Coluna Esplanada

Arquivo : PT

Há um ano, Dilma demitiu diretores políticos na Petrobras, mas tardiamente
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Leandro Mazzini

A presidente Dilma Rousseff avalizou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, a demitir todos os diretores políticos da estatal em fevereiro do ano passado, mas foi tarde.

Dilma e Foster excluíram dos quadros da estatal diretores apadrinhados pelo PP, PTB, PMDB e pelo próprio PT.

Os indícios de corrupção em contratos na petroleira, agora à tona, mancharam a imagem da empresa. À época, foi exonerado entre eles o agora preso Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento.

Lembre aqui as mudanças.

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As amigas do bancão e a chance do MPF
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Leandro Mazzini

Um caso que faria do Ministério Público um herói nacional, se for a fundo na trilha dessa mata repleta de armadilhas com o dinheiro popular.

As trilhas sinuosas desembocariam neste cenário: as grandes empresas amigas e financiadoras do governo engendraram triangulação para ganhar dinheiro do BNDES sem precisar se endividar com o bancão. Em suma, o financiamento vira doação.

Essas empresas pegam o empréstimo com o BNDES à vista – com valor bem superior ao que vão usar numa aquisição – e aplicam o restante em LTN (Letras do Tesouro Nacional). Como é um título de renda fixa e retorno garantido mensal, as empresas usam o lucro para pagar as parcelas do empréstimo ao… BNDES.

Um caso recente: um conglomerado tupiniquim conseguiu US$ 300 milhões do bancão para comprar uma empresa na Argentina, que lhe custou US$ 100 milhões. Com os US$ 200 milhões restantes, a empresa aplicou em LTN, cuja alta rentabilidade tem garantido não apenas honrar as parcelas do empréstimo como enche de bônus os bolsos de seus executivos.

A Coluna procurou a assessoria do BNDES com as seguintes questões:

Uma empresa com plano de financiamento aprovado pelo BNDES para aquisição de outra pode receber à vista um valor superior ao estabelecido? Se positivo, quais os critérios para isso? O BNDES, ao conceder um financiamento vultoso, para empresa nacional adquirir outra, deve acompanhar a transação, mesmo quando não sócio? O BNDES tem ciência de casos de aplicação de verba direta de financiamento adquirido por uma empresa em LTN?

A assessoria se resumiu a responder que não ficou clara a demanda. Talvez o MP, numa visita aos papéis do bancão, possa explicar melhor.

MR. PALOCCI

Até os próprios petistas da cúpula do partido estão intrigados. Há alguns meses Antonio Palocci mora em Londres, e suas atividades são um mistério. Certeza é de que, de lá, tem falado muito ao telefone com o ex-presidente Lula.

Palocci foi ministro da Fazenda de Lula, até cair por mandar violar o sigilo bancário de um caseiro de Brasília, e ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, até cair, novamente, desta vez por uma compra de apartamento em São Paulo não condizente com seus ganhos (R$ 6 milhões, vale lembrar, são o custo de um sinal para o tipo de imóvel que escolheu).

O recente histórico de biografia de Palocci o inseriu no grupo da estirpe de José Roberto Arruda, o ex-governador de Brasília. É a turma do poder que não se regenera. Tal como Palocci, Arruda teve duas chances de cravar seu nome no Poder nacional, sem manchar a imagem. Em vão. Quando senador, afirmou da tribuna que não havia lido a lista do painel violado na votação que cassou Luiz Estêvão. Pego na mentira, renunciou. Numa reviravolta política e eleitoral, foi alçado a governador de Brasília em 2007. Vida nova, nova chance.. que nada. Foi filmado com dinheiro de caixa 2 e depois tentou coagir testemunha de operação policial. Sucumbiu novamente.

