ainda de alugar o edifício-hangar da falida Transbrasil para alocar 1.200 funcionários no Aeroporto JK, em Brasília – hoje nas mãos da argentina Inframérica, a nova concessionária.

O contrato, ao qual a Coluna teve acesso, é um presente para os hermanos. A proposta de locação é de R$ 528 mil por mês, mas corre na estatal que o valor já caiu para R$ 400 mil – ou seja, excluíram uma ‘gordura’ descarada que, entretanto, ainda conserva o lucro da locatária. A assessoria da estatal não confirma, e alega que o contrato ainda é discutido.

A Infraero jura que não deixará a sua sede própria no setor comercial Sul, em Brasília, um prédio de cinco andares (pelo qual não paga nada). Fato, com exceção do 2º andar, da Informática, é provável que os outros migrem para o aeroporto tão logo o contrato seja fechado. Isso porque os técnicos calcularam que, para transferir os servidores do departamento de Informática, gastariam até R$ 2 milhões, o que torna inviável a mudança deste setor.

Abin e Rolezinhos

A assessoria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nega veementemente que a presidente Dilma Rousseff tenha alertado os órgãos de inteligência para monitorar os Rolezinhos pelo País, como publicado aqui.

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MP começa a investigar superfaturamento na Saúde do GDF
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Leandro Mazzini

A Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, sob tutela do promotor Jairo Bisol, acaba de abrir ação por improbidade administrativa contra o secretário de Saúde do Governo do DF, Rafael Barbosa, com base na denúncia publicada pela Coluna no dia 18 de Dezembro.

O caso envolve o superfaturamento – e que superfaturamento! – de mais de R$ 3,5 milhões sobre compra de um aparelho importado para fisioterapia, o exoesqueleto robótico Lokomat Pro, da suíça Hocoma.

O aparelho, instalado no Brasil e com treinamento, custa em média R$ 1,2 milhão. A nota de empenho do GDF é de R$ 4,58 milhões. Foi cancelada a nota, mas o contrato, não. Quem revende é a BioAlpha, do Rio de Janeiro. Mal a investigação começou e o MP já tem provas cabais do superfaturamento e de outras irregularidades no contrato.

Há outros dois pedidos de investigação protocolados no MP em Brasília, um conjunto dos senadores Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT), sob nº 08190.010111/14-42 , na Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Prodep), e outro da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP).

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Dilma alerta órgãos de inteligência sobre Rolezinhos
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Leandro Mazzini

Por determinação da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, monitora a onda de Rolezinhos no País.

Fontes palacianas confirmam que a presidente determinou aos órgãos de inteligência que fiquem em alerta sobre o fenômeno. Dilma teve há poucos dias uma reunião com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Elito Carvalho, mas neste encontro, garantem, não se falou em Rolezinho. Uma fonte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) diz que a presidente determinou que a Abin monitore os movimentos nas ruas. Procurada, a assessoria da Abin informa que não foi acionada sobre o caso.

Na avaliação da presidente e assessores próximos, os Rolezinhos são por ora um movimento sócio-cultural, sem risco, porque não há infiltração política ou violência. Quem está a cargo da interlocução é Gilberto Carvalho. A orientação dada aos governadores é para que a PM apenas monitore os grupos, sem confronto – a não ser que seja provocada, o que não ocorreu.

É justamente um eventual confronto que preocupa a presidente Dilma, se os chamados black blocs entrarem na onda. Ela teme duas situações que podem ser iminentes: a infiltração dos mascarados e militantes políticos da oposição (ao governo federal ou aos governos estaduais) e um episódio violento de confronto entre policiais e jovens, que pode desencadear um efeito dominó em todo o País, às vésperas do Carnaval.

Se a onda cresce, chega às portas dos estádios durante a Copa. Dilma quer evitar uma nova versão das manifestações de Junho passado, quando milhares de pessoas foram às ruas, por protestos diversos, mas principalmente movidas pelas redes sociais.

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Feliciano representa contra Porta dos Fundos no MP e quer R$ 1 milhão
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Leandro Mazzini

Ainda rende muita polêmica entre os cristãos, em especial os católicos, o Especial de Natal de 16 minutos da produtora Porta dos Fundos veiculado no Youtube, com paródias sobre o nascimento de Cristo, sua família e crucificação. Até esta manhã, em apenas num link o vídeo já tinha alcançado 4,5 milhões de acessos.

