Coluna Esplanada

Arquivo : governo

Cúpula do PMDB defende coalizão, mas prepara rompimento com elegância
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Leandro Mazzini

Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses, é o porta-voz da mudança programática. Foto: ABr

Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses, é o porta-voz da mudança programática. Foto: ABr

Fundador da legenda, um dos expoentes do PMDB e maior conselheiro do vice-presidente Michel Temer, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Wellington Moreira Franco, entregou para o senador Romero Jucá (RR) a tarefa de redigir o programa de Governo do partido para 2018 e apresentá-lo no congresso da legenda em outubro.

Embora todos neguem aos holofotes, é o pontapé para o rompimento gradativo com o PT, com elegância e sem traumas – ao contrário do perfil de Eduardo Cunha (que, aliás, está agradando a todos: o partido precisa de um pitbul sem coleira).

“Temos programação com o objetivo de realizar o sonho grande da maioria dos militantes de eleger pelo voto secreto e direto o presidente da República”, adianta Moreira Franco.

Para isso, Moreira – ex-deputado e ex-governador do Rio – lança mão dos números que sustentam o PMDB como o maior partido do Brasil. São milhares de prefeitos e vereadores, cabos-eleitorais que podem fazer a diferença em 2018. O que não ocorreu até agora, desde Orestes Quércia, porque o partido decidiu se aliar a PSDB e depois PT. Mas em 2018, garante Moreira, será diferente.

Numa radiografia inédita do PMDB, Moreira Franco descobriu que o partido é forte na ponta, nas bases, mas não sabe transferir esse poder eleitoral para o cume. Traçou estratégia para 2016 que passa pela filiação de nomes de peso nas capitais e cidades com mais de 200 mil habitantes, para candidatos a vereador e prefeito. Aposta neste grupo para reforçar uma candidatura em 2018 ao Planalto. “Isso é fundamental para consolidar o projeto”.

Não fala em potenciais candidatos. “Cada dia com sua agonia. Lançar um nome agora significa queimá-lo”. Conota, nesta tese, que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, é um balão de ensaio. Hoje Paes é candidatíssimo ao Governo do Estado.

Moreira pesquisou também a atuação do PMDB nas redes sociais, e descobriu uma atuação lastimável. Vai investir pesado na internet para as duas próximas eleições. Acredita no poder da rede que atinge todas as classes e idades.

Porém como gritar pela independência do partido em 2018 sem melindrar o vice-presidente e manda-chuva Michel Temer, aliado máximo do PT e da presidente Dilma Rousseff? A grita do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é uma válvula de escape direcionada e bem desenhada. Não que essa guerra declarada dele tenha sido planejada, mas o respeito à decisão de Cunha passa pelo “espaço democrático” que o PMDB preza e que estará no novo estatuto.

“Cunha é militante, tem muita presença no partido, tem o ponto de vista pessoal dele. A democracia interna, o direito ao debate e ao contraditório só fortalece o partido”, encerra o conselheiro do partido.


Base cobra novo Governo e reforma ministerial
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Leandro Mazzini

Temer tem a difícil missão de convencer a presidente Dilma que sua base se esfacelou e precisa ser recriada. Foto: ABr

Temer tem a difícil missão de convencer a presidente Dilma que sua base se esfacelou e precisa ser recriada. Foto: ABr

O encontro dos líderes da base governista ontem com o vice-presidente Michel Temer foi apelidado de reunião do fim do mundo. Todos se viraram contra o PT e o Governo, até um inesperado PCdoB, maior aliado dos petistas. Temer ouviu um rosário de reclamações.

O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ) abriu a reunião falando em sistema exaurido, e o do PCdoB, Orlando Silva (SP), fechou citando ‘nova arquitetura’ e ‘recomeçar o jogo do zero’.

O recado da base foi claro: Dilma deve fazer uma reforma ministerial urgente. Temer prometeu levar à presidente e apresentar uma saída. No bojo das reclamações da base está a crise na economia e o ministério montado por Dilma: As emendas não são pagas, e os ministros são da cota dela, não das bancadas.

“Não há qualquer relação dos deputados e senadores com os ministros de seus partidos”, reclama um líder.

Surpreendendo a todos, o ministro de fato da Articulação, Eliseu Padilha (PMDB-RS), avisou que deixa o cargo se nada for “resolvido em 15 dias”.

Rogério Rosso, líder do PSD, foi o mais franco. Virou-se para Temer, na frente de todos, agradeceu seu empenho, mas soltou que “você não vai conseguir resolver isso”.

Michel Temer pediu alguns dias para conversar com a presidente Dilma.

 

 


Jantar no Rio vai selar PMDB na oposição e lançar Paes ao Planalto
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Leandro Mazzini

Paes: o anfitrião tomou a iniciativa de provocar o grito de independência. Foto: ABr

Paes: o anfitrião tomou a iniciativa de provocar o grito de independência. Foto: ABr

O PMDB não quer e não vai esperar o fim do Governo para desembarcar. Aproveitará a má fase do aliado PT e já pretende demarcar território com vistas à eleição presidencial daqui a três anos.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), convidou as bancadas do partido na Câmara e Senado para um jantar e passeio pelas obras da administração.