ASSALTO À HERDEIRA

Quem revelou foi a Coluna do Dr. Petta, publicada no conhecido Jornal Pequeno, o mais lido do Maranhão: uma filha da governadora do Estado, Roseana Sarney (PMDB), foi assaltada há duas semanas em São Luís. “A filha de Roseana estava chegando ao restaurante Kitaro, em companhia de uma amiga, na noite de terça-feira, 14, quando foi atacada pelo assaltante identificado como ‘De Menor’, que levou dela uma bolsa com documentos, dinheiro e um IPhone”. Segundo o colunista, a assessoria de Roseana negou a informação, mas o jornal foi a fundo:

“A Polícia tomou conhecimento do fato e conseguiu rastrear o assaltante pelo GPS do celular da vítima, chegando a ir à casa dele, na Ilhinha, onde foi informada de que ‘De Menor’ tinha fugido para a área da Vila Embratel.   Não houve registro do fato, mas a CPTUR (Companhia de Policiamento de Turismo) tomou conhecimento do assalto”.

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CGU pega leve com Padilha candidato
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Leandro Mazzini

As cúpulas petista e do governo federal passaram a proteger o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o candidato escolhido por Lula para disputar o governo de São Paulo. E justamente por isso. São Paulo será a prioridade do PT nas disputas estaduais deste ano. Após o sucesso da eleição de Fernando Haddad prefeito da capital, Lula aposta em outro novato nas urnas para vencer a resistência do eleitorado paulista.

Para Lula, se o PT conquistar os governos de Minas, Rio e São Paulo, os três maiores colégios eleitorais do País, o partido sai no lucro este no. Essa é sua meta.
Daí Padilha ter essa blindagem política. O que não se esperava é que entrasse nessa onda um conceituado órgão independente do governo, mas sob controle petista – e justo o que cuida de fiscalização. A Controladoria Geral da União pegou leve com a gestão do ministro na emissão de certificado para uma prestação de contas.

A CGU descobriu falhas graves na auditoria sobre um evento bancado pelo Ministério da Saúde, a ‘12ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi)’. O problema é do tamanho do nome: um superfaturamento de R$ 2.053.023,73 ‘pagos indevidamente, sendo R$ 1.417.023,73 por serviços não prestados ou prestados em quantidade inferior ao cobrado; e R$ 636 mil de despesas antieconômicas’, segundo relato da própria CGU, que conseguiu bloquear R$ 169.608,00 de pagamentos futuros à GV2 Produções.

A despeito de tudo, o desfecho por ora foi surpreendente. A CGU enviou relatório para o Tribunal de Contas da União com certificado ‘contas regulares com ressalva’, e não ‘contas irregulares’, como de praxe em outros casos. Na nota divulgada no site, a CGU informa que foi proposto assim pela equipe técnica.

A CGU informou que se respalda na Instrução Normativa N.º 1, de 6 de abril de 2001, para certificar a auditoria com a expressão ‘contas irregulares com ressalva’, e para exemplo citou outros três casos. Já a GV2 Produções, procurada, não se pronunciou. O que não veio à tona é um embate ferrenho entre os técnicos da Controladoria com a cúpula do órgão. Eles foram contra esse encaminhamento, e engoliram seco. Caberá agora ao TCU julgar as contas, a despeito do certificado da CGU, e ali a conclusão pode ser outra.

Como supracitado, não é de hoje que o PT blinda Padilha. Foi assim quando a bancada no Senado barrou a instalação da CPI do Erro Médico – cujos dossiês, aos quais a Coluna teve acesso, justificam a investigação. A comissão focaria os casos gritantes de médicos em hospitais particulares de Brasília, mas a turma do jaleco, aliada ao ministro e ao seu partido, percebeu que o sangue alheio respingaria naturalmente nos hospitais públicos e, por consequência, nas ações do ministério e prejudicariam a imagem do ministro-candidato. Enterrada a CPI no Senado, menos uma dor de cabeça.

Padilha então passou a priorizar as viagens nos jatinhos da FAB para se promover no reduto eleitoral. Apenas para citar um caso, em dois dias o ministro fez seis voos de jatinhos do governo para visitar cidades paulistas. Passou por São Paulo, Ribeirão Preto, Marília, Guarulhos, São José dos Campos, São José do Rio Preto. Na agenda, assinaturas de convênios (normalmente isso é feito no gabinete) e visitas a hospitais, onde recebeu sorrisos, aplausos e tapinhas nas costas.