O deputado pastor Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, protocolou na última quinta-feira representação no Ministério Público de São Paulo (nº 8153/14, veja abaixo) para que a instituição investigue os humoristas por calúnia e difamação, e solicita que o MP denuncie a produtora e peça à Justiça que exclua o vídeo.

Feliciano pretende pedir indenização por danos coletivos, calcula R$ 1 milhão – dinheiro que, se o caso for à Justiça e lhe der ganho de causa, será destinado, segundo ele, aos hospitais das Santas Casas de Misericórdia.

Segundo o deputado a contato da Coluna, ele se ‘sentiu ofendido na sua condição de cristão’, e pede ‘medidas cíveis e criminais’. Procurada ontem à tarde, até o momento a assessoria da produtora não se pronunciou.

Nesta semana houve outra representação contra a Porta dos Fundos, no Ministério Público do Rio. O diretor da Associação Nacional Pró- Vida e Pró-Família, Hermes Nery Rodrigues, e o advogado, Paulo Fernando Melo, protocolaram Notitia Criminis (201400032051) para que o órgão ofereça denúncia na Justiça contra a produtora. Segundo o Pró-Vida afirma no documento,  em “defesa dos valores morais e éticos da família”, houve “práticas de abusos” dos humoristas.

A Associação representou contra os 30 integrantes da Porta dos Fundos, e não focou apenas o ‘Especial de Natal’, mas outros 12 vídeos produzidos e veiculados no Youtube, entre eles Adão, Arca de Noé e 10 Mandamentos.

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MP quer bloquear verba de propaganda do DF
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Leandro Mazzini

As ações da Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal, cujo secretário Rafael Barbosa será candidato a deputado federal, entraram na mira do Ministério Público do DF e Territórios. A Promotoria de Defesa da Saúde do MPDFT abriu ontem investigação na tentativa de bloquear o repasse de R$ 13,8 milhões do Fundo Nacional de Saúde para três agências de publicidade, a CCA (Tempo), Agnelo Pacheco e Propeg.

O promotor Jairo Bisol subscreveu ação por improbidade administrativa contra Rafael Barbosa ontem à tarde. Bisol vê manobra inconstitucional na contratação das três agências via Secretaria de Saúde, uma vez que o próprio Governo do DF, através da Secretaria de Estado de Publicidade Institucional (SEPI) já firmou contrato com as mesmas, via licitação, desde 2011. O promotor questiona por que a SEPI, que tem verba de R$ 142 milhões para este ano, não paga a campanha publicitária – os R$ 13,8 milhões virão do Ministério da Saúde, via Fundo Nacional de Saúde. Pelo próprio decreto do GDF, a SEPI por obrigação deve promover e pagar toda a publicidade das distintas secretarias.

O secretário de Comunicação do GDF, André Duda, explica: a verba para o tipo de campanha proposta é específica (Ações de Vigilância e Prevenção contra Doenças Transmissíveis), com rubrica do Ministério, e não pode passar pela SEPI. Coube então ao governo firmar convênio entre a secretaria de Comunicação e a de Saúde, para esta promover as campanhas junto às agências. Para o GDF, está tudo ok, ‘Se a gente não usa a verba o MP entra com ação também’, reclama Duda. Mas para o MP, a contratação via Saúde é irregular, ‘Deveria haver nova licitação’, diz Bisol.

O promotor acha estranho o fato de a secretaria publicar o controverso contrato no Diário Oficial do DF no apagar das luzes de 2013, no dia 31 de Dezembro, e vai passar a lupa. O governo já empenhou R$ 6 milhões para as três empresas apresentarem as peças publicitárias – fizeram ontem, para escolha dos técnicos da Saúde – e dentro de 15 dias, segundo o secretário André Duda, as campanhas estarão nas ruas e na mídia.

Já é o segundo caso suspeito de maracutaia do secretário Rafael Barbosa. Com base em denúncia da Coluna, existem dois pedidos de investigação protocolados no MP, por senadores e deputada federal, para investigar o superfaturamento de um aparelho importado para fisioterapia. O equipamento, instalado no Brasil, custa R$ 1,2 milhão em média. O secretário quer pagar R$ 4,5 milhões. A nota de empenho foi cancelada, mas o contrato, não.