No jantar na Gávea Pequena, na próxima quinta (9), a turma vai saudá-lo como potencial candidato ao Planalto. Na sexta, a ‘press-trip’ peemedebista visita as obras do Porto Maravilha – a maior obra no Brasil do…PAC, financiado pela gestão do PT, iniciado no governo Lula e tocado pela gestão Dilma Rousseff.

O comboio de deputados e senadores também passará pela Vila Olímpica de Deodoro (Zona Oeste) e pelo Parque Olímpico em construção na Barra.

Embora Paes seja saudado como presidenciável, o movimento é mais partidário do que pessoal. Na verdade, o prefeito é candidatíssimo ao Governo do Estado.

Os entusiastas do projeto de independência do partido em relação ao PT e do pré-lançamento de Paes formam um poderoso trio da capital, dois deles com projeções em Brasília: A ideia, com o consentimento do prefeito, partiu dos Picciani – Jorge, o pai, presidente da Assembleia Legislativa; e Leonardo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados. E com o aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

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BALANÇO 

Mas o partido não está unido. Dos 72 deputados federais eleitos – 67 em exercício e cinco licenciados – alguns poucos ainda votam com o Governo e são fiéis ao Planalto. Caso, por exemplo, de Darcísio Perondi (PMDB-RS), que fez coro com o PT contra a redução da maioridade penal.

Entre os 17 senadores, pelo menos três são declaradamente apoiadores da presidente Dilma, mas nem tanto alinhados como no primeiro governo: Edison Lobão (MA), Eunício Oliveira (CE) e Roberto Requião (PR).


Dilma, mais abandonada, vê Lula tornar-se o maior opositor
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Leandro Mazzini

Lula com Dilma, na posse - Ele tenta mandar desde o primeiro mandato dela. Foto: ABr

Lula com Dilma, na posse – Ele tenta mandar desde o primeiro mandato dela. Foto: ABr

Não bastasse a bola nas costas dada pelo ex-presidente Lula, que assume publicamente o papel de maior opositor na tentativa de dela se descolar, a presidente Dilma Rousseff se vê abandonada pelo corpo diplomático – também mais ‘lulista’.

A maior prova se deu na última quarta-feira (24), quando os convidados notaram a ausência da cúpula do Itamaraty – e até de embaixadores e diplomatas de outros países importantes – no lançamento do Plano Nacional de Exportações. Metade das cadeiras vazias foi retirada do salão.

Lula se reuniu com a bancada do PT ontem à noite em Brasília, enquanto a presidente mantém agenda nos Estados Unidos. Aliados dizem que está inconsolável.

Não é de hoje que o ‘Brahma’ anda bravo. Na noite da vitória na eleição foi visto por empresário, no Palácio da Alvorada, saindo bufando do gabinete da inquilina.

O que aliados entendem da reclamação de Lula é algo que Dilma não pode entregar. Conota que ela deveria ter ingerência sobre o MPF e a PF na investigação da Lava Jato.


Para base e oposição, Michel Temer segura o País
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Leandro Mazzini

Dilma, Temer e Levy - o trio que manda no País hoje

Dilma, Temer e Levy – o trio que manda no País hoje

Em conversas no Congresso nesta quarta-feira, políticos da base e oposição chegaram à conclusão de que a presidente Dilma perdeu o controle do País, e que o vice Michel Temer assumiu papel importante na condução da articulação entre Poderes, e no diálogo para acalmar o empresariado.

Não bastasse o cenário, Dilma foi abandonada publicamente pelo ex-presidente Lula, que expõe as críticas a ela e à gestão. E é com Temer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem despachado mais – não só para tratar do ajuste fiscal.

Aliados dizem que Dilma está instável. Em evento recente citou que ‘comunga mandioca com milho’, e ‘estou saudando a mandioca’ como uma das maiores conquistas do Brasil.

O fator saúde ainda entrou na conversa. Para um médico parlamentar, a presidente pode estar com o emocional afetado. Há suspeita de que medicamentos para emagrecer causem distúrbios na presidente. Um deputado lembra o surto flagrado de Gilberto Kassab contra um ambulante, quando prefeito de São Paulo. Kassab culpara remédios para a dieta.


Em Minas, Pimentel não consegue ‘domar’ PMDB, que aposta em Quintão
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Leandro Mazzini

Pimentel - Ele quer petista, mas PMDB quer impor candidato na capital. Foto: ABr

Pimentel – Ele quer petista, mas PMDB quer impor candidato na capital. Foto: ABr

O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), faz um esforço tremendo para levar o PMDB de fato para sua base.

O partido controla a Assembleia Legislativa e tem dificultado a vida do petista. Ainda não se sente contemplado de fato na distribuição de poder no Governo. Em tempo, o vice-governador é o ex-deputado e ex-ministro da Agricultura Antonio Andrade.