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O Rolezinho da base governista no Shopping Planalto
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Leandro Mazzini

Tradicionalmente todo verão o Brasil lança uma onda, quando o cotidiano ainda está em marcha lenta após as festas da virada, os estudantes e as famílias estão de férias. A onda desse Janeiro não vem da música, não é uma dança, passa longe de um personagem. É a massa, uma onda literal, de gente que escolheu os shoppings como alvos, num misto de diversão e protesto. É o chamado Rolezinho.

Apesar do nome, que soa ralé, o Rolezinho é apartidário, envolve todas as classes e, claro, surge com um viés de revolta e sarcasmo. Agora que ganha os shoppings – os templos do consumo – sai das páginas de cotidiano e conquista a atenção de cientistas sociais, que veem no movimento um filho bastardo do grito retido de 2013, algo como um resquício das manifestações de Junho unido à falta do que fazer nesse início de 2014.

Fato é que o Rolezinho é um movimento antigo, que tem outros nomes de acordo com seus cenários. O Rolezinho tem muito a ver, por exemplo, com o que faz a base aliada do governo. Tal como a turma de boné e calça legging, que se junta para zoar no shopping, os mandatários dos partidos governistas no Congresso tratam visitas conjuntas ao Palácio do Planalto (o seu shopping de luxo). Assim como a garotada entra nas lojas para pechinchar preços, os deputados e senadores percorrem os gabinetes dos ministros palacianos para cobrar suas emendas. A turma do shopping faz arruaça ou manifestação por seus direitos e contra a desigualdade social; não é diferente com os líderes e caciques partidários que se rebelam contra o Palácio (e como fazem bem) para garantir seus privilégios, o tratamento igualitário junto à presidente. Se algum ‘rolezeiro’ bate carteira no shopping, é preso pelos seguranças. Ah, no Palácio é igual, embora demore um pouco: haverá uma CGU, um MP e a Polícia Federal como seguranças para enquadrar os assaltantes de verbas.

E se a galera juvenil vai às compras no shopping, em Brasília também tem saldão. Com a reforma ministerial na vitrine e a queima de estoque na Esplanada, o Rolezinho da base aliada hoje ronda o Palácio para faturar uma aquisição. Cada uma delas bilionária. Só para citar os principais, PP, PMDB, PT, PTB, PROS, PSD vestiram seus ternos e tailleurs e começaram o arrastão nos corredores do Palácio.

Para citar os principais: Sai Alexandre Padilha da Saúde, e PT e PMDB estão de olho na cadeira. A Integração Nacional pode cair no colo do PROS, que indicou Ciro Gomes – ele já ocupou a pasta. (É como pegar um vendedor de amendoim na porta da galeria e presenteá-lo como uma boa loja na melhor ala do shopping). A Casa Civil terá rearrumação: como num shopping, o cogitado Aloizio Mercadante sai da papelaria escolar para a administração do complexo. Apesar das malas prontas de Gastão Vieira (Turismo), a agência de viagens deve continuar com o PMDB, assim como a praça de alimentação (Agricultura), caso Antonio Andrade queira disputar a reeleição para a Câmara ou se tornar vice na chapa de Fernando Pimentel ao governo de Minas.

Preocupada, a presidente Dilma convocou até reunião para discutir esses Rolezinhos e se há risco de ganharem as ruas. É porque ela conhece a base que tem.

OS PIONEIROS

Ocorreu dia 4 de agosto de 2000. Um grupo de 130 sem-teto, que acampava na beira da Av. Brasil, no Rio, reivindicando moradias, decidiu alugar três ônibus e rumou para o shopping Rio Sul, da elite carioca em Botafogo. Passearam por lojas, provaram roupas caras, se deslumbraram com as escadas-rolantes (muitos a estreavam). Houve princípio de tumulto com lojistas e clientes, contornados pelos seguranças. Tudo sem violência. Motivados pela desigualdade social, protagonizaram o primeiro Rolezinho do País. Este repórter estava lá e entrevistou o líder do grupo, Eric Vermelho.