O DOSSIÊ TERESINHA

Ontem a Coluna lembrou que o PT barrou a CPI do Erro Médico no Senado para preservar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato ao governo de SP, com medo de que respingasse nele. Há um dossiê com centenas de casos nas mãos do senador Magno Malta (PR-ES), que protocolou o pedido de CPI, sem sucesso.

Casos como o de dona Teresinha de Paula, mineira radicada em Brasília há décadas. Anos atrás, ela sofreu lesão na coluna após cirurgia mal feita na capital federal, e denuncia o médico. O inquérito criminal corre na 1ª DP e chegou também à PF – que recebeu outra leva de casos similares em outros estados. Segundo Teresinha, a Procuradoria da Mulher da Justiça do DF requereu os documentos, e o ministro da Saúde, tão logo soube, pediu que a Secretaria de Saúde apure os fatos.

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CGU pega leve com Padilha candidato
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Leandro Mazzini

As cúpulas petista e do governo federal passaram a proteger o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o candidato escolhido por Lula para disputar o governo de São Paulo. E justamente por isso. São Paulo será a prioridade do PT nas disputas estaduais deste ano. Após o sucesso da eleição de Fernando Haddad prefeito da capital, Lula aposta em outro novato nas urnas para vencer a resistência do eleitorado paulista.

Para Lula, se o PT conquistar os governos de Minas, Rio e São Paulo, os três maiores colégios eleitorais do País, o partido sai no lucro este no. Essa é sua meta.
Daí Padilha ter essa blindagem política. O que não se esperava é que entrasse nessa onda um conceituado órgão independente do governo, mas sob controle petista – e justo o que cuida de fiscalização. A Controladoria Geral da União pegou leve com a gestão do ministro na emissão de certificado para uma prestação de contas.

A CGU descobriu falhas graves na auditoria sobre um evento bancado pelo Ministério da Saúde, a ‘12ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi)’. O problema é do tamanho do nome: um superfaturamento de R$ 2.053.023,73 ‘pagos indevidamente, sendo R$ 1.417.023,73 por serviços não prestados ou prestados em quantidade inferior ao cobrado; e R$ 636 mil de despesas antieconômicas’, segundo relato da própria CGU, que conseguiu bloquear R$ 169.608,00 de pagamentos futuros à GV2 Produções.

A despeito de tudo, o desfecho por ora foi surpreendente. A CGU enviou relatório para o Tribunal de Contas da União com certificado ‘contas regulares com ressalva’, e não ‘contas irregulares’, como de praxe em outros casos. Na nota divulgada no site, a CGU informa que foi proposto assim pela equipe técnica.

A CGU informou que se respalda na Instrução Normativa N.º 1, de 6 de abril de 2001, para certificar a auditoria com a expressão ‘contas irregulares com ressalva’, e para exemplo citou outros três casos. Já a GV2 Produções, procurada, não se pronunciou. O que não veio à tona é um embate ferrenho entre os técnicos da Controladoria com a cúpula do órgão. Eles foram contra esse encaminhamento, e engoliram seco. Caberá agora ao TCU julgar as contas, a despeito do certificado da CGU, e ali a conclusão pode ser outra.

Como supracitado, não é de hoje que o PT blinda Padilha. Foi assim quando a bancada no Senado barrou a instalação da CPI do Erro Médico – cujos dossiês, aos quais a Coluna teve acesso, justificam a investigação. A comissão focaria os casos gritantes de médicos em hospitais particulares de Brasília, mas a turma do jaleco, aliada ao ministro e ao seu partido, percebeu que o sangue alheio respingaria naturalmente nos hospitais públicos e, por consequência, nas ações do ministério e prejudicariam a imagem do ministro-candidato. Enterrada a CPI no Senado, menos uma dor de cabeça.