Agora surge outra dor de cabeça para Pimentel, que pretende conquistar a capital que já administrou. Ele procura um candidato viável que seja do PT mas aceito pelo PMDB. O problema é que os peemedebistas querem lançar o deputado federal Leonardo Quintão – que se candidatou em 2008 e bateu na trave, no segundo turno derrotado pelo prefeito Marcio Lacerda.

 


Câmara quer investigar foguete que, no chão, mandou R$ 1 bi para o espaço
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Leandro Mazzini

A carcaça do Cyclone na Base de Alcântara - pestes a virar peça de museu, se não houver reviravolta no caso. Foto: defesanet.com.br

A carcaça do Cyclone na Base de Alcântara – pestes a virar peça de museu, se não houver reviravolta no caso. Foto: defesanet.com.br

Há décadas o Governo brasileiro tem a inquestionável mania de jogar dinheiro fora – mostram as sucessivas denúncias comprovadas de corrupção – mas também, de uns tempos para cá, de lançá-lo pelos ares, literalmente e sem retorno.

Após investir mais de US$ 1 bilhão no foguete Cyclone-4, que não saiu do chão, o Governo cancelou o programa, mas não formalizou ainda o fim da parceria com a Ucrânia, relata o deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG).

Membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o parlamentar apresentou requerimento de informações ao Itamaraty. Quer saber como andam as tratativas e se o Brasil ainda está pagando algo.

O ‘Tratado sobre Cooperação de Longo Prazo na Utilização do Veículo de Lançamentos Cyclone-4’, no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, foi acordo fechado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2003, com a criação da empresa binacional Alcântara Cyclone Space.

CO-IRMÃO FEZ SUBIDINHA

Em dezembro de 2013, o Governo se meteu em outra trapalhada espacial, e mandou R$ 300 milhões para o espaço – desta vez seria para o bem, mas não foi. O satélite sino-brasileiro, lançado na China para mapear desmatamento no Brasil, subiu suficientes 11 segundos para voltar à terra e se espatifar.

Notícia melhor, no entanto, decolou em dezembro do ano passado, quando enfim um modelo mais avançado – e eficaz – do satélite sino-brasileiro foi lançado, e desde então em órbita já mapeia os desmatamentos no Brasil.


Renan e Cunha vão manter proposta para sabatina de indicados a estatais
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Leandro Mazzini

Foto: Folha/UOL

Foto: Folha/UOL

Vem guerra na Praça dos Três Poderes.

Apesar de a presidente Dilma bater o pé, não haverá recuo no Congresso Nacional. Os presidentes do Senado e Câmara, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente, combinaram de manter na Lei de Responsabilidade das Estatais a obrigatoriedade de sabatina, pelo Senado, para diretores e presidentes indicados pela Presidência.

Dilma não concorda, já avisou que é uma prerrogativa da Presidência. Se passar, deve vetar o item na sanção.


‘Pedaladas’: PSDB aguarda TCU para pedir impeachment. PT fala em golpe
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Leandro Mazzini

Aécio - o maior interessado. Foto: tucano.org

Aécio – o maior interessado. Foto: tucano.org

As cúpulas do PSDB, DEM e PPS têm expectativa de que o Tribunal de Contas da União vá reprovar as contas da gestão da presidente Dilma Rousseff, a respeito das ‘pedaladas fiscais’ – manobra contábil que escondeu déficit. Esperam o resultado para apresentarem o pedido de impeachment da presidente.

Enquanto a oposição vê oportunidade legal para isso, no PT o clima é de cautela, mas fala-se em golpe.


No ostracismo, Sarney bate às portas com lista de apadrinhados
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Leandro Mazzini

Foto: Arquivo Ag Senado

Foto: Arquivo Ag Senado

Aposentado da política, mas não do Poder, o ex-senador José Sarney passa por situação vexaminosa para a estirpe dos ex-presidentes da República.

De posse de uma lista de nomes, telefona para ministros da Esplanada e para o Palácio do Planalto, solicita audiências e – nas que consegue – pede cargos para afilhados, na condição de cacique do PMDB. São aliados desempregados no Amapá e Maranhão, Estados que já foram seus redutos eleitorais.

De pequenas vagas, com salários de menos de R$ 1 mil, a uma superintendência de um banco estatal no Nordeste, o veterano distribui a lista sem titubear, mas constrange os petistas.

O caso foi tema de rodinha de ministros no Congresso Nacional do PT. Ninguém sabe o que fazer com Sarney. Primeiro, porque ele não tem mais ‘o que entregar’, sem mandato e sem o controle do governo do Maranhão. Segundo, porque todos sabem – e lembram veladamente – que ele votou em Aécio Neves para presidente da República ( TV o flagrou na urna), e não na aliada e vitoriosa presidente Dilma Rousseff.

O ex-senador continua a morar numa ampla casa no Lago Sul em Brasília, que o acolheu por anos; montou escritório na capital e transita por ministérios com as demandas.