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Sérgio Cabral, o desafio para Dilma Rousseff
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Leandro Mazzini

A presidente Dilma Rousseff não sabe o que fazer com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Ele cobra apoio incondicional dela para seu candidato ao governo, o vice Luiz Fernando Pezão. E Dilma não pode segurar a ânsia do senador Lindbergh Farias (PT), também candidato apoiado discretamente por Lula.

Até poucos meses atrás, Lula fazia jogo duplo, e era reticente ao lançamento de Lindbergh ao governo, para não melindrar Sérgio Cabral e jogá-lo no time de Aécio Neves (PSDB), de quem o pemedebista é muito próximo. Mas algo aconteceu, o guru falou. E quando o guru fala, Lula ouve.

Foi ideia do marqueteiro João Santana endossar o petista Lindberg. Em outras palavras, soltou esta para Dilma e Lula: o PT elegeu o primeiro operário presidente do País, elegeu a primeira mulher, e vai eleger o primeiro cara-pintada governador. Alusão a Lindbergh, que surgiu aos holofotes nacionais como presidente da UNE à época do governo Fernando Collor. Foi o suficiente para Lula se animar e liberar o pupilo.

A despeito da popularidade em baixa, Cabral ainda tem certo poder dentro do partido. Na segunda, o vice-presidente Michel Temer almoçou com ele e Pezão no Palácio das Laranjeiras. Temer levou o recado de apoio da presidente Dilma a Pezão durante a campanha, segundo contou o vice a este repórter.

A relação da presidente com o governador já foi melhor. Em Julho de 2012, Dilma e Cabral conversaram por mais de uma hora dentro do carro dela, na base aérea do Aeroporto do Galeão. Cabral saiu do automóvel crente de que seria ministro nessa virada de 2014. Mas apareceram suas ligações com Fernando Cavendish, da Delta, na CPI do Cachoeira. Revelaram-se as fotos das farras do governador em Paris e Monte Carlo, e as manifestações de Junho passado no Rio enterraram suas pretensões. Se hoje Dilma chamar Cabral para um café, ele saiu no lucro.

Um detalhe: no almoço no Rio, estreou como gente grande na cúpula do PMDB o primogênito de Cabral, Marco Antônio. Será candidato a deputado federal para honrar a prole e iniciar a hereditariedade política na família. Como divulgou a Coluna dia 1º de Dezembro de 2011, Marco Antônio fora visto em Outubro daquele ano se esbaldando com amigos na boate L’Arc, entre garrafas de Moët e Veuve Clicquot. Tudo bem, coisa de jovem, que pode pagar. A L’Arc é um dos point mais badalados de.. Paris.

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PMDB depena diretoria de indicado do PTB na Conab
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Leandro Mazzini

lineuvale

Lineu, o novo diretor da Conab, entre os aliados Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB, e o deputado Jovair (D). Foto: Site do parlamentar

Mais sobre a autofagia na colheita (de cargos) na poderosa Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um braço bilionário do Ministério da Agricultura, loteada para PMDB, PTB e PT.

Com a saída de João Carlos Bona Garcia – da cota pessoal da presidente Dilma – da Diretoria Financeira (DIAF), assume o indicado pela bancada do PTB de Goiás e Brasília, o engenheiro Lineu Olímpio.

Mas numa manobra da direção, o diretor Rogério Abdala, que assumiu interinamente a presidência por uma semana no fim do ano, angariou apoio do Conselho Administrativo da estatal e esvaziou a DIAF. Em suma, Lineu – nomeado dia 19 de Dezembro mas empossado agora – estreia como uma rainha da Inglaterra, o cargo sem poder.

Na manobra do organograma, o PMDB capturou das mãos do PTB a Superintendência de Fiscalização de Estoques (SUFIS) e a Superintendência de Administração (SUPAD). Elas passam da DIAF para a Diretoria de Gestão de Pessoas (DIGEP), sob controle do pemedebista Abdala.