Padilha então passou a priorizar as viagens nos jatinhos da FAB para se promover no reduto eleitoral. Apenas para citar um caso, em dois dias o ministro fez seis voos de jatinhos do governo para visitar cidades paulistas. Passou por São Paulo, Ribeirão Preto, Marília, Guarulhos, São José dos Campos, São José do Rio Preto. Na agenda, assinaturas de convênios (normalmente isso é feito no gabinete) e visitas a hospitais, onde recebeu sorrisos, aplausos e tapinhas nas costas.

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Com festa do Senhor do Bonfim, rufam os tambores eleitorais da Bahia
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Leandro Mazzini

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Na esteira da festa do Senhor do Bonfim, nesta quinta-feira, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), iniciou sua reforma do secretariado visando as eleições deste ano.

Até sábado completa as trocas para sacramentar a pré-candidatura do chefe da Casa Civil, Rui Costa (na foto, à esquerda) como candidato petista ao governo. Um detalhe, como não é candidato, Wagner fica no cargo até dia 31 de Dezembro.

O coordenador da futura campanha de Costa será o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli – ele que, até semanas atrás, era pré-candidato também, mas foi convencido.

Na festa desta quinta, Wagner levou seu candidato para tomar o famoso banho de Cheiro na lavagem do Bonfim, em frente à Igreja. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, estava na cidade e acompanhou a festa. O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM) – numa fase de boa relação com Wagner e a presidente Dilma – também compareceu.

O governador, a despeito da festa e das presenças políticas, afirmou que não foi um gesto político e que a campanha começa em junho. Com o pé machucado, Wagner percorreu parte do trajeto de 8 km. E ao contrário do ano passado, não houve protesto organizado.

Na Bahia, o quarto maior colégio eleitoral do País, por ora os pré-candidatos ao governo são  Costa (PT), Geddel Vieira Lima (PMDB) e Paulo Souto (DEM), apoiado pelo prefeito soteropolitano.


O Rolezinho da base governista no Shopping Planalto
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Leandro Mazzini

Tradicionalmente todo verão o Brasil lança uma onda, quando o cotidiano ainda está em marcha lenta após as festas da virada, os estudantes e as famílias estão de férias. A onda desse Janeiro não vem da música, não é uma dança, passa longe de um personagem. É a massa, uma onda literal, de gente que escolheu os shoppings como alvos, num misto de diversão e protesto. É o chamado Rolezinho.

Apesar do nome, que soa ralé, o Rolezinho é apartidário, envolve todas as classes e, claro, surge com um viés de revolta e sarcasmo. Agora que ganha os shoppings – os templos do consumo – sai das páginas de cotidiano e conquista a atenção de cientistas sociais, que veem no movimento um filho bastardo do grito retido de 2013, algo como um resquício das manifestações de Junho unido à falta do que fazer nesse início de 2014.

Fato é que o Rolezinho é um movimento antigo, que tem outros nomes de acordo com seus cenários. O Rolezinho tem muito a ver, por exemplo, com o que faz a base aliada do governo. Tal como a turma de boné e calça legging, que se junta para zoar no shopping, os mandatários dos partidos governistas no Congresso tratam visitas conjuntas ao Palácio do Planalto (o seu shopping de luxo). Assim como a garotada entra nas lojas para pechinchar preços, os deputados e senadores percorrem os gabinetes dos ministros palacianos para cobrar suas emendas. A turma do shopping faz arruaça ou manifestação por seus direitos e contra a desigualdade social; não é diferente com os líderes e caciques partidários que se rebelam contra o Palácio (e como fazem bem) para garantir seus privilégios, o tratamento igualitário junto à presidente. Se algum ‘rolezeiro’ bate carteira no shopping, é preso pelos seguranças. Ah, no Palácio é igual, embora demore um pouco: haverá uma CGU, um MP e a Polícia Federal como seguranças para enquadrar os assaltantes de verbas.

E se a galera juvenil vai às compras no shopping, em Brasília também tem saldão. Com a reforma ministerial na vitrine e a queima de estoque na Esplanada, o Rolezinho da base aliada hoje ronda o Palácio para faturar uma aquisição. Cada uma delas bilionária. Só para citar os principais, PP, PMDB, PT, PTB, PROS, PSD vestiram seus ternos e tailleurs e começaram o arrastão nos corredores do Palácio.