Tudo vai ser oficializado amanhã, com aval do ministro da Agricultura, Antônio Andrade. Procurada, a assessoria da Conab informou que a transferência de superintendências “trata-se de uma proposta do presidente do Conselho de Administração da Companhia, Gerardo Fontelles, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”.

Os maiores padrinhos do novo diretor, o deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) e o senador Gim Argello (PTB-DF), ficaram descampados na lavoura política. As duas superintendências que permaneceriam no bojo petebista estão entre as mais importantes da estatal.

A SUFIS é responsável pelo controle de toda a produção comprada e armazenada pela Conab, em armazéns de todo o país. A SUPAD detém a negociação e a tutela dos contratos bilionários do seguro desses alimentos.

Bona Garcia, que deixou a diretoria, estava há meses pedindo para sair. Mal aparecia na Conab. Foi a presidente quem o segurou. Eles são amigos de longa data, de militância de guerrilha durante a ditadura. Lineu Olímpio, que estreia no cargo, é ex-prefeito de uma pequena cidade goiana.


Lula, Schumacher e a eleição de 2018
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Leandro Mazzini

Com mania de se comparar a ídolos mundiais, coisa do seu egocentrismo peculiar (a vaidade, aliás, é adereço de todos os poderosos), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repete isso a quem o provoca sobre uma eventual futura candidatura à Presidência: ‘Schumacher foi campeão sete vezes da Fórmula-1, e quando resolveu voltar (às pistas), foi um fracasso’. Contou um aliado próximo dele.

A infeliz comparação vem sendo citada pelo petista há meses para quem o pergunta sobre se substituiria Dilma Rousseff na cmpanha de 2014. Ela explica duas coisas: uma, Dilma sempre foi a candidata à reeleição; outra, Lula realmente teme não voltar a ser o Lula que foi, se vencer uma eleição. Chances fortes para isso, atualmente teria.

Hoje, algo inimaginável, o ex-piloto Michael Schumacher agoniza numa maca de hospital. Não por acidente automobilístico a 300 km por hora, mas após um tombo de esqui. Peça do destino. Diferentemente da política, onde cada passo, ou manobra numa condução de articulações é um plano de meta para quem sabe fazê-la. É o caso de Lula. Ele também sempre foi candidato desde que lançou Dilma Rousseff.

O trato era, contam à boca pequena petistas históricos: Você vai, Dilma, mas em 2014 sou eu. Fato é que, assim com Schumacher não contava com este tropeço físico, Lula não esperava a surpresa de um câncer. A doença, apesar de curada, o debilitou. E Dilma vai bem no campo social, o carro-chefe dessa era petista, embora a economia derrape nessa pista cheia de buracos.

De uma situação o PT não pode reclamar nessa indefinição do pós-2014: Lula já é maior que seu ego, ele pensa no partido e no projeto de poder petista. Se em 2018, independentemente do resultado deste ano, ele estiver bem de saúde, e vir que o PT corre sério risco de ser extirpado do Poder até por seus aliados, ele se candidata. A idade é um detalhe. E ainda se compara a outros que passaram em alta idade pelos palácios, como Nelson Mandela e Fidel Castro.

Lula é candidato em 2018 se não der certo seu projeto de fabricar um nome por São Paulo, como Alexandre Padilha ou Fernando Haddad, ou via Rio, com Lindbergh Farias. O ex só deu uma escapada para o pit stop, e dali assiste atento à corrida, como reserva de luxo. Mas nunca falará de seu projeto. Conta um expert: ‘Em política, você nunca vai ouvir a verdade de um candidato até a véspera da eleição’.

A frase para este repórter foi dita pelo ex-senador Luiz Estêvão. Deve entender muito bem o que diz, para quem é condenado à prisão, continua livre, feliz e bilionário.

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Aproximação de Geddel com ACM Neto irritou Dilma
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Leandro Mazzini

A demorada demissão de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) da vice-presidência da Caixa, a pedido dele, foi estratégia da presidente Dilma para neutralizá-lo politicamente no Estado e enfraquecer eventual aliança entre PMDB e DEM, o que prejudicaria o PT e Jaques Wagner, de saída.