Para citar os principais: Sai Alexandre Padilha da Saúde, e PT e PMDB estão de olho na cadeira. A Integração Nacional pode cair no colo do PROS, que indicou Ciro Gomes – ele já ocupou a pasta. (É como pegar um vendedor de amendoim na porta da galeria e presenteá-lo como uma boa loja na melhor ala do shopping). A Casa Civil terá rearrumação: como num shopping, o cogitado Aloizio Mercadante sai da papelaria escolar para a administração do complexo. Apesar das malas prontas de Gastão Vieira (Turismo), a agência de viagens deve continuar com o PMDB, assim como a praça de alimentação (Agricultura), caso Antonio Andrade queira disputar a reeleição para a Câmara ou se tornar vice na chapa de Fernando Pimentel ao governo de Minas.

Preocupada, a presidente Dilma convocou até reunião para discutir esses Rolezinhos e se há risco de ganharem as ruas. É porque ela conhece a base que tem.

OS PIONEIROS

Ocorreu dia 4 de agosto de 2000. Um grupo de 130 sem-teto, que acampava na beira da Av. Brasil, no Rio, reivindicando moradias, decidiu alugar três ônibus e rumou para o shopping Rio Sul, da elite carioca em Botafogo. Passearam por lojas, provaram roupas caras, se deslumbraram com as escadas-rolantes (muitos a estreavam). Houve princípio de tumulto com lojistas e clientes, contornados pelos seguranças. Tudo sem violência. Motivados pela desigualdade social, protagonizaram o primeiro Rolezinho do País. Este repórter estava lá e entrevistou o líder do grupo, Eric Vermelho.

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Sérgio Cabral, o desafio para Dilma Rousseff
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Leandro Mazzini

A presidente Dilma Rousseff não sabe o que fazer com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Ele cobra apoio incondicional dela para seu candidato ao governo, o vice Luiz Fernando Pezão. E Dilma não pode segurar a ânsia do senador Lindbergh Farias (PT), também candidato apoiado discretamente por Lula.

Até poucos meses atrás, Lula fazia jogo duplo, e era reticente ao lançamento de Lindbergh ao governo, para não melindrar Sérgio Cabral e jogá-lo no time de Aécio Neves (PSDB), de quem o pemedebista é muito próximo. Mas algo aconteceu, o guru falou. E quando o guru fala, Lula ouve.

Foi ideia do marqueteiro João Santana endossar o petista Lindberg. Em outras palavras, soltou esta para Dilma e Lula: o PT elegeu o primeiro operário presidente do País, elegeu a primeira mulher, e vai eleger o primeiro cara-pintada governador. Alusão a Lindbergh, que surgiu aos holofotes nacionais como presidente da UNE à época do governo Fernando Collor. Foi o suficiente para Lula se animar e liberar o pupilo.

A despeito da popularidade em baixa, Cabral ainda tem certo poder dentro do partido. Na segunda, o vice-presidente Michel Temer almoçou com ele e Pezão no Palácio das Laranjeiras. Temer levou o recado de apoio da presidente Dilma a Pezão durante a campanha, segundo contou o vice a este repórter.

A relação da presidente com o governador já foi melhor. Em Julho de 2012, Dilma e Cabral conversaram por mais de uma hora dentro do carro dela, na base aérea do Aeroporto do Galeão. Cabral saiu do automóvel crente de que seria ministro nessa virada de 2014. Mas apareceram suas ligações com Fernando Cavendish, da Delta, na CPI do Cachoeira. Revelaram-se as fotos das farras do governador em Paris e Monte Carlo, e as manifestações de Junho passado no Rio enterraram suas pretensões. Se hoje Dilma chamar Cabral para um café, ele saiu no lucro.

Um detalhe: no almoço no Rio, estreou como gente grande na cúpula do PMDB o primogênito de Cabral, Marco Antônio. Será candidato a deputado federal para honrar a prole e iniciar a hereditariedade política na família. Como divulgou a Coluna dia 1º de Dezembro de 2011, Marco Antônio fora visto em Outubro daquele ano se esbaldando com amigos na boate L’Arc, entre garrafas de Moët e Veuve Clicquot. Tudo bem, coisa de jovem, que pode pagar. A L’Arc é um dos point mais badalados de.. Paris.

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