Ela segurou o pedido de exoneração por meses após saber que o pemedebista se aproximou do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), para articular apoio na disputa ao governo baiano. Neto, porém, em primeiro mandato e com dezenas de programas federais para encher o cofre, colou em… Wagner e Dilma.

Geddel manda no partido na Bahia. ‘Não há outro projeto senão o governo’, ratificou para a Coluna há dias o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira (PMDB-BA).

Mas ACM Neto, bem avaliado na prefeitura, quer ressuscitar o ‘carlismo’ fundado pela era do avô, e pretende lançar para o palácio o ex-governador Paulo Souto (DEM).

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LUPA ESPLANADA

‘A medida foi tomada porque está em andamento um acordo com outras instituições’. Esta foi a mensagem seca enviada pela assessoria da Secretaria de Saúde do Governo do DF, após cancelamento de compra de aparelho de fisioterapia superfaturado em R$ 3,5 milhões, denúncia da Coluna. Com a resposta debilitada e na UTI, insistimos. ‘Está sendo feito estudo sobre possível parceria com instituições filantrópicas que oferecem ou possam oferecer o serviço. Como o projeto ainda não está pronto, não foi feito o chamamento de instituições’, respondeu ontem a Saúde do DF. Até hoje, porém, nada de cancelamento do contrato em publicação no Diário Oficial.

COFRE CHEIO  

Em dias normais, são poucas. Mas na noite festiva do Natal, 24, a PM do DF flagrou mais de 30 motoristas na blitz da Lei Seca apenas na orla do lago Paranoá no Pontão, reduto de restaurantes e festas, onde a turma deu selinho em taças. Vem aí dia 31.

 FERRO VELHO AIR

Vão para o ferro velho na Segunda-feira dezenas de caças franceses Mirage da FAB, cuja linha foi extinta e sem peças de reposição. Não há substitutos imediatos.

SUPREMA PIADA 

No país da piada, vem aí o concurso para vagas em Comunicação no STF. Na corte que derrubou o diploma, e onde o atual presidente manda repórter chafurdar na lama.

CONTRA-VENENO FEDERAL  

A falsificação de remédios no Brasil pode ter dias contados. Dilma sancionou lei que atribui a investigação à Polícia Federal, que possui as melhores equipes de laboratório de criminalística do país. O alvo será a venda pela internet. Vem operação aí. A lei é do senador Humberto Costa, ex-ministro da Saúde, e do deputado delegado Francischini. ‘A falsificação de medicamentos e a sua venda, inclusive pela internet, são crimes repugnantes contra a saúde pública’, frisa o delegado federal aposentado.

CONTA OUTRA 

Todo mundo viu, o povo, o fotógrafo de jornal, menos o Detran do RS. O motorista do carro em que Dilma Rousseff foi vista com netinho no colo, sem cadeirinha, não foi autuado porque ‘não houve multa por escrito e flagrante’.

EU, HEIM..  

‘Ninguém pode prender meus sonhos. O sonho de um Brasil livre da ditadura me levou à luta, à prisão e anos e anos longe de minha família e meu país’. Até parece mensagem de um Mandela Tupiniquim, mas é o cartão de Natal do José Dirceu, condenado por corrupção.

DOR DE CABEÇA

Para o governador de Alagoas, Teo Vilela (PSDB). Os policiais militares rejeitam acordo e a categoria pode entrar em greve em pleno verão nas belas praias do Estado.


Por financiamento privado, partidos manobram para driblar STF
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Leandro Mazzini

Uma disputa velada entre PT e PMDB ocorre paralela ao julgamento no STF da ADI que questiona a doação de empresas a partidos e candidatos para campanha.

O PT torce pelo financiamento público, porque será o maior beneficiado pelo tamanho da bancada.

Os outros partidos, capitaneados pelo PMDB, manobram para incluir emenda numa Proposta de Emenda Constitucional, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, cujo texto autorize a doação de empresas a políticos, a despeito da decisão do Supremo.

A primeira tentativa foi na quarta passada, sem sucesso, porque o PT derrubou a sessão.

O PMDB articula para colocar em votação na CCJ a PEC 344/13, de Mendonça Filho (DEM-PE), que restringe fundo partidário a legendas sem bancada no Congresso.

Os parlamentares da operação acreditam que, com a coalizão em prol do benefício geral, a despeito do PT, o Congresso consegue derrubar futura decisão do STF.

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TUDO PELO PT

Veja como a governadora Roseana Sarney (PMDB) amarra o PT com o PMDB como aliado para a disputa no Maranhão ano que vem. O partido tem três secretarias no governo, e o vice, o petista Washington Oliveira, acaba de ser indicado por ela – e aprovado na Assembleia – para conselheiro do TCE. Apesar do esforço do grupo dos Sarney, o opositor Flávio Dino (PCdoB), que disputará o palácio dos Leões, conta com simpatia de grande parte da militância petista e cresce nas pesquisas encomendadas pelos dois lados.

NO CHÃO E NO AR

Os pilotos da FAB torcem para que a prometida empresa nacional que será criada para desenvolvimento do caça Gripen use realmente a tecnologia tupiniquim, ‘para aproveitar o potencial multiplex aerodinâmico do modelo sueco’, diz comandante. ‘O Gripen tem maneabilidade para ataque ao solo, bombardeio longo, e pouso em pista menor. Isso atualiza parâmetros da função aérea de caça hoje’, complementa o piloto.

CHORA, BOEING  

A decepção do governo americano com escolha dos caças suecos passa apenas pela Boeing. Vários componentes do Gripen são americanos.

FRUSTRAÇÃO

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) solta o verbo. Diz que o mais frustrante no Senado este ano foram as propostas engavetadas pela Mesa Diretora. Como o caso de ‘sonegação de impostos da Globo’. Ele queria CPI, mas a emissora tem lobby forte. ‘A bancada não se reúne antes da votação no plenário. Acaba votando contra a vontade de senadores. E o pior, conforme o pedido da Casa Civil ou da presidenta em troca de manutenção de cargos. Isso acontece todos dias’, desabafa Requião. E não vai mudar.

EXCESSO DEMAGÓGICO

Em balanço de memória do senador Armando Monteiro (PTB-PE), ele classificou como um dos ‘excessos demagógicos’ a tentativa de financiar o passe livre para os estudantes com o dinheiro dos royalties do petróleo. Mas o povo deve voltar às ruas.

EXEMPLO DO TIO SAM

A presidente Dilma teve ideia da delegacia especializada para o torcedor ao saber do exemplo dos Estados Unidos para combater crimes. Lá essas delegacias são centenas, com salas dentro dos estádios. E não há confusão.

O OUTRO REI 

Fã do cantor Roberto Carlos, o ministro do Turismo revela que tentou convencer o rei a construir o seu museu em Cachoeiro do Itapemirim (ES). Supersticioso, RC não quis.


Na mira da CGU e PF, Conab vira um celeiro em chamas
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Leandro Mazzini

A Conab, alvo de operação da PF e sindicância da CGU, está prestes a ser alvo de outra incursão policial.

Com pente fino nas diretorias de Políticas Agrícolas e Financeira, o foco agora é o PEP – Prêmio para Escoamento de Produto, para aquisição de alimentos.

Não intimidados, enquanto isso PT, PMDB e PTB disputam a diretoria financeira, cargo de João Bona (PMDB). O senador Gim Argello quer emplacar Lineu Olímpio, de Goiás. Mas o PMDB apelou ao presidente da Câmara, Henrique Alves, para apadrinhar o atual procurador do órgão, Daniel Odon, pela cota do partido.

Bona Garcia é um ex-colega de cela de Dilma na ditadura, apadrinhado por ela e pelo ex-ministro da Agricultura Mendes Ribeiro. Aparece na Conab uma vez por semana.

A briga é esta: o presidente Rubens Santos (PTB) e o diretor Silvio Porto (PT), contra dois diretores do PMDB: Marcelo Melo e Rogério Abdala. Bona é indiferente.

O presidente da Conab é apadrinhado pelo líder do PTB, deputado Jovair Arantes, também de Goiás. A CGU passa a peneira no órgão e já encontrou irregularidades.

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GDF (em)PRESTANDO (a) CONTAS

Abandonado por partidos aliados, em baixa com a população, a situação do governador Agnello Queiroz (PT) é tão desesperadora no DF que ele abriu o cofre para tentar calar a mídia. Nomeou André Duda como operador e secretário de Comunicação. Querido das agências publicitárias desde a gestão Roriz – são elas quem nomeiam para o cargo – Duda reservou páginas de jornais e grandes espaços nas TVs, e comprou o silêncio de blogueiros e colunistas, com o ‘GDF prestando contas’. Nada mais que um cala-boca. A coluna procurou Duda ontem, sem retorno.

ASS(f)ALTO NOVO

Outro grande problema para Agnelo é o Asfalto Novo, chamado nas ruas de Ass(f)alto Novo: recapeamento desnecessário de pistas, para ajudar empreiteiras amigas.

AGONIA 

Agnelo agoniza eleitoralmente. As pesquisas contratadas por partidos alternam os líderes, mas uma coisa não muda: em todas elas, a alta rejeição ao petista.

OS SEM-LEI

A comando do Pastor Feliciano, contra os GLBT, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara também rejeitou, em parecer do Pastor Eurico, o PL 6297 /05, do ex-deputado Maurício Rands (PT-PE). É o que cria lei de pensão a parceiro homossexual de servidor federal. Hoje, só uma resolução do INSS prevê isso, avalizado pelo STF.  Ativistas GLBT prometem reocupar sala da Comissão de Feliciano depois do rolo compressor de Quarta passada. Vários projetos de direitos homossexuais foram arquivados. Vai cair na CCJ o projeto de decreto legislativo 871/13, de Arolde Oliveira (PSD-RJ), que susta a resolução 175 do CNJ, a que autoriza cartórios a oficializarem união homossexual. A CCJ tem perfil mais simpatizante dos movimentos gays.

DEPOIS DE DIRCEU 

Agora é a carteira da Ordem do condenado Roberto Jefferson na mira. O advogado gaúcho Wambert di Lorenzo entrou com pedido na OAB pelo cancelamento do registro.

MEMORIAL DO PODER

Antes bajuladores de José Dirceu, os ministros Gleisi Hoffmann, Paulo Bernardo, Gilberto Carvalho e o vice-presidente da Câmara André Vargas se recusaram a assinar carta de apoio ao detento. Dirceu está magoado, descobriu que tem aliados de ocasião. O caso de Dirceu remete à amargura da perda de Poder. Foi o que sentiu Fernando Collor tão logo renunciou. Após decolar do Planalto, ainda presidente, pediu ao piloto do helicóptero que sobrevoasse uma escola que construía. O piloto se recusou.

MAY DAY!

A coisa é tão séria para o senador Zezé Perrella (PDT-MG) que ele ligou de pronto Domingo para Antonio Carlos Castro, o famoso advogado Kakay. É um mistério que só a PF sabe a apreensão de 450kg de cocaína num helicóptero de Perrela no ES.

MOTOSSERRA POLÍTICA

Em prol do ‘progresso’, a prefeitura do Recife derrubou 12 árvores exóticas e macaíbas decanas numa via no Centro da cidade, para abrir caminho para o BRT da Copa. A população se revoltou. Segundo a assessoria, não havia outra opção. Numa praça no local, o ex-prefeito João da Costa plantou em 2011 macaíbas numa revitalização que custou R$ 320 mil, cuja obra também abrangeu o local das derrubadas.

PONTO FINAL

Protesto de cidadão em Caracas, com cartaz: ‘Estes castro-chavistas falam como Marx, governam como Stalin e vivem como Rockfeller